Informação da revista
Vol. 35. Núm. 6.
Páginas 351-358 (junho 2016)
Visitas
9150
Vol. 35. Núm. 6.
Páginas 351-358 (junho 2016)
Artigo Original
Open Access
Endocardite de dispositivos, revisão com base na experiência de um centro
Cardiac device infection: Review based in the experience of a single center
Visitas
9150
Andreia Fernandes
Autor para correspondência
andreiafvf@gmail.com

Autor para correspondência.
, Miryan Cassandra, Joana Trigo, José Nascimento, Maria Carmo Cachulo, Rui Providência, Marco Costa, Lino Gonçalves
Serviço de Cardiologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Hospital Geral, Coimbra, Portugal
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Resume
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Tabelas (4)
Tabela 1. Características da população
Tabela 2. Achados laboratoriais e ecocardiográficos
Tabela 3. Critérios de Duke modificados
Tabela 4. Critérios de Von Reyn
Mostrar maisMostrar menos
Resumo
Introdução

O número de infeções associadas com dispositivos cardíacos tem aumentado exponencialmente ao longo dos anos. Estas infeções associam‐se a elevada morbimortalidade. A sua epidemiologia na região centro do país não é conhecida.

Objetivo e métodos

Pretende‐se caracterizar a nossa população de doentes com infeções de dispositivo através dum estudo retrospetivo, incluindo 3158 doentes consecutivos que implantaram dispositivos no nosso centro, entre janeiro de 2008 e setembro de 2014, e realizar uma revisão do tema à luz do estado da arte.

Resultados

A taxa de infeção na nossa população foi de 1,48% (pacemakers 1,21%, desfibrilhadores e dispositivos de ressincronização 5,40%). A população inicial era constituída por 47 doentes. Tinham idade média de 65±19 anos e predomínio do género masculino (72,3%). Foram predominantemente infeções em pacemakers, após primeira implantação e com surgimento tardio. A apresentação clínica foi variada, apresentando‐se a maioria com febre e alterações inflamatórias locais. Identificaram‐se nas hemoculturas, predominantemente, microrganismos gram positivos. A antibioterapia empírica inicial realizada foi vancomicina associada a gentamicina em 57% dos casos; extração do dispositivo foi realizada em 72%. Durante o seguimento (32±22 meses) morreram oito doentes (17%), sete dos quais de causa cardiovascular (15%) e verificaram‐se sete reinternamentos por reinfeção (15%).

Conclusão

A taxa de infeção é baixa e semelhante a outras séries, sendo superior em desfibrilhadores e dispositivos de ressincronização. Após a admissão inicial para tratamento antibiótico±extração, o prognóstico foi bastante favorável.

Palavras‐chave:
Dispositivos cardíacos
Pacemakers
Cardiodesfibrilhador implantáveis
Dispositivos de ressincronização
Endocardite infeciosa
Abstract
Introduction

The incidence of cardiac implantable electronic device infections has increased significantly over the years and they are associated with significant morbidity and mortality. The epidemiology in the Central region of Portugal is not known.

Objective and methods

To characterize cardiac implantable electronic device infections through a retrospective study of 3158 patients admitted to our center between January 2008 and September 2014 and to review the subject in the light of the current state of the art.

Results

The infection rate was 1.48% (pacemakers 1.21%, cardiac defibrillator/resynchronization devices 5.40%). The study population consisted of 47 patients with a mean age of 65±19 years, predominantly male (72.3%). Infections were mainly of pacemakers, the main device implanted in our population (n=2954), and most occurred late after first implantation. Clinically, most patients presented with fever and local inflammation. Blood cultures identified mainly Gram‐positive microorganisms. Empiric antibiotic therapy with vancomycin was instituted in all patients, associated with gentamicin in 57%. The device was extracted in the majority of cases (72%). During follow‐up (32±22 months) eight patients died (17%), seven of cardiovascular cause (15%), and seven were readmitted with device infection (15%).

Conclusions

Our rate of infection was low, similar to other published series, with a higher rate in cardiac defibrillator/resynchronization devices. After standard treatment with antibiotic therapy and device extraction, the prognosis was good.

Keywords:
Cardiac device
Pacemakers
Cardiac defibrillator
Resynchronization device
Endocarditis
Texto Completo
Introdução

As infeções associadas aos dispositivos cardíacos (IADC) não valvulares – pacemakers e dispositivos de desfibrilhação (CDI)/ressincronização (CRT) – têm vindo a aumentar ao longo dos últimos anos1–3, constituindo cerca de 10% de todos os casos de endocardite4.

Esta patologia implica elevada morbilidade e mortalidade, podendo a mortalidade ser 8,4‐11,6 vezes superior, quando comparada com complicações não infeciosas destes dispositivos5,6.

A estratégia ideal no diagnóstico, tratamento e prevenção destas infeções é determinante para a sobrevida e diminuição do risco de reinfeção7.

Esta temática tem sido pouco estudada e apenas nos últimos anos começaram a ser debatidas as melhores estratégias. O conhecimento existente baseia‐se maioritariamente em estudos observacionais, não existindo ainda recomendações internacionais.

Os dados epidemiológicos sobre esta patologia são quase inexistentes em relação à realidade nacional e, em particular, relativamente à região centro do país. Este trabalho tem como objetivo fazer uma revisão à luz dos conhecimentos atuais e do estado da arte, tendo por base a experiência do nosso centro.

MétodosPopulação

Análise retrospetiva de 3158 doentes que implantaram dispositivo no nosso centro, entre janeiro de 2008 e setembro de 2014. Destes, 47 doentes (1,48%) foram internados com infeção de dispositivo. O diagnóstico de infeção foi estabelecido de acordo com os critérios modificados de Duke. Foi considerada a existência de infeções localizadas à loca e endocardite.

Características basais

Foram colhidas as seguintes características gerais da população: idade, género, tipo de dispositivo implantado, tipo de infeção, tipo de implantação – substituição ou primeira implantação –, apresentação clínica, fatores conhecidos como preditores de infeção – hipertensão arterial, diabetes mellitus, anticoagulação oral, imunossupressão, tabagismo, corticoterapia crónica, doença renal crónica, disfunção cardíaca severa, implantação prévia de pacemaker provisório, antibioterapia prévia à implantação e existência de hematoma após implantação.

Parâmetros laboratoriais e imagiológicos

Foram analisados parâmetros analíticos na admissão e evolução, os microrganismos isolados e dados do teste de sensibilidade antibiótica, e resultados do ecocardiograma transtorácico (ETT) e ecocardiograma transesofágico (ETE), quando realizados.

Abordagem terapêutica

Determinada a antibioterapia empírica inicial e se existiu alteração da mesma, após conhecimento do teste de sensibilidade antibiótica.

Avaliada a realização de extração de dispositivo, motivo para a não realização da mesma, a forma como foi realizada (via percutânea ou cirúrgica), a implantação de novo dispositivo e timing da mesma.

Seguimento clínico

Os doentes foram seguidos durante um período médio de 32±22meses (entre 10‐54 meses). Foram considerados como eventos no follow‐up reinternamento por infeção e mortalidade.

Avaliação estatística

Realizada através do programa SPSS® versão 20. As variáveis contínuas foram apresentadas sob a forma de média±desvio‐padrão e as variáveis categóricas expressas em frequência relativa.

ResultadosCaracterísticas basais

Os 47 doentes internados com infeção de dispositivo tinham idade média de 65±19 anos e predomínio do género masculino (72,3%, n=34).

Na maioria dos doentes, o dispositivo infetado foi um pacemaker (76,6%, n=36), seguindo‐se CDI (17%, n=8) e CRT (6,4%, n=3). A taxa de infeção foi significativamente superior em doentes com CDI/CRT (5,4%), em relação aos portadores de pacemaker (1,21%, p=0,04).

Em 16 doentes (34%) foi admitida infeção localizada à loca e, nos restantes 31 doentes (66%), o diagnóstico foi de endocardite de dispositivo.

Ocorreram maioritariamente um ano após a implantação, sendo por isso classificadas como tardias (70,2%, n=33), e após primeira implantação (63,3%, n=30). Em 38,3% (n=18) dos doentes existia história prévia de admissão por infeção de dispositivo.

A apresentação clínica foi variada. A maioria dos doentes apresentou‐se com alterações inflamatórias locais como rubor, calor e dor (76,6%, n=36), com erosão dos elétrodos através da pele (42,6%, n=20%). Febre surgiu em 59,6% dos doentes (n=28), com sintomas constitucionais gerais como mal‐estar, cansaço, astenia e anorexia em 25,5% (n=12). Três doentes (6%) foram admitidos por febre sem outro foco evidente, tendo o estudo complementar revelado tratar‐se de infeção associada com dispositivo.

Vários fatores considerados preditores de infeção foram identificados na nossa população: hipertensão (61,7%, n=29), diabetes (44,7%, n=21), anticoagulação oral (17%, n=8), tabagismo (10,6%, n=5), corticoterapia crónica (4,3%, n=2), doença renal crónica (8,5%, n=4) e disfunção cardíaca severa (21,3%, n=10). Em nenhum doente foi documentado hematoma após implantação, ou existência de pacemaker provisório prévio à implantação do sistema definitivo. Todos efetuaram profilaxia de infeção prévia à implantação com cefalosporina de 2.ª geração (Tabela 1).

Tabela 1.

Características da população

Taxa infeção  1,44% 
Pacemaker  1,29% 
CDI/CRT  2,44% 
Tipo de infeção
Tardias  70,2%/33
Primo‐implantação  63,3%/30
Infeção prévia  38,3%/18
Localizada à loca  72%/34
Endocardite  28%/13
Tipo de dispositivo
Pacemaker  76,6%/36
CDI  17%/8
CRT  6,4%/3
Apresentação clínica
Sinais inflamatórios locais  76,6%/36
Febre  59,6%/28
Extrusão pele  42,6%/20
Sintomas constitucionais  25,5%/12
Febre sem foco  6,4%/3
Eventos embólicos  4,3%/2
Fatores preditores de infeção
Realização de profilaxia antibiótica prévia à implantação  100% 
Hipertensão arterial  61,7%/29
Diabetes mellitus  44,7%/21
Disfunção cardíaca severa  21,3%/10
Anticoagulação oral  17%/8
Tabagismo  10,6%/5
Doença renal crónica  8,5%/4
Corticoterapia crónica  4,3%/2
Hematoma  0%/0
Pacemaker provisório  0%/0
Follow‐up
Mortalidade intrahospitalar  8,5%/4
Mortalidade no follow‐up  17%/8
Reinfeção  14,9%/7
Parâmetros laboratoriais e imagiológicos

Foram colhidas, pelo menos, duas hemoculturas em todos os doentes, com identificação de microrganismo em 57,4% (27Doentes [D]), maioritariamente gram positivos: Staphylococcus aureus (S. aureus [8D]), Staphylococcus epidermidis (S. epidermidis [13D]) e S. hominis (2D). Foram isolados gram negativos – Pseudomonas aeruginosa – em dois casos.

Avaliação ecocardiográfica foi realizada em 45 doentes, não tendo sido feito ecocardiograma em dois doentes com infeção da loca. Trinta e sete realizaram ETT, complementado com ETE em 12 casos. Foram identificadas vegetações em 29,8% dos doentes (14D). Envolvimento valvular concomitante foi documentado em oito dos casos, tratando‐se sempre de vegetações localizadas à válvula tricúspide (Tabela 2).

Tabela 2.

Achados laboratoriais e ecocardiográficos

Hemoculturas (n=47D, 100%)
Positivas  57,4%/27
Microorganismo isolado
Staphylococcus aureus  17,0%/8
Staphylococcus epidermidis  27,7%/13
Pseudomonas aeruginosa  8,5%/4
Resultados ecocardiograma (n=45D)
ETT  37
ETE  20
Vegetações nos eletrocateteres  29,8%/14
ETT  14
ETE  9
Atingimento valvular  17%/8
Abordagem terapêutica

No internamento, foi iniciada antibioterapia empírica com vancomicina em todos os doentes, associada com gentamicina em 57% (n=27) dada à evidência de quadro séptico mais grave. De acordo com teste de sensibilidade antibiótica, a antibioterapia foi descalada para vancomicina isolada nos doentes com infeção secundária a gram positivos e ciprofloxacina nos doentes com isolamento de P. aeruginosa.

A extração do dispositivo foi realizada em 72% (n=34), tendo‐se optado por tratamento médico isolado nos restantes 28% (n=13). Não foi efetuada remoção em seis doentes com endocardite e sete doentes com infeção da loca. A opção por terapêutica médica deveu‐se à evidência de infeção apenas localizada à loca e/ou existência de comorbilidades dos doentes. A extração foi feita por via cirúrgica em 14 doentes e via percutânea nos restantes casos.

Foi reimplantado dispositivo em 94% (n=32), não se tendo verificado indicação para a reimplantação nos restantes doentes. A reimplantação foi feita em todos os doentes nas primeiras 48h após extração (Tabela 1).

Seguimento clínico

Durante o internamento ocorreram quatro mortes (8,5%) e no follow‐up oito (17%). Do total, sete mortes foram secundárias a causa cardiovascular.

Ainda que não se tenham verificado diferenças estatisticamente significativas, verificou‐se uma tendência para maior mortalidade no internamento nos doentes com endocardite e nos doentes tratados sem remoção. Não se verificou esta tendência em relação à segunda mortalidade no internamento.

Verificaram‐se sete reinternamentos por reinfeção (14,9%), mais frequentemente nos doentes com endocardite.

Não se verificou relação entre o tipo de microrganismos e mortalidade e reinternamento.

DiscussãoCaracterísticas basais

Ao longo dos anos, tem‐se verificado um aumento exponencial do número de dispositivos implantados, acompanhado por um aumento significativo do número de infeções7,8. Este aumento condiciona elevada morbimortalidade, assim como importantes custos9, e deve‐se ao aumento exponencial do número de dispositivos implantados, à implantação de dispositivos mais complexos, maior número de substituições de gerador e a uma população‐alvo de doentes mais idosos com múltiplas comorbilidades associadas7.

A taxa de infeção de IADC na nossa população foi sobreponível à reportada nos vários estudos publicados, que referem uma taxa variável entre 0,13‐19,9% em pacemakers e 0,0‐3,2% em CDI/CRT8,10–13, mais elevada nos dispositivos de maior complexidade (dupla câmara, gerador de maiores dimensões, maior número de elétrodos, dispositivos mais complexos que implicam tempo de implantação mais prolongado).

A infeção pode apresentar‐se apenas com envolvimento da loca ou como infeção sistémica, com ou sem endocardite do eletrocateter ou valvular14–16. A infeção localizada à loca pode surgir durante a implantação como consequência da manipulação da loca ou se o gerador/elétrodos erodem através da pele. A infeção pode disseminar‐se às estruturas a jusante através do elétrodo, ou surgir através de disseminação hematogénea a partir dum local à distância, ou manifestar‐se apenas como bacteriemia isolada6,11,17.

As infeções que surgem no primeiro ano após implantação devem‐se a provável contaminação durante o procedimento (precoces), enquanto as infeções que surgem após este período se devem a contaminação externa (tardias)10. A definição de precoce ou tardia é variável, existindo alguns centros que definem como tardia após seis semanas ou três meses de implantação11. A importância da data da primeira implantação, em relação ao surgimento da infeção, não se deve apenas ao mecanismo etiológico mais provável, mas também a previsão da maior facilidade na extração do dispositivo11. A contaminação da loca durante a implantação é mais comum com a reintervenção e sendo, por isso, as infeções mais frequentes após revisão8, o que não se verificou na nossa série.

A apresentação clínica é variável, o que torna o diagnóstico mais difícil de estabelecer, sendo muito importante a suspeita clínica. Na nossa população a maioria dos doentes tinha alterações no local de implantação, assim como febre. Além dos sinais inflamatórios no local da loca ou erosão com exposição do gerador/elétrodos, os doentes podem também apresentar‐se com sintomas inespecíficos como cansaço, anorexia, febre, calafrios e outros sintomas constitucionais. Alguns casos são diagnosticados após existência de febre sem outro foco num doente portador de dispositivo. Mais raramente, podem surgir embolismo pulmonar ou sistémico, artralgias, espondilite, abcessos pulmonares, derrame pleural11,2.

Analiticamente, surgem alterações relacionadas com processo inflamatório sistémico, como alterações da fórmula leucocitária, elevação da proteína C reativa, elevação da velocidade de sedimentação2.

Na literatura são referenciados vários fatores de risco para o desenvolvimento de infeção, muitos deles encontrados na nossa população. Destacam‐se diabetes e hipertensão, doença renal crónica, com particular risco nos doentes em hemodiálise, corticoterapia crónica, neoplasia ativa e imunossupressão, anticoagulação oral, insuficiência cardíaca com disfunção sistólica do ventrículo esquerdo, a necessidade de reintervenção, muito frequentemente secundária à existência de hematomas ou deslocamento dos electrocatéteres ou necessidade de substituição do dispositivo, tempos mais prolongados de implantação e dispositivos mais complexos, implantados via abdominal/toracotomia, falha na administração da profilaxia, febre nas 24h prévias e a expertise do médico18–21. Para reduzir o risco de infeção, idealmente, estes fatores de risco devem ser controlados. Um dos exemplos de eficácia é a realização de profilaxia antibiótica prévia à implantação22. Vários estudos observacionais documentaram a redução das IADC para menos de metade nos doentes em que foi administrada uma dose única de antibiótico no pré‐operatório20,21. Estes dados são corroborados por uma meta‐análise23 e pelos resultados dum estudo aleatorizado no qual o uso de cefazolina reduziu, aos oito meses, de 3,28 para 0,64% (p=0,016) a existência de IADC24. O regime de antibioterapia ideal não é unânime, assim como a sua duração. A escolha deverá depender da existência local de Estafilococus meticilino‐resistentes. Não parece existir benefício na manutenção da antibioterapia além da primeira dose, assim como na instilação na loca após a implantação de antissépticos e antibióticos25–28.

Parâmetros laboratoriais e imagiológicos

Devem ser colhidas pelo menos duas hemoculturas, idealmente previamente ao início de antibioterapia. As mais recentes recomendações do Reino Unido recomendam três hemoculturas colhidas num período de 6h, a menos que verifique septicemia grave, devendo nesse caso ser colhidas duas hemoculturas num período de 1h28. Devem ser novamente colhidas 48‐72h após a extração28. Habitualmente, são menos frequentemente positivas que nos casos de endocardite valvular; no entanto, na literatura são reportadas positivas em 80‐100% dos doentes com endocardite associada a pacemakers. Na nossa população foram colhidas, pelo menos, duas hemoculturas em todos os doentes e isolados microrganismos em 57% dos casos. A baixa taxa de positividade provavelmente relaciona‐se com a colheita após antibioterapia prévia e, numa percentagem pequena de casos, poderá dever‐se a microrganismos de crescimento lento. Além da cultura habitual em meio aeróbio e anaeróbio, deverá ser realizada cultura para microrganismos fastidiosos, fungos e micobactérias29, o que não foi realizado no nosso centro.

Quando existe atingimento da loca com erosão através da pele, deve‐se enviar material da loca para cultura, estando contraindicada a aspiração da loca se não existir solução de continuidade13.

A realização de cultura dos elétrodos removidos permite o diagnóstico etiológico na maioria dos casos, devendo, por isso, ser mandatário após a extração. A manipulação deve ser estéril, com rápido envio do material para o laboratório. Tal como se verificou na nossa população. São infeções maioritariamente monomicrobianas13,30, envolvendo microrganismos Staphylococcus coagulase‐negativos como S. epidermidis e S. aureus. Apenas 10‐30% das infeções são secundárias a outros microrganismos gram positivos como Enterococus e Estreptococus, espécies de Corynebacterium e Propionibacterium acnes, bactérias gram negativos como Enterobacterias e Pseudomonas, e microrganismos atípicos como espécies de Nocardia, fungos como Candida e Aspergillus e micobactérias12,31. O aumento do número de infeções por microrganismos multirresistentes indicia o meio hospitalar como o local de aquisição da infeção.

As infeções por S. aureus são mais graves, condicionando maior mortalidade32, enquanto as infeções por outros microrganismos são menos agressivas e com menor mortalidade (9 versus 4%)31.

A radiografia do tórax pode documentar infeção pulmonar associada, abcesso pulmonar, derrame pleural.

O ecocardiograma desempenha um papel fulcral no diagnóstico das IADC33, permitindo a deteção e avaliação de vegetações. Estas podem ser localizadas ao eletrocateter, válvula tricúspide, endocárdio e restantes válvulas. Nem sempre as vegetações surgem como massas apensas às estruturas, podendo surgir apenas com imagens filiformes ou espessamentos localizados ao eletrocateter, tornando o seu diagnóstico mais complexo.

O ETT tem baixa sensibilidade e valor preditivo negativo para a deteção de vegetações em dispositivos cardíacos, enquanto o ETE tem maior especificidade e sensibilidade11. Ambas as modalidades são complementares, devendo ser utilizadas com vista a uma avaliação global33.

A presença de reverberações secundárias aos ecos do elétrodos, a localização atípica das vegetações e uma pobre janela acústica podem condicionar resultados falsos negativos, pelo que nem sempre a inexistência de vegetações visíveis exclui IADC, devendo o ETE, se mantida a suspeita clínica, ser repetido ao fim de sete dias33.

A avaliação ecocardiográfica deve também ser realizada após a extração do dispositivo, para excluir a existência de vegetações residuais e realizar uma avaliação cuidada do ventrículo direito, válvula tricúspide, aurícula direita e veia cava superior29.

A interpretação das imagens obtidas por ecocardiografia deve ser feita de forma ponderada e associada com a informação clínica existente. O achado acidental de pequenas massas aderentes aos elétrodos deve ser ponderado no diagnóstico, uma vez que estas podem ser apenas tecido fibroso ou trombo e não vegetações13.

Em dois dos doentes com infeção da loca não foi realizada avaliação ecocardiográfica, o que se deve possivelmente a uma inexistência, nos anos iniciais, de protocolos bem estabelecidos de todos os exames complementares a ser realizados de forma mandatória.

Outras modalidades de imagem poderão ser utilizadas como auxiliares de diagnóstico, como a cintigrafia com leucócitos marcados Tc99m, permitindo em casos dúbios verificar a captação deste marcador em áreas de infeção. Também a utilização de PET (18F‐FDG) foi considerada como útil no diagnóstico de doentes com IADC; no entanto, a experiência com estes métodos é limitada, sendo necessários mais estudos que o comprovem34,35.

A suspeita de embolismo pulmonar deverá ser confirmada com angio‐TC torácica ou cintigrafia de ventilação‐perfusão.

De forma a estandardizar o diagnóstico e uma vez que se verificou que os critérios de Duke eram pouco sensíveis, foram estabelecidos os critérios de Duke modificados, passando estes a incluir sinais locais de infeção e embolismo pulmonar como critérios major29 (Tabela 3).

Tabela 3.

Critérios de Duke modificados

1. Endocardite definitiva 
Critérios patológicos: 
Microorganismos isolados por cultura/histologia em vegetações cardíacas, vegetações embolizadas ou abcessos 
Microorganismos isolados na cultura da ponta do eletrocatéter 
Critérios clínicos: 2major ou 1major e 3minor ou 5minor 
Major
Hemoculturas positivas 
Microrganismos típicos em duas hemoculturas separadas 
Microrganismos consistentes com endocardite em hemoculturas separadas por mais de 12
Três hemoculturas ou a maior parte de quatro, sendo a primeira e últimas separadas por, pelo menos, 1
Evidência de envolvimento endocárdico 
Vegetações no ecocardiograma 
Massas oscilantes intracardíacas ao nível dos eletrocateteres ou no endocárdio em contacto com os eletrocateteres 
Abcesso em contacto com eletrocateteres 
Minor 
Febre (>38°C) 
Fenómenos vasculares 
Fenómenos imunológicos 
Imagens no ecocardiograma sugestivas de endocardite 
Hemoculturas positivas não cumprindo critérios major 
2. Endocardite possível, critérios intermédios 
Endocardite rejeitada 
3. Outro diagnóstico mais provável 
Resolução da clínica <=4 dias de antibiótico 
Sem evidência de endocardite em cirúrgica/autópsia após <=4 dias de antibiótico 

Previamente ao estabelecimento dos critérios de Duke modificados, alguns autores propuseram o uso de alguns critérios como os critérios de Von Reyn modificados, ou os critérios estabelecidos por Chamis11 (Tabela 4).

Tabela 4.

Critérios de Von Reyn

Diagnóstico definitivo 
Isolamento de microrganismo em histologia/bacteriologia de vegetação/êmbolo periférico 
2. Diagnóstico provável 
2 hemoculturas mais um dos seguintes: 
Sopro de regurgitação de novo 
Doença cardíaca prévia (congénita ou adquirida) 
2 hemoculturas positivas+febre+sopro de novo+fenómenos vasculares 
3. Diagnóstico possível 
2 hemoculturas mais um dos seguintes: 
Fenómenos vasculares 
Doença cardíaca prévia (congénita ou adquirida) 
2 hemoculturas positivas+febre+doença cardíaca prévia+fenómenos vasculares 
Se endocardite por Streptococci viridans:2 hemoculturas positivas sem outro foco possível 
4. Diagnóstico rejeitado 
Outro diagnóstico 
Endocardite com culturas negativas 
Abordagem terapêutica

O tratamento com antibiótico deve ser iniciado precocemente. Tendo em consideração os conhecimentos existentes sobre os agentes causais envolvidos, é recomendada cobertura antibiótica para gram positivos meticilino‐resistentes, sendo a vancomicina o antibiótico mais usado. Em doentes com critérios de sépsis deve ser associada cobertura para gram negativos. Após conhecimento dos microrganismos envolvidos, a terapêutica deve ser descalada13.

A duração do curso de antibioterapia é variável. Após a extração, a duração poderá variar entre duas semanas nas infeções localizadas à loca e 4‐6 semanas quando existir endocardite confirmada, especialmente se as hemoculturas se mantiverem persistentemente positivas após a extração13.

O tratamento com antibioterapia isolada condiciona reinfeção frequente e maior mortalidade36. Vários estudos apontam para que nos casos de bacteriemia por S. aureus, mesmo na ausência de infeção de dispositivo visível, o risco é muito elevado devendo por isso ser feita a remoção do mesmo12,32. No caso de bacteriemia por microrganismos gram negativos, o risco de atingimento do dispositivo parece ser baixo, não estando por isso preconizada a extração obrigatório do mesmo, exceto na existência de reinfeção após tratamento antibiótico adequado12,36.

Associadamente com a terapêutica antibiótica, faz parte do tratamento a remoção completa do dispositivo, independentemente da extensão da infeção. Apenas é referido como exceção, em algumas recomendações, o tratamento isolado com antibiótico ativo contra estafilococos, durante 8‐10 dias no caso de infeções superficiais localizadas ao local de incisão, na existência comprovada de infeção do dispositivo12. A terapêutica conservadora é frequentemente ineficaz e associada com elevada taxa de mortalidade que pode variar entre 31‐66%, por oposição a 13‐21% nos casos de tratamento combinado6,37. A remoção do dispositivo deve ser realizada precocemente, ao invés de se manter um período prévio de antibioterapia.

Na nossa população optou‐se por não fazer extração dos dispositivos em alguns doentes com infeção localizada à loca e nos doentes com elevado número de comorbilidades. Até à data, não existiram reinternamentos por reinfeção, no entanto, verificou‐se uma tendência para maior mortalidade intra‐hospitalar nos doentes que não fizeram extração.

No caso das infeções tardias, o procedimento é mais difícil e com maior risco de complicações, uma vez que existe maior tecido fibroso e colagénio formados11.

Reimplantação de um novo dispositivo

A reimplantação dum novo dispositivo não deve ser uma decisão adquirida, mas antes ser reavaliada a indicação primária para implantação do mesmo. De acordo com a literatura, cerca de um terço dos dispositivos não têm indicação para substituição aquando do diagnóstico da IADC13. Quando a reimplantação é mandatória, esta deverá ser feita no lado contralateral ou por via epicárdica. Não existem ensaios aleatorizados sobre qual o momento para reimplantação, sendo a decisão tomada em função do tipo de infeção, presença de hemoculturas positivas, microrganismos envolvido. Doentes sem evidência de endocardite com hemoculturas positivas podem ser reimplantados após 72h da extração, se as hemoculturas se mantiverem negativas. Na presença de infeção valvular, a reimplantação deverá ser realizada 14 dias após as primeiras hemoculturas negativas após a extracção13. Os doentes que estão dependentes de pacing apresentam‐se como um verdadeiro desafio em relação à abordagem de extração. A implantação dum sistema de pacing provisório permite completar o período de antibioterapia, diminuindo o risco de infeção do novo sistema, no entanto, a taxa de complicações como deslocamento, ou infeção do elétrodo provisório e perfuração do ventrículo direito é importante38. Como alternativa existe a implantação dum novo sistema convencional no mesmo tempo ou a implantação dum sistema epicárdico. Uma nova abordagem, cada vez mais disseminada e que permite uma ponte de cerca de 10‐15 dias para antibioterapia até à implantação de um novo dispositivo, consiste na implantação de um elétrodo de fixação ativa através da jugular que fica suturado à pele e ligado a um gerador VVI, colocado numa bolsa de material irrigado em antibiótico coberto com penso plástico na pele39.

Seguimento

A mortalidade na nossa série é semelhante à referida na literatura: intra‐hospitalar entre 4‐10% e no primeiro ano entre 15‐20%13. No primeiro ano, esta é superior no caso de infeções associadas aos cuidados de saúde, infeções por estafilococos multirresistentes6, atingimento valvular concomitante e realização de tratamento médico isolado2.

Áreas de incerteza

Tal como já referido, são necessários estudos aleatorizados que permitam determinar qual a melhor forma de abordar várias questões, como a duração da antibioterapia, qual o melhor timing para reimplantação do dispositivo e qual a antibioterapia profilática a ser utilizada e durante que período de tempo.

São também necessários mais estudos em doentes com hemoculturas positivas, mas sem outras evidências de endocardite, de forma a uniformizar o seu tratamento.

É também necessário estabelecer o papel dos leadless pacemakers, assim como do CDI subcutâneo, dado que os resultados apontam para uma menor taxa de infeções associadas com estes dispositivos.

Limitações

Série envolvendo um único centro.

Follow‐up curto.

A colheita de material durante a extração não foi realizado por sistema.

Não foi realizado ETT a todos os doentes.

Não foi realizada extração em todos os doentes com indicação.

Conclusão

As infeções de dispositivo são uma complicação séria e, por vezes, mortal. Apesar das recomendações existentes a abordagem não é ainda uniforme, mesmo em centros de grande volume de casos, particularmente em relação com a realização e tipo de profilaxia realizados antes do procedimento e em relação ao tratamento das infeções diagnosticadas23. Protocolos para o diagnóstico e tratamento das mesmas são necessários.

No nosso centro, a taxa de infeções foi semelhante à reportada na literatura. Foram, maioritariamente, infeções tardias em pacemakers. A apresentação clínica foi variável e, na maioria dos casos, foram isolados gram positivos. No follow‐up não se verificaram reinternamentos ou morte relacionadas.

Responsabilidades éticasProteção de pessoas e animais

Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram ter seguido os protocolos do seu centro de trabalho acerca da publicação dos dados de pacientes.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Bibliografia
[1]
A.J. Greenspon, J.D. Patel, E. Lau, et al.
16‐year trends in the infection burden for pacemakers and implantable cardioverter‐defibrillators in the United States.
J Am Coll Cardiol., 58 (2011), pp. 1001-1006
[2]
E. Athan, V.H. Chu, P. Tattevin, et al.
Clinical characteristics and outcome of infective endocarditis involving implantable cardiac devices.
JAMA., 307 (2012), pp. 1727-1735
[3]
Cunningham D, Charles R, Cunningham M, et al. Cardiac Rhythm Management: UK National Clinical Audit 2010. 2011 [consultado 28 Ago 2015]. Disponível em: http://www.hqip.org.uk/assets/NCAPOP‐Library/CRM‐2011‐National‐Clinical‐Audit‐Report‐2010.pdf
[4]
D.R. Murdoch, G.R. Corey, B. Hoen, et al.
Clinical presentation, etiology, and outcome of infective endocarditis in the 21st century: the International Collaboration on Endocarditis‐Prospective Cohort Study.
Arch Intern Med., 169 (2009), pp. 463-473
[5]
Y. Rodriguez, J. Garisto, R.G. Carrillo.
Management of cardiac device‐related infections: A review of protocol‐driven care.
Int J Cardiol., 166 (2013), pp. 55-60
[6]
J.C. Deharo, A. Quatre, J. Mancini, et al.
Long‐term outcomes following infection of cardiac implantable electronic devices: a prospective matched cohort study.
[7]
F. Victor, C. de Place, C. Camus, et al.
Pacemaker lead infection: echocardiographic features, management, and outcome.
Heart., 81 (1999), pp. 82-87
[8]
T. Kleemann, T. Becker, M. Strauss, et al.
Prevalence of bacterial colonization of generator pockets in implantable cardioverter defibrillator patients without signs of infection undergoing generator replacement or lead revision.
Europace., 12 (2010), pp. 58-63
[9]
J.M. Prutkin, M.R. Reynolds, H. Bao, et al.
Rates of and factors associated with infection in 200 909 Medicare implantable cardioverter‐defibrillator implants: results from the national cardiovascular data registry.
Circulation., 130 (2014), pp. 1037-1043
[10]
C. Romeyer-Bouchard, A. Costa, V. Dauphinot, et al.
Prevalence and risk factors related to infections of cardiac resynchronization therapy devices.
Eur Heart J., 31 (2010), pp. 203-210
[11]
S. Edelstein, M. Yahalom.
Cardiac device‐related endocarditis: Epidemiology, pathogenesis, diagnosis and treatment–a review.
Int J angiol., 18 (2009), pp. 167-172
[12]
L.M. Baddour, A.E. Epstein, C.C. Ericksonet, et al.
Update on cardiovascular implantable electronic device infections and their management: a scientific statement from the American Heart Association.
Circulation., 121 (2010), pp. 458-477
[13]
K.G. Tarakji, B.L. Wilkoff.
How to diagnose and manage patients with cardiac implantable electronic device infections.
J Arrhythm, 6 (2013), pp. 320-324
[14]
A.J. Greenspon, J.M. Prutkin, M.H. Sohail, et al.
Timing of the most recent device procedure influences the clinical outcome of lead‐associated endocarditis. Results of the MEDIC (Multicenter Electrophysiologic Device Infection Cohort).
J Am Coll Cardiol., 29 (2012), pp. 681-687
[15]
A.S. Dababneh, M.R. Sohail.
Cardiovascular implantable electronic device infection: A stepwise approach to diagnosis and management.
Cleve Clin J Med., 8 (2011), pp. 529-537
[16]
P. Palmisano, M. Accogli, M. Zaccaria, et al.
Rate, causes, and impact on patient outcome of implantable device complications requiring surgical revision: large population survey from two centres in Italy.
Europace., 15 (2013), pp. 531-540
[17]
M. Koutentakis, S. Siminelakis, P. Korantzopoulos, et al.
Surgical management of cardiac implantable electronic device infections.
J Thorac Dis., 11 (2014), pp. 173-179
[18]
T.S. Baman, S.K. Gupta, J.A. Valle, et al.
Risk factors for mortality in patients with cardiac device‐related infection.
Circ Arrhythm Electrophysiol., 2 (2009), pp. 129-134
[19]
J.C. Lekkerkerker, C. van Nieuwkoop, S.A. Trines, et al.
Risk factors and time delay associated with cardiac device infections: Leiden Device Registry.
Heart., 95 (2009), pp. 715-720
[20]
M.R. Sohail, D.Z. Uslan, A.H. Khan, et al.
Risk factor analysis of permanent pacemaker infection.
Clin Infect Dis., 45 (2007), pp. 166-173
[21]
D. Klug, M. Balde, D. Pavin, et al.
Risk factors related to infections of implanted pacemakers and cardioverter‐defibrillators: results of a large prospective study.
Circulation., 116 (2007), pp. 1349-1355
[22]
M.F. Muers, A.G. Arnold, P. Sleight.
Prophylactic antibiotics for cardiac pacemaker implantation. A prospective trial.
Br Heart J., 46 (1981), pp. 539-544
[23]
A. Da Costa, G. Kirkorian, M. Cucherat, et al.
Antibiotic prophylaxis for permanent pacemaker implantation: a meta‐analysis.
Circulation., 97 (1998), pp. 1796-1801
[24]
J.C. De Oliveira, M. Martinelli, S.A. Nishioka, et al.
Efficacy of antibiotic prophylaxis before the implantation of pacemakers and cardioverter‐defibrillators: results of a large, prospective, randomized, double‐blinded, placebo‐controlled trial.
Circ Arrhythm Electrophysiol., 2 (2009), pp. 29-34
[25]
G. Bluhm, R. Nordlander, U. Ransjo, et al.
Antibiotic prophylaxis in pacemaker surgery: a prospective double blind trial with systemic administration of antibiotic versus placebo at implantation of cardiac pacemakers.
Pacing Clin Electrophysiol., 9 (1986), pp. 720-726
[26]
R. Darouiche, M. Mosier, J. Voigt.
Antibiotics and antiseptics to prevent infection in cardiac rhythm management device implantation surgery.
Pacing Clin Electrophysiol., 35 (2012), pp. 1348-1360
[27]
R.O. Darouiche, M.J. Wall, K.M.F. Itani, et al.
Chlorhexidine–alcohol versus povidone–iodine for surgical‐site antisepsis.
N Engl J Med., 362 (2010), pp. 18-26
[28]
J.A. Sandoe, G. Barlow, J.B. Chambers, et al.
Guidelines for the diagnosis, prevention and management of implantable cardiac electronic device infection. Report of a joint Working Party project on behalf of the British Society for Antimicrobial Chemotherapy (BSAC, host organization), British Heart Rhythm Society (BHRS), British Cardiovascular Society (BCS), British Heart Valve Society (BHVS) and British Society for Echocardiography (BSE).
J Antimicrob Chemother., 70 (2015), pp. 325-359
[29]
A. Falace, S.T.M. Gerber, M.H. Gewitz, et al.
Nonvalvular cardiovascular device related infections.
Circulation., 108 (2003), pp. 2015-2031
[30]
M.G. Bongiorni, C. Tascini, E. Tagliaferri, et al.
Microbiology of cardiac implantable electronic device infections.
Europace., 14 (2012), pp. 1334-1339
[31]
G.M. Viola, L.L. Awan, R.O. Darouiche.
Nonstaphylococcal infections of cardiac implantable electronic devices.
Circulation., 121 (2010), pp. 2085-2091
[32]
K.Y. Le, M.R. Sohail, P.A. Friedman, et al.
Clinical features and outcomes of cardiovascular implantable electronic device infections due to staphylococcal species.
Am J Cardiol., 110 (2012), pp. 1143-1149
[33]
G. Habib, L. Badano, C. Tribouilloy, et al.
Recommendations for the practice of echocardiography in infective endocarditis.
Eur J Echocardiogr., 11 (2010), pp. 202-219
[34]
J.F. Sarrazin, F. Philippon, M. Tessier, et al.
Usefulness of fluorine‐18 positron emission tomography/computed tomography for identification of cardiovascular implantable electronic device infections.
J Am Coll Cardiol., 59 (2012), pp. 1616-1625
[35]
J.C. Nielsen, J.C. Gerdes, N. Varma.
Infected cardiac‐implantable electronic devices: prevention, diagnosis, and treatment.
Eur Heart J, 36 (2015), pp. 2484-2490
[36]
D.Z. Uslan, M.R. Sohail, P.A. Friedman, et al.
Frequency of permanent pacemaker or implantable cardioverter‐defibrillator infection in patients with gram‐negative bacteremia.
Clin Infect Dis., 43 (2006), pp. 731-736
[37]
G.N. Vaccarino, F. Nacinovich, F. Piccinini, et al.
Pacemaker endocarditis: approach for lead extraction in endocarditis with large vegetations.
Rev Bras Cir Cardiovasc., 24 (2009), pp. 570-573
[38]
A.J. Rastan, N. Doll, T. Walther, et al.
Pacemaker dependent patients with device infection—a modified approach.
Eur J Cardiothorac Surg., 27 (2005), pp. 1116-1118
[39]
S. Pecha, M.A. Aydin, Y. Yildirim, et al.
Transcutaneous lead implantation connected to an externalized pacemaker in patients with implantable cardiac defibrillator/pacemaker infection and pacemaker dependency.
Europace., 15 (2013), pp. 1205-1209
Copyright © 2016. Sociedade Portuguesa de Cardiologia
Baixar PDF
Idiomas
Revista Portuguesa de Cardiologia
Opções de artigo
Ferramentas
en pt

Are you a health professional able to prescribe or dispense drugs?

Você é um profissional de saúde habilitado a prescrever ou dispensar medicamentos

Ao assinalar que é «Profissional de Saúde», declara conhecer e aceitar que a responsável pelo tratamento dos dados pessoais dos utilizadores da página de internet da Revista Portuguesa de Cardiologia (RPC), é esta entidade, com sede no Campo Grande, n.º 28, 13.º, 1700-093 Lisboa, com os telefones 217 970 685 e 217 817 630, fax 217 931 095 e com o endereço de correio eletrónico revista@spc.pt. Declaro para todos os fins, que assumo inteira responsabilidade pela veracidade e exatidão da afirmação aqui fornecida.