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Vol. 33. Núm. 10.
Páginas 655-656 (outubro 2014)
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Páginas 655-656 (outubro 2014)
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O ecocardiograma transtorácico no diagnóstico de uma fístula coronária
Transthoracic echocardiography in the diagnosis of coronary fistula
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Inês Almeida
Autor para correspondência
inesalm@gmail.com

Autor para correspondência.
, Francisca Caetano, Joana Trigo, Paula Mota, António Leitão Marques
Serviço de Cardiologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Hospital Geral, Coimbra, Portugal
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Caso clínico

As fístulas coronárias são malformações raras, com uma incidência estimada <1% em estudos angiográficos. O diagnóstico é habitualmente realizado de forma incidental durante a coronariografia. A sua deteção por ecocardiograma é pouco divulgada, sendo o achado mais frequentemente relatado a dilatação das cavidades direitas, nos casos mais comuns em que a fístula drena diretamente nestas cavidades.

Mulher de 66 anos, com fibrilhação auricular permanente, admitida por cansaço para esforços moderados. Ao exame físico, detetou‐se sopro sistodiastólico no bordo esquerdo do esterno. Portadora de ecocardiograma transtorácico que mostrava cavidades cardíacas de dimensões normais, boa função biventricular e ausência de valvulopatias significativas. A coronariografia revelou coronárias sem lesões angiográficas, mas identificou fístula coronária de grande calibre com origem no segmento proximal da artéria descendente anterior e drenagem na artéria pulmonar (Figura 1), condicionando shunt esquerdo‐direito.

Figura 1.

Imagem angiográfica da fístula (seta amarela), com origem no segmento proximal da artéria descendente anterior e drenagem na artéria pulmonar; à esquerda, projeção cranial oblíqua direita; à direita, projeção de perfil.

(0.08MB).

Uma reavaliação ecocardiográfica em janela paraesternal permitiu detetar dilatação do tronco da artéria pulmonar (34mm), com preservação do tamanho das cavidades direitas. Com Doppler identificou‐se fluxo laminar contínuo a drenar no segmento proximal do tronco da artéria pulmonar, com predomínio diastólico e velocidade máxima 1,0m/s (Figura 2), que corresponde ao local de drenagem da fístula coronária. Em relação ao trajeto da artéria descendente anterior, visualizaram‐se zonas de fluxo turbulento que correspondem à ramificação da fístula a este nível (Figura 3). A pressão estimada da artéria pulmonar era 28mmHg e não se identificaram outras anomalias congénitas.

Figura 2.

Ecocardiograma transtorácico (plano paraesternal, eixo curto): à esquerda, com Doppler cor visualiza‐se fluxo laminar a drenar na região proximal do tronco da artéria pulmonar (seta amarela); observa‐se ainda pequeno fluxo de insuficiência pulmonar. À direita, Doppler contínuo revela que se trata de um fluxo sistodiastólico, com predomínio diastólico e com velocidade máxima de 1,0m/s.

(0.11MB).
Figura 3.

Ecocardiograma transtorácico (plano paraesternal, eixo curto): com Doppler cor aplicado ao trajeto do tronco comum/artéria descendente anterior visualizam‐se múltiplas regiões de fluxo turbulento, em relação com ramificação da fístula nesta localização.

(0.08MB).

Dada a presença de sintomas, decidiu‐se o seu encerramento percutâneo, contudo, sem sucesso, pelo que foi posteriormente submetida a laqueação cirúrgica da fístula.

Responsabilidades éticasProteção de pessoas e animais

Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Conflito de interesses

O autor declara não haver conflito de interesses.

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