Homem de 51 anos de idade, assintomático do ponto de vista cardiovascular, referenciado para realização de ressonância magnética cardíaca (RMC) para melhor caracterização de alterações observadas em exames prévios.

A RMC revelou dilatação biventricular e movimento anómalo do septo interventricular compatível com sobrecarga de volume. Nos planos axiais em balanced-steady state free precession (b-SSFP), observou-se veia anómala verticalmente orientada e lateral ao arco aórtico a comunicar com a veia inominada (Figura 1) e um seio coronário de dimensões normais.

Figura 1.

A. Plano axial (b-SSFP): seta azul: veia cava superior; seta amarela: veia inominada; seta branca: veia pulmonar anómala vertical. B. Plano axial (b-SSFP); seta azul: veia cava superior; seta vermelha: arco aórtico; seta branca: veia pulmonar anómala vertical.

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A partir da angiografia, procedeu-se à reconstrução tridimensional do coração e grandes vasos, observando-se uma veia pulmonar anómala vertical a drenar na veia inominada (Figuras 2 e 3) condicionando drenagem venosa pulmonar anómala parcial do lobo pulmonar superior esquerdo (Qp:Qs de 1.4:1).

Figura 2.

A. Angiografia (reconstrução tridimensional): projeção posterior do coração e grandes vasos; seta verde: veias pulmonares esquerdas; seta branca: veia pulmonar anómala vertical; seta amarela: veia inominada; seta azul: veia cava superior. B. Angiografia (reconstrução tridimensional): projeção lateral esquerda do coração e grandes vasos; seta branca: veia pulmonar anómala vertical.

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Figura 3.

A e B. Angiografia (em reconstrução multiplanar): seta azul: veia cava superior; seta amarela: veia inominada; seta branca: veia pulmonar anómala vertical; seta verde: veias pulmonares esquerdas.

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O retorno venoso pulmonar anómalo parcial (RVAP) é uma anomalia venosa, na qual algumas veias pulmonares drenam na aurícula direita, direta ou indiretamente através de uma veia sistémica. Tem uma incidência global de 0,5% e envolve mais frequentemente o pulmão direito. As veias anómalas do pulmão esquerdo drenam, geralmente, o lobo superior para a veia inominada. O RVAP condiciona shunt esquerdo-direito, porém, na maioria das vezes insignificante, não condicionando sintomas.

A sua deteção implica o despiste de outras anomalias congénitas e a determinação da sua importância funcional, sendo a RMC uma técnica particularmente útil neste sentido. Esta anomalia pode ter uma aparência imagiológica similar à da veia cava superior esquerda persistente, sendo a sua distinção clinicamente importante.