Como economista da saúde, com interesse particular na área de avaliação económica de medicamentos, foi com satisfação que verifiquei a publicação do artigo Cost‐effectiveness of rivaroxaban for stroke prevention in atrial fibrillation in the Portuguese setting, por Morais et al., no número 9 do volume 33 da Revista Portuguesa de Cardiologia1.
De facto, é cada vez mais claro que para além dos parâmetros de eficácia, segurança e qualidade que originam uma autorização de introdução no mercado, a utilização de medicamentos deve ser condicionada por critérios de custo‐efetividade. Tal é condição essencial para se garantir o melhor uso de recursos e, consequentemente, melhores resultados em saúde.
Naturalmente, tal desiderato só poderá ser plenamente alcançado se a comunidade médica tiver acesso a estudos publicados em revistas com reconhecido prestígio científico e com larga disseminação.
No entanto, e apesar de nos últimos 15 anos terem existido melhorias, uma parte significativa da comunidade médica não dispõe de ferramentas suficientes para analisar criticamente os resultados de um estudo e determinar os fatores que os podem condicionar. Este facto torna indispensável que pelo menos os principais parâmetros utilizados em cada estudo sejam reportados de forma transparente.
Como primeiro autor do estudo Economic evaluation of dabigatran for stroke prevention in patients with non‐valvular atrial fibrillation, publicado na Revista Portuguesa de Cardiologia no seu número 7‐8 do volume 322, analisei criteriosamente os resultados apresentados por Morais et al.. Esta análise comparativa permitiu constatar que as diferenças entre os resultados dos dois estudos provêm da disparidade dos custos monetários considerados para a monitorização de doentes em varfarina. Como será natural que os leitores comparem os dois artigos, julgo ser essencial que os autores da análise custo‐efetividade da utilização de rivaroxabano nesta indicação terapêutica reportem de forma inequívoca este parâmetro.
Adicionalmente, gostaria de alertar para a possibilidade de existir uma gralha na Tabela 4 –Cost‐effectiveness results of base‐case analysis. Neste quadro, os autores reportam – para cada alternativa terapêutica – os custos totais e os custos de cada parcela («drug acquisition», «drug monitoring» e «event‐related»). No entanto, a soma das parcelas não corresponde ao total.
Responsabilidades éticasProteção de pessoas e animaisOs autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.
Confidencialidade dos dadosOs autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.
Direito à privacidade e consentimento escritoOs autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.
Conflito de interessesOs autores declaram não haver conflito de interesses.