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Vol. 38. Núm. 4.
Páginas 279-280 (abril 2019)
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A relação da proteína C‐reativa/albumina na avaliação do risco de reestenose de stent: mais uma pequena peça no vasto puzzle da inflamação vascular
C‐reactive protein/albumin ratio in the assessment of risk for in‐stent restenosis: Another small piece in the puzzle of vascular inflammation
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Luís Bronzea,b,c,
Autor para correspondência
luis.bronze@gmail.com

Autor para correspondência.
a Diretor de Saúde, Marinha Portuguesa, Lisboa, Portugal
b Linha de Saúde, Centro de Investigação Naval (Cinav), Marinha Portuguesa, Lisboa, Portugal
c Professor Auxiliar, Mestrado Integrado de Medicina, Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal
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Ibrahim Rencuzogullari, Yavuz Karabağ, Metin Çağdaş, Süleyman Karakoyun, Sabri Seyis, Mustafa Ozan Gürsoy, Mahmut Yesin, İnanç Artaç, Doğan İliş, İbrahim Halil Tanboğa
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O trabalho apresentado por Rencuzogullari et al.1, neste volume da Revista Portuguesa de Cardiologia, remete‐nos para a vasta e importante evidência científica sobre a inflamação cardiovascular no contexto da doença cardiovascular2–5. O objetivo deste trabalho é estabelecer a relação entre duas proteínas de fase aguda, usadas como um marcador de reestenose de stenta: a razão entre os valores séricos de dois marcadores importantes: proteína‐C‐Reativa (PCR) e albumina sérica. Na verdade, existe extensa publicação associando a PCR a risco cardiovascular6–8, contudo a sua capacidade preditiva para as síndromes coronárias agudas é modesta9–11. Também se provou uma relação favorável entre a elevação da PCR sérica e a reestenose de stent12, o foco clínico do trabalho agora publicado. Da mesma forma, a diminuição da concentração sérica da albumina, por seu lado, foi relacionada com um incremento de risco cardiovascular13,14. Finalmente, a relação entre os valores séricos da razão de PCR/albumina foi associada a um pior prognóstico na doença neoplásica15 e, ainda, como um método simples de prever um mau índice de saúde global16.

Afigura‐se ser de bom senso clínico a avaliação da combinação de um incremento de PCR e de uma descida de albumina sérica, visto que são duas moléculas envolvidas em mecanismos complexos, frequentemente interligados, com um espectro que vai da inflamação até à má‐nutrição. Em teoria, a razão entre as duas moléculas teria um forte potencial como índice prognóstico. Ora, o risco que os autores tomaram é a tentativa de associar aquele índice, por natureza inespecíficob, à reestenose de stent – uma grave complicação da revascularização percutânea, embora relativamente pouco comum17.

Trata‐se de um estudo retrospetivo, com revisão de cerca de seis anos de dados de uma mesma instituição. A população inclui doentes com enfarte do miocárdio e supradesnivelamento do segmento ST, admitidos para angiografia coronária e angioplastia, pelas indicações corretas, dos quais se selecionaram os 448 doentes que fizeram nova angiografia, por recorrência anginosa. De entre estes, 25% (110/448) apresentavam reestenose de stent. Infelizmente, o teste usado para análise da PCR não é um teste ultrassensível. Estes testes, precisamente pela sua natureza ultrassensível, constituem o padrão para caracterizar a inflamação vascular e apresentam um suporte seguro na literatura18. O uso de outros testes (mais antigos, menos sensíveis e mais sujeitos a que as elevações de PCR se devam a motivos extravasculares) constitui uma limitação, bem reconhecida pelos autores. Foi registada, ainda, uma pletora de resultados laboratoriais, desde o perfil lipídico até à contagem e volume plaquetários, bem como a distribuição da largura das plaquetas, fator já associado a enfarte do miocárdio19. Neste sentido, este trabalho faz uma revisão geral sobre a reestenose de stent, ainda que, também aqui, não foram usados nos doentes incluídos stents revestidos farmacologicamente, em teoria menos sujeitos a reestenose. Esta limitação foi, do mesmo modo, corretamente reconhecida pelos autores.

O trabalho conclui que a relação PCR/albumina é um melhor preditor de reestenose de stent do que cada dos marcadores considerados de forma individual, pelo menos em stents não revestidos farmacologicamente. Acreditamos que, globalmente, este trabalho tem mérito, em especial no esforço que faz para o reforço do uso clínico da inflamação na clínica. Na verdade, apesar do recente sucesso em estudos terapêuticos Proof‐of Concept20, a inflamação, que tem sido o foco da investigação básica e clínica mais produtiva e desafiante no domínio da aterosclerose das últimas duas décadas, tem ainda algum caminho a fazer para que o uso clínico de toda aquela evidência atinja a prática clínica quotidiana21. Por fim, o artigo agora presente – apesar de todas as dificuldades descritas – junta mais uma pequena peça ao puzzle, nesta área desafiante e ainda em forte investigação, que, contudo, necessitará de ser valorizada em trabalhos posteriores.

Conflitos de interesse

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

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Neste texto decidimos usar o termo inglês para endoprótese, em uso corrente na prática clínica portuguesa.

Crítica que pode ser feita a toda a evidência relativa ao estudo de marcadores inflamatórios, em contexto vascular.

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