A veia cava superior esquerda persistente (VCSEP) é a malformação venosa congénita torácica mais frequente e o seu diagnóstico costuma ser incidental. Casos clínicos demonstrativos de implantação de pacemakers de dupla câmara (DDD), cardioversores desfibrilhadores implantáveis e sistemas de ressincronização cardíaca através desse acesso venoso foram já descritos na literatura. Contudo, na grande maioria dos casos apresentados o posicionamento do eletrocater (ECT) ventricular direito (ECT‐VD) ficou restrito ao apéx do ventrículo direito (VD). Até ao momento estão descritos na literatura apenas quatro casos de posicionamento do ECT VD no trato de saída do VD através da VCSEP. Os autores apresentam o caso de uma doente do sexo feminino, de 79 anos, com diagnóstico de síncope e bloqueio de ramo esquerdo proposta para implantação de pacemaker DDD. Durante o procedimento obteve‐se acesso venoso pela veia cefálica esquerda, verificou‐se que o ECT progredia à esquerda da coluna vertebral, sugestivo da presença de VCSEP. Através desse acesso foi possível implantar sequencialmente o ECT‐VD no trato de saída do VD e o ECT auricular no apêndice auricular direito, ambos com sistema de fixação ativa (Figura 1).
Embora a VCSEP dificulte a implantação desse tipo de dispositivo cardíaco, não é fator limitante do ótimo posicionamento do ECT‐VD no trato de saída do VD, que, quando comparado ao pacing apical ventricular direito, os estudos demonstraram ser benéfico e estar associado a menos dessincronia ventricular, com QRS mais estreitos e maior débito cardíaco.
Conflitos de interesseOs autores declaram não haver conflitos de interesse.