Informação da revista
Vol. 31. Núm. 11.
Páginas 687-695 (novembro 2012)
Visitas
16079
Vol. 31. Núm. 11.
Páginas 687-695 (novembro 2012)
Artigo original
Open Access
O valor da carga embólica na avaliação de disfunção ventricular direita no tromboembolismo pulmonar agudo: quantificando a causa e clarificando as consequências
Clot burden score in the evaluation of right ventricular dysfunction in acute pulmonary embolism: Quantifying the cause and clarifying the consequences
Visitas
16079
Bruno Rodrigues
Autor para correspondência
Onurb80@sapo.pt

Autor para correspondência.
, Hugo Correia, Ângela Figueiredo, Anne Delgado, Davide Moreira, Luís Ferreira dos Santos, Emanuel Correia, João Pipa, Ilídio Beirão, Oliveira Santos
Serviço de Cardiologia/Radiologia, Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Hospital São Teotónio, Viseu, Portugal
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Resume
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Figuras (8)
Mostrar maisMostrar menos
Tabelas (8)
Tabela 1. Qanadli score
Tabela 2. ECG score
Tabela 3. ECG score modificado, com ajustes de variáveis
Tabela 4. Características globais da população em estudo
Tabela 5. Características clínicas na admissão hospitalar (subgrupos)
Tabela 6. Características eletrocardiográficas, analíticas, ecocardiográficas e de angio-TC (subgrupos)
Tabela 7. Preditores independentes de DVD
Tabela 8. Mastora score
Mostrar maisMostrar menos
Resumo
Introdução

A angio-TC pulmonar é o método de escolha para o diagnóstico de tromboembolismo pulmonar (TEP). Estudos têm demonstrado que a gravidade do TEP poderá ser estimada com sistemas de quantificação de carga embólica.

Objetivo

Avaliar a correlação entre um score de carga embólica angiográfica (Qanadli score – QS), com os parâmetros de disfunção ventricular direita (DVD), em pacientes com TEP.

Métodos

Estudo retrospetivo de 107 pacientes (feminino – 60%), admitidos por TEP (intermédio/elevado risco) numa UCIC (1/1/2007-30/9/2011). Revistas as imagens de angio-TC de 102 pacientes (TCMD-16C) e quantificado o QS. Estabelecido cut-off de 18 pontos por curva ROC. Constituídos 2 grupos (G) (A<18 versus B18 pontos) e comparados os parâmetros clínicos, analíticos, ECG, ecocardiográficos e de angio-TC. Análise estatística com SPSS.

Resultados

A idade média foi de 61,4. Nos sintomas de admissão, verificou-se no GB uma prevalência de queixas de cansaço, dor torácica e síncope/lipotimia (p-0,017) bem como score de Geneva, Wells e Shock-index superiores.

No ECG, a FC média, percentagem de BCRD, inversão da onda T (V1-V3) e de S1Q3T3 (p-0,034) foram superiores no GB, assim como o ECG score (p-0,009).

Analiticamente, o GB apresentou valores de troponina e PDF mais elevados com ClCrMDRD e ratio PO2/fiO2 inferiores. No ecocardiograma, os valores de PSAP foram superiores no GB. Na angio-TC, o GB apresentou diâmetros do VD, ratio VD/VE (p-0,002), veia cava (VC) superior, veia ázigos e seio coronário, superiores. Os diâmetros da artéria pulmonar (AP) e o ratio AP/aorta foram semelhantes. A percentagem de sobrecarga no septo IV e refluxo na VC inferior foram superiores no GB, revelando-se o QS>18 preditor independente de DVD (VD/VE > 1) (OR:10,85; p<0,001) (AUC-ROC: 0,79; p<0,001). A percentagem de tratamento fibrinolítico foi superior no GB (p-0,045), sendo a taxa de mortalidade intra-hospitalar (global-4,9%) idêntica entre grupos.

Conclusões

Um QS>18 pontos revelou-se preditor independente de DVD no TEP, correlacionando-se linearmente com multivariáveis associadas a morbi/mortalidade mais elevada.

Palavras-chave:
Tromboembolismo pulmonar
Score de carga embólica
Disfunção ventricular direita
Abstract
Introduction

Pulmonary angiography by computed tomography (CT) is the method of choice for the detection of acute pulmonary embolism (PE). Studies have shown that the severity of PE can be estimated by clot burden scores.

Objective

To evaluate the correlation between an angiographic clot burden score (Qanadli score - QS) and parameters of right ventricular dysfunction (RVD) in patients admitted for PE.

Methods

We performed a retrospective study of 107 patients (60% female) admitted to an intensive care unit for PE (intermediate/high risk) between January 1, 2007 and September 30, 2011. Images from 16-slice multidetector CT angiography were reviewed in 102 patients and the QS calculated. Based on a cut-off of 18 points established by ROC curve analysis, two groups were formed (A<18 points vs. B ≥18 points) and the clinical, laboratory, ECG, echocardiographic and CT angiography parameters were compared. The statistical analysis was performed using SPSS.

Results

The overall mean age was 61.4 years. With regard to symptoms at admission, there was a greater prevalence in group B of fatigue, chest pain and syncope (p=0.017), with higher Geneva and Wells scores and shock index.

In terms of ECG parameters, heart rate and percentage of right bundle branch block, T-wave inversion (V1-V3) and S1Q3T3 pattern (p=0.034) were higher in group B, as was the ECG score (p=0.009).

Laboratory tests revealed that group B had higher troponin and d-dimers, with lower creatinine clearance by the MDRD formula (p=0.020) and PO2/FiO2 ratio. Echocardiography showed higher pulmonary artery systolic pressure in group B, and CT angiography revealed larger right ventricular (RV) diameters and higher RV/LV ratio (p=0.002), and greater superior vena cava, azygos vein and coronary sinus diameters in this group. Pulmonary artery (PA) diameter and the PA/aorta ratio were similar. Interventricular septal bowing and reflux of contrast into the inferior vena cava (p=0.001) were greater in group B, and QS>18 was an independent predictor of RVD (RV/LV ratio>1) (OR: 10.85; p<0.001) (area under the curve on ROC analysis: 0.79; p<0.001). The percentage of patients receiving fibrinolytic treatment was higher in group B (p=0.045), and in-hospital mortality was similar in both groups (overall 4.9%).

Conclusions

QS >18 points proved to be an independent predictor of RVD in PE, and correlated linearly with variables associated with higher morbidity and mortality.

Keywords:
Pulmonary embolism
Clot burden score
Right ventricular dysfunction
Quadro de abreviaturas
AO

Artéria aorta

AP

Artéria pulmonar

BCRD

Bloqueio completo de ramo direito

BIRD

Bloqueio incompleto ramo direito

ClCr

Clearance creatinina

DVD

Disfunção ventricular direita

ECG

Electrocardiograma

ECO

Ecocardiograma

FC

Frequência cardíaca

PAD

Pressão arterial diastólica

PAS

Pressão arterial sistólica

PSAP

Pressão sistólica artéria pulmonar

QS

Qanadli Score

SC

Seio Coronário

SIV

Septo interventricular

SU

Serviço de urgência

TCMD

Tomografia computorizada multidetectores

TEP

Tromboembolismo pulmonar agudo

Tn

Troponina

TVP

Trombose venosa profunda

UCIC

Unidade de cuidados intensivos cardíacos

VA

Veia ázigos

VCI

Veia cava inferior

VCS

Veia cava superior

VD

Ventrículo direito

VE

Ventrículo esquerdo

Texto Completo
Introdução

O tromboembolismo pulmonar agudo (TEP) é uma doença comum e potencialmente fatal, possuindo uma taxa de mortalidade entre 2-7%, mesmo quando tratada com anticoagulação adequada1.

A introdução da angio-TC pulmonar multidetetores (TCMD) tem modificado consideravelmente a abordagem do TEP, sendo atualmente o método de escolha para o seu diagnóstico devido à sua conveniência, velocidade, sensibilidade, visualização direta de coágulos e capacidade de fornecer diagnósticos alternativos2.

Perante pacientes com choque/hipotensão na sequência de TEP, a ecocardiografia é recomendada como um exame de primeira linha para diagnosticar os sinais de disfunção ventricular direita (DVD)3,4. Contudo, uma proporção substancial dos pacientes normotensos com TEP (40%) poderá apresentar sinais ecocardiográficos de DVD. Estes pacientes com compromisso hemodinâmico latente possuem um risco de 10% para desenvolvimento de choque e uma taxa de mortalidade intra-hospitalar de 5%3,5. No entanto, sendo a TCMD a técnica de primeira linha no diagnóstico de TEP, a avaliação de DVD através desta técnica imagiológica facilitaria a estratificação do risco de todos os pacientes3.

Em pequenos estudos utilizando a tomografia helicoidal computorizada, a relação entre os diâmetros do ventrículo direito versus ventrículo esquerdo (VD/VE curto eixo) tem sido proposto como um sinal preciso para a presença de DVD6–9. Além deste, outros critérios têm sido propostos no âmbito da TCMD, incluindo o desvio do septo interventricular (SIV), o ratio dos diâmetros da artéria pulmonar (AP) versus artéria aorta (AO), diâmetros da veia cava superior (VCS), veia ázigos (VA) e seio coronário (SC). O refluxo de contraste na VC inferior e VA é também um sinal associado a DVD10,11.

Além dos sinais diretos e indiretos de sobrecarga VD, a extensão do TEP (quantificada em scores embólicos) tem sido proposta ao longo dos anos, como um importante parâmetro preditor de DVD8,12–14. Tipicamente, um index de obstrução entre 40-60% relaciona-se com TEP de intermédio/elevado risco. Todavia, a sua relação global com os parâmetros clínicos, analíticos, eletrocardiográficos (ECG) ecocardiográficos (ECO) e com a dimensão das estruturas cardíacas não se encontra esclarecida na literatura atual.

Assim sendo, o objetivo do nosso estudo foi avaliar a correlação entre um score de carga embólica angiográfica previamente estabelecido (Qanadli score – QS), com os parâmetros de DVD (clínicos e de exames complementares de diagnóstico), em pacientes admitidos por TEP.

Materiais e métodosRegisto global

O nosso estudo consistiu numa análise retrospetiva de 107 pacientes, admitidos com o diagnóstico de TEP (intermédio ou elevado risco) numa unidade de cuidados intensivos cardíacos (UCIC) num período compreendido entre janeiro de 2007 a setembro de 2011.

Foram revistas as imagens de angio-TC de 102 pacientes (TAC multidetetores (TCMD) 16 cortes), sendo excluídos doentes em que a angio-TC não se apresentava disponível no sistema informático ou em que a sua qualidade de imagem impedisse uma avaliação precisa. Determinou-se as dimensões das estruturas cardíacas e vasculares relacionadas com a patologia embólica em estudo, sendo quantificada a carga embólica na árvore vascular pulmonar através de um score previamente estabelecido e validado (QS)12.

A colheita de análises e do eletrocardiograma (ECG) foi efetuada no momento de admissão no serviço de urgência (SU) e, posteriormente, durante o internamento em ambiente de UCIC. O ecocardiograma foi efetuado no momento de admissão na referida unidade.

Pacientes

Após a determinação do valor da carga embólica, foi estabelecido um cut-off de 18 pontos por curva ROC (Figura 1).

Figura 1.

Curva ROC para QS e troponina versus DVD (VD/VE>1).

(0.12MB).

Foram constituídos 2 grupos, grupo A (n=39) < 18 pontos versus grupo B (n=63)18 pontos, e compararam-se os parâmetros clínicos, analíticos, de ECG, ecocardiográficos e de angio-TC.

Estudo imagiológico

As imagens de TCMD foram adquiridas na direção craniocaudal (colimação de 1,25mm), permitindo uma avaliação precisa das artérias pulmonares principais, lobares, segmentares e subsegmentares, ao nível dos lobos inferiores, médios e superiores.

Um bólus de 120mL de contraste iodado (concentração de 350mg/mL) foi injetado na veia antecubital esquerda (quando possível) a uma taxa de 4ml/s, utilizando um injetor automático.

As imagens foram revistas por 2 radiologistas numa workstation de modo independente, desconhecendo as variáveis clínicas, exames complementares e prognóstico intra-hospitalar dos pacientes.

Para definir o índice de obstrução na TCMD, a árvore arterial de cada pulmão foi considerada como tendo 10 artérias segmentares (3 para os lobos superiores, 2 para o lobo médio e língula e 5 para os lobos inferiores), atribuindo-se 1 ponto a cada artéria obstruída12. No caso das embolias que envolviam uma artéria pulmonar principal ou lobar, atribuiu-se uma pontuação referente ao número de artérias segmentares não vascularizadas.

Para fornecer informações adicionais acerca da perfusão distal residual, um fator de ponderação foi atribuído a cada valor dependendo do grau de obstrução vascular presente (obstrução total=2 pontos) (Tabela 1), obtendo-se um score máximo possível de 40 pontos.

Tabela 1.

Qanadli score

  N.° artérias avaliadas  Ponderação  Score máximo (pontos) 
Qanadli et al.12  10 artérias segmentares em cada pulmão (n=20)  0-normal1-parcial2-total  40 

Para além da avaliação da carga embólica na TCMD, foram efetuadas medições quantitativas dos diâmetros das estruturas vasculares (VCS e VA) e cardíacas (VD, VE, ratio VD/VE; SC, AP, Ao, ratio Ap/Ao) relacionadas com a árvore pulmonar. O desvio do SIV e o refluxo de contraste na veia cava inferior (VCI) foram avaliados qualitativamente, de forma a definir os sinais de DVD (Figuras 2-5).

Figura 2.

Ratio VD/VE.

(0.09MB).
Figura 3.

Medição do SC por TCMD.

(0.1MB).
Figura 4.

Êmbolo na artéria pulmonar direita e lobo inferior esquerdo.

(0.08MB).
ECG score modificado

O ECG foi efetuado em todos os pacientes, como parte de uma avaliação clínica inicial aquando da admissão no SU. Foi calculado um ECG score (modificado), com base num ECG score previamente validado15 (Tabelas 2 e 3).

Tabela 2.

ECG score

Características ECG  Score 
Taquicardia (>100bpm) 
Bloqueio incompleto de ramo direito (BIRD) 
Bloqueio completo de ramo direito (BCRD) 
Inversão T V1- V4 
Inversão de onda T V1(mm)
<
1-2 
>
Inversão de onda T V2(mm)
<
1-2 
>
Inversão de onda T V3(mm)
<
1-2 
>
Onda S em DI 
Onda Q em DIII 
Inversão onda T DIII 
S1Q3T3presente 
Total  21 

Fonte: Daniel KR et al.15.

Q3: Onda Q em DIII; S1Q3T3: S1-Onda S em DI; T3: inversão de onda T em DIII.

Tabela 3.

ECG score modificado, com ajustes de variáveis

Características ECG  Score 
Taquicardia (>100bpm) 
Bloqueio incompleto de ramo direito (BIRD
Bloqueio Completo de ramo direito (BCRD
Inversão T V1- V3 
S1Q3T3 presente 
Total  14 

Foram excluídas algumas variáveis do ECG score prévio e ajustados os pontos atribuídos a cada variável. Foi removida a quantificação dos milímetros de inversão de onda T de V1-V3, visto considerarmos que a presença de inversão de onda T nestas derivações já era alvo de avaliação qualitativa no ECG score. Além disso, somente se atribuiu significado ao padrão de S1Q3T3 quando todas as suas componentes estavam presentes.

Análise estatística

Os resultados obtidos derivam de análise estatística com o programa SPSS, sendo apresentados na forma de médias (com desvio padrão-SD) e percentagens globais. As variáveis em análise foram comparadas usando os testes chi-squared e independent t-test. Foram traçadas curvas ROC para estabelecimento do melhor valor de corte para o QS. Um valor de p<0,05 foi considerado como estatisticamente significativo.

ResultadosPopulação global

Dos 102 pacientes incluídos (com média de idade global de 61,5 anos), 36,7% constituíam o grupo A e 63,3% o grupo B (Tabela 4), ocorrendo um predomínio global do sexo feminino (63,3%), o qual se manteve em ambos os grupos (Figuras 6 e 7). A carga embólica média foi de 18,46 pontos.

Tabela 4.

Características globais da população em estudo

População global
  N.° Total  Mínimo  Máximo  Média  SD 
Idade  102  16  89  61,49  18,78 
QS  102  32  18,46  5,69 
Figura 6.

Distribuição por grupos.

(0.06MB).
Figura 7.

Distribuição por sexo.

(0.06MB).

Da análise dos fatores de risco para TEP, não se verificaram diferenças na percentagem de TVP. A cirurgia recente preponderou no grupo A, com os restantes fatores de risco a predominarem no grupo B (sem significado estatístico).

Nos sintomas de admissão, verificou-se no grupo B uma prevalência de queixas de cansaço, dor torácica e sincope/lipotimia (p-0,017) bem como score de Geneva, Wells e Shock index (p-0,006) superiores (Tabela 5).

Tabela 5.

Características clínicas na admissão hospitalar (subgrupos)

Subgrupos (Qanadli score)
  QS<18 (n=39)  QS>18 (n=63)  Valor p 
Idade média  61,4  59,1  0,57 
Fatores de risco
TVP  23,5%  23,3%  0,640 
Cirurgia (< 1 mês)  35,3%  16,7%   
Fratura óssea (<1 mês)  5,9%  10%   
Neoplasia  11,8%  16,7%   
Anticoncetivos orais  5,9%  13,3%   
Antecedentes de TEP  0%  6,7%   
Lúpus/doenças autoimunes  0%  3,3%   
Gravidez  0%  3,3%   
Sintomas de admissão
Dispneia/polipneia  75,8%  70,2%  0,376 
Astenia  30,3%  38,6%  0,288 
Dor torácica  48,5%  57,9%  0,260 
Síncope/lipotimia  21,2%  45,9%  0,017* 
Tosse  18,2%  17,5%  0,576 
Hemoptises  6,1%  3,5%  0,468 
Scores clínicos
Score Geneva  5,7 (±3,4)  6,3 (±1,9)  0,457 
Score Wells  4,2 (±2,4)  4,5 (±1,8)  0,529 
Perfis tensionais
PAS (mmHg)  127,3 (±22,4)  113,3 (±24,2)  0,008* 
PAD (mmHg)  75,9 (±15,3)  72 (±18)  0,293 
Shock index (FC/PAS)  0,78 (±0,24)  0,97 (±0,31)  0,006* 

PAD: pressão arterial diatólica; PAS: pressão arterial sistólica; TVP: trombose venosa profunda.

No ECG, a frequência cardíaca (FC) média foi superior no GB. Neste mesmo grupo, as percentagens de bloqueio completo de ramo direito (BCRD), inversão da onda T (V1-V3) e de S1Q3T3 (p-0,034) foram superiores, traduzindo-se em média de ECG score modificado mais elevada (Tabela 6).

Tabela 6.

Características eletrocardiográficas, analíticas, ecocardiográficas e de angio-TC (subgrupos)

Subgrupos (Qanadli score)
  QS<18 (n=39)  QS>18 (n=63)  Valor p 
Eletrocardiograma
FC média (bpm)  96,9 (±23,1)  105 (±22,1)  0,102 
Fibrilhação auricular (%)  12,1%  5,3%  0,220 
BCRD (%)  12,1%  15,8%  0,489 
INV T (V1-V3) (%)  36,4%  52,6%  0,101 
S1Q3T3 (%)  15,2%  35,1%  0,034* 
ECG score  3,34 (±3,7)  5,63(±3,9)  0,009* 
Analiticamente
ClCr MDRD (ml/min)  82,9 (±32,6)  66,5 (±29)  0,02* 
PO2/FiO2  280,3 (±61,3)  262,4 (±67,4)  0,237 
D-Dímeros (ng/ml)  6729 (±10500)  8467 (±15506)  0,574 
Troponina máx. (ng/ml)  0,37 (±1,33)  0,82 (±1,26)  0,142 
Ecocardiograma
PSAP (mmHg)  47,7 (±12,9)  53,8 (±14,8)  0,262 
Angio-TC
Diâmetro VD (mm)  41,8 (±7,9)  47,3 (±7,1)  0,001* 
Ratio VD/VE  1,18 (±0,47)  1,48 (±0,39)  0,002* 
Diâmetro AP (mm)  30,2 (±5,5)  29,6 (±3,4)  0,513 
Ratio AP/Ao  0,86 (±0,16)  0,92 (±0,17)  0,115 
Diâmetro VCS (mm)  21 (±4,9)  22,4 (±3,8)  0,133 
Diâmetro VA (mm)  9,6 (±2,67)  10,1 (±2,2)  0,41 
Diâmetro SC (mm)  10,5 (±2,17)  11,5 (±3,18)  0,107 
Sobrecarga SIV (%)  61,8%  86,2%  0,008* 
Refluxo VCI (%)  21,9%  57,1%  0,001* 

ClCr: clearance creatinina

Analiticamente, o grupo B apresentou valores de troponina e d-dimeros mais elevados, com clearance de creatinina (ClCrMDRD) (p-0,020) e ratio PO2/fiO2 inferiores. No ecocardiograma, os valores de pressão sistólica artéria pulmonar (PSAP) foram superiores no GB (Tabela 6).

Na angio-TC, o grupo B apresentou diâmetros do VD, ratio VD/VE (p-0,002), VCS, VA e SC superiores. Os diâmetros da AP e o ratio AP/aorta foram semelhantes.

A percentagem de sobrecarga no septo IV e refluxo na VC inferior (p-0,001) foram superiores no GB, revelando-se o QS > 18 pontos, preditor independente de DVD (VD/VE > 1) (OR:10,85 [CI 3,20-36,77]; p<0,001) (AUC ROC: 0,79; p<0,001) com uma sensibilidade estimada em 78,4% e especificidade em 79% (Figura 1, Tabela 7).

Tabela 7.

Preditores independentes de DVD

Preditores independentes de DVD
  OR  CI  Valor p 
Síncope/lipotimia  1,70  1,36-2,12  0,001 
Taquipneia  1,61  1,05-2,46  0,042 
S1Q3T3  8,77  1,11-69,4  0,011 
ECG score> 5  2,85  1,04-8,61  0,048 
Troponina I> 0,10ng/ml  4,98  1,47-16,8  0,006 
QS>18 pontos  10,85  3,20-36,7  < 0,001 
SC>10mm  2,93  1,03-8,32  0,037 
Sobrecarga do SIV  10,19  3,43-30,2  < 0,001 
Refluxo na VCI  10,55  2,29-48,5  < 0,001 

Na restante análise univariada, identificaram-se igualmente como preditores de DVD: síncope/lipotimia; taquipneia; padrão de S1Q3T3; ECG score modificado> 5; pico de troponina i>0,10ng/ml; abaulamento do SIV; refluxo de constraste na VCI e diâmetro do SC >10mm (Tabela 7). Da avaliação comparativa das curvas ROC, verificou-se que o QS apresentou uma AUC superior à troponina máxima, cuja associação a DVD se encontra fortemente estabelecida (Figura 1).

A percentagem de tratamento fibrinolítico foi superior no grupo B (p-0,049) sendo a taxa de mortalidade intra-hospitalar (global – 4,9%; n=5) idêntica entre os grupos (Figura 8).

Figura 8.

Tratamento efetuado versus QS.

(0.07MB).
Discussão

Existem variadas razões para definir e calcular o score da carga embólica visualizada na TCMD. Em primeiro lugar, a TCMD é um método preciso no diagnóstico de TEP. Através da definição de um índice de obstrução específico, teremos um score objetivo e reprodutível que pode ser usado na comunicação interdisciplinar entre a clínica e a imagiologia.

Em segundo lugar, o grau da obstrução vascular permitirá estratificar o risco dos pacientes, identificando candidatos a terapêuticas mais agressivas. Em terceiro lugar, o score de carga embólica estabelecido permitirá monitorizar de forma não invasiva (com estudos imagiológicos subsequentes) os efeitos da terapêutica efetuada12.

Encontram-se descritos na literatura alguns scores de carga embólica possuindo diferentes sistemas de avaliação da árvore pulmonar e, consequentemente, diferentes pontuações2,12,14,16,17. O uso do Qanadli score como referência deve-se ao facto de o termos considerado o mais fácil de calcular em termos imagiológicos, facilitando a menor variabilidade interobservador na medida em que o seu fator de ponderação o torna mais objetivo (Tabela 1). A título comparativo, ao avaliar-se o Mastora score14 (Tabela 8) nos estudos imagiológicos realizados, verificou-se uma maior dificuldade e demora no seu cálculo devido a um sistema de ponderação mais complexo, tendo-se abandonado a sua utilização.

Tabela 8.

Mastora score

  N.° artérias avaliadas  Ponderação (por % de oclusão)  Score máximo (pontos) 
Mastora et al.5 mediastinicas, 6 lobares, 20 segmentares (n=31)0 pontos – 0%  155
1 ponto – 1-24% 
2 pontos – 25-49% 
3 pontos – 50-74% 
4 pontos – 75-99% 
5 pontos – 100% 

No seu estudo, Qanadli et al. não estabeleceram uma relação linear entre o score de carga embólica e outros parâmetros de DVD (clínicos e de exames complementares de diagnóstico) de forma a potenciar os resultados obtidos, situação que se mantém na literatura atual.

No entanto, os resultados do nosso registo sugerem forte interação entre o QS com os parâmetros clínicos, de ECG, ecocardiográficos e de angio-TC, aos quais já se encontra atribuído individualmente forte valor preditivo de DVD, conferindo uma sensibilidade e especificidade importantes ao score em causa para TEP de intermédio/elevado risco (Figura 1).

Carga embólica e clínica de admissão (Tabela 5)

Reportámos no nosso registo uma percentagem de obstrução de 46,15% (QS médio de 18,46 pontos), superior à descrita por Wu et al.13 e Qanadli et al.12, justificado pelas características clínicas da população em estudo, visto somente envolver pacientes de intermédio ou elevado risco.

Em termos globais, os grupos estabelecidos apresentaram-se homogéneos em termos etários, com um predomínio do sexo feminino em ambos os grupos. Apesar de não existirem diferenças significativas ao nível dos fatores de risco, verificou-se forte associação de sintomas de síncope/lipotimia a QS mais elevados (p-0,017), relacionando-se com o impacto da carga embólica nas pressões pulmonares e na função VD. Os scores clínicos (Geneva e Wells) foram ligeiramente superiores no grupo B, revelando-se neste um shock index superior (p-0,006) conferindo maior morbilidade a um QS > 18 pontos.

Carga embólica e eletrocardiograma (Tabela 6)

Um variado número de alterações no ECG têm sido associadas à severidade do TEP. O valor do ECG score desenvolvido por Daniel et al.15 (Tabela 2) aumenta com a severidade da hipertensão pulmonar associado ao TEP, identificando pacientes com maior percentagem de defeitos de perfusão.

A análise do ECG revelou FC médias mais elevadas e percentagem de BCRD ligeiramente superior no grupo B. Contudo, foi ao nível da percentagem de inversão de onda T (V1-V3), S1Q3T3 (p-0,034) e nos valores médios do ECG score modificado (p-0,009) que se revelaram as diferenças mais significativas (predominando estas alterações dinâmicas no grupo B) traduzindo uma correlação linear entre a carga embólica pulmonar e as perturbações ventriculares direitas de superfície.

Carga embólica e valores analíticos (Tabela 6)

Os resultados obtidos no nosso estudo potenciam a relação entre a carga embólica e preditores analíticos independentes para gravidade da TEP, revelando a interação multiorgânica do QS. Deste modo, verificou-se que um QS>18 pontos se associou a ClCr MDRD inferiores (p-0,02), ratio PO2/FiO2 inferiores e valores de TnI máxima superiores.

Neste contexto, vários estudos potenciam a forte interação dos valores de TnI e a gravidade de DVD no TEP, atribuindo a este fator forte impacto no risco e prognóstico4,18,19. Da análise dos nossos resultados e após calcular a AUC por curvas ROC, verificou-se que o QS possui uma AUC superior à TnI para DVD (Figura 1), com a análise univariada a revelar um OR mais elevado para este score (Tabela 7), atribuindo ao QS forte valor na estratificação de risco no TEP.

Carga embólica e imagiologia (Tabela 6)

A nível ecocardiográfico verificou-se que o grupo B possuiu valores de PSAP tendencialmente mais elevados na admissão na UCIC, não sendo as diferenças significativas (facto já descrito por Qanadli et al. e Miller et al.). Em doentes com TEP, a obstrução da árvore arterial pulmonar é o fator principal no aumento da resistência vascular, resultando em hipertensão pulmonar. No entanto, o perfil hemodinâmico poderá depender da existência prévia de doença pulmonar12. Deste modo, uma melhor correlação entre a pressão arterial pulmonar média e a severidade da obstrução foi reportada num grupo selecionado de pacientes sem patologia pulmonar prévia, comparativamente a pacientes não selecionados (como é o caso do nosso estudo)20. Os restantes parâmetros de DVD não foram incluídos nos resultados, por não estarem disponíveis em todos os pacientes e pela variabilidade interobservador.

Na angio-TC, o QS correlacionou-se linearmente com os parâmetros de DVD avaliados (diâmetros do VD, VCS, VA e SC; ratio VD/VE e AP/Ao; percentagem de sobrecarga no SIV e de refluxo na VCI), conferindo à carga embólica avaliada por QS um potencial multiparâmetros que ainda não se encontrava descrito na literatura.

Avaliando a curva ROC para DVD, determinou-se um cut-off de 45% de obstrução vascular pulmonar para a ocorrência de sinais de DVD (com sensibilidade e especificidade significativas), sendo um valor intermédio ao obtido por Qanadli et al. (40%)12 e Mastora et al. (49%)14.

Através de análise univariada identificaram-se como fatores independentes para DVD a presença de síncope na admissão, taquipneia, padrão de S1Q3T3, ECG score> 5 pontos, TnI>0,10ng/ml, QS>18 pontos, SC>10mm, sobrecarga do SIV e refluxo de contraste na VCI, possuindo o QS o OR mais elevado (Tabela 7).

Carga embólica e mortalidade

A taxa de mortalidade intra-hospitalar foi de 4,9%, não existindo diferenças entre os grupos.

Embora outros estudos tenham reportado uma fraca relação entre scores de carga embólica e a mortalidade a curto prazo em pacientes com TEP, não existem estudos na literatura atual (do nosso conhecimento) que potenciem a associação entre a carga embólica na admissão hospitalar e outcomes a longo prazo (mortalidade a 12 meses)1.

Existem 2 pequenos estudos retrospetivos que sugerem correlação entre a carga embólica angiográfica e a mortalidade a curto prazo3,13. Wu et al.13 reportaram que pacientes com uma carga embólica superior a 60% possuíram taxas de mortalidade mais elevadas. Contudo, estes autores e Van der Meer et al.3 estabeleceram uma relação entre o QS e a taxa de mortalidade, facto não potenciado pelos nossos resultados.

Limitações

O nosso estudo possui algumas limitações que devem ser descritas.

Em primeiro, trata-se de uma população selecionada com TEP de intermédio e elevado risco possuindo inerentemente cargas embólicas elevadas (QS médio de 18,46) não ocorrendo comparação com uma população de baixo risco.

Em segundo lugar, a presença de cardiopatia estrutural ou doença pulmonar prévias não foi alvo de análise, o que influencia as pressões pulmonares e as dimensões das cavidades cardíacas obtidas na angio-TC.

Em terceiro lugar, as imagens de angio-TC foram revistas por 2 radiologistas, não existindo qualquer avaliação do grau de concordância entre observadores, ficando os resultados dependentes da variabilidade associada.

Conclusões

O nosso estudo revelou que a avaliação da carga embólica pulmonar através de um score reprodutível e objetivo é uma ferramenta de forte impacto clínico e imagiológico, permitindo estratificar os pacientes numa escala de risco, selecionando «candidatos» a terapêuticas mais agressivas. Através dos nossos resultados estabeleceu-se um cut-off para o QS de 18 pontos, o qual se revelou um forte preditor independente de DVD no TEP, correlacionando-se linearmente com multivariáveis associadas a morbi/mortalidade mais elevada. De salientar que os dados descritos não seriam possíveis de alcançar sem a interação entre radiologistas e clínicos, permitindo uma racionalização de tempo/recursos perante uma patologia de morbilidade e mortalidade elevada.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Bibliografia
[1]
R.M. Subramaniam, J. Mandrekar, C. Chang, et al.
Pulmonary embolism outcome: a prospective evaluation of CT pulmonary angiographic clot burden score and ECG score.
AJR Am J Roentgenol, 190 (2008), pp. 1599-1604
[2]
S.K. Venkatesh, S.C. Wang.
Central clot score at computed tomography as a predictor of 30-day mortality after acute pulmonary embolism.
Ann Acad Med Singapore, 39 (2010), pp. 442-447
[3]
R.W. Van der Meer, P.M. Pattynama, M.J. Strijen, et al.
Right ventricular dysfunction and pulmonary obstruction index at helical CT: Prediction of clinical outcome during 3-month follow-up in patients with acute pulmonary embolism.
Radiology, 235 (2005), pp. 798-803
[4]
A. Torbicki, A. Perrier, S. Konstantinides, et al.
The Task Force for the diagnosis and management of acute pulmonary embolism of the European Society of Cardiology. Guidelines on diagnosis and management of acute pulmonary embolism.
Eur Heart J, 29 (2008), pp. 2276-2315
[5]
S. Grifoni, I. Olivotto, P. Cecchini, et al.
Short-term clinical outcome of patients with acute pulmonary embolism, normal blood pressure and echocardiographic right ventricular dysfunction.
Circulation, 101 (2000), pp. 2817-2822
[6]
S. Contractor, P.D. Maldjian, V.K. Sharma, et al.
Role of helical CT in detecting right ventricular dysfunction secondary to acute pulmonary embolism.
J Comput Assist Tomogr, 26 (2002), pp. 587-591
[7]
J.H. Reid, J.T. Murchison.
Acute right ventricular dilatation: a new helical CT sign of massive pulmonary embolism.
Clin Radiol, 53 (1998), pp. 694-698
[8]
D. Collomb, P.J. Paramelle, O. Calaque, et al.
Severity assessment of acute pulmonary embolism: evaluation using helical CT.
Eur Radiol, 13 (2003), pp. 1508-1514
[9]
B.J. Wintersperger, A. Stabler, M. Seemann, et al.
[Evaluation of right heart load with spiral CT in patients with acute lung embolism].
Rofo Fortschr Geb Rontgenstr, 170 (1999), pp. 542-549
[10]
C.S. Ng, A.U. Wells, S.P. Padley.
A CT sign of chronic pulmonary arterial hypertension: the ratio of main pulmonary artery to aortic diameter.
J Thorac Imaging, 14 (1999), pp. 270-278
[11]
K. Nikolaou, S. Thieme, W. Sommer, et al.
Diagnosing pulmonary embolism: new computed tomography applications.
J Thorac Imaging, 25 (2010), pp. 151-160
[12]
S.D. Qanadli, M. El Hajjam, A. Vieillard-Baron, et al.
New CT index to quantify arterial obstruction in pulmonary embolism: comparison with angiographic index and echocardiography.
AJR Am J Roentgenol, 176 (2001), pp. 1415-1420
[13]
A.S. Wu, J.A. Pezzullo, J.J. Cronan, et al.
CT pulmonary angiography: quantification of pulmonary embolus as a predictor of patient outcome–initial experience.
Radiology, 230 (2004), pp. 831-835
[14]
I. Mastora, M. Remy-Jardin, P. Masson, et al.
Severity of acute pulmonary embolism: evaluation of a new spiral CT angiographic score in correlation with echocardiographic data.
Eur Radiol, 13 (2003), pp. 29-35
[15]
K.R. Daniel, D.M. Courtney, J.A. Kline.
Assessment of cardiac stress from massive pulmonary embolism with 12-lead ECG.
Chest, 120 (2001), pp. 474-481
[16]
G.A. Miller, G.C. Sutton, I.H. Kerr, et al.
Comparison of streptokinase and heparin in treatment of isolated acute massive pulmonary embolism.
Br Med J, 2 (1971), pp. 681-684
[17]
P.N. Walsh, R.H. Greenspan, M. Simon, et al.
An angiographic severity index for pulmonary embolism.
Circulation, 47 (1973), pp. 101-107
[18]
S. Amorim, P. Dias, R.A. Rodrigues, et al.
Troponin I as a marker of right ventricular dysfunction and severity of pulmonary embolism.
Rev Port Cardiol, 25 (2006), pp. 181-186
[19]
R. Margato, S. Carvalho, H. Ribeiro, et al.
Cardiac troponin I levels in acute pulmonary embolism.
Rev Port Cardiol, 28 (2009), pp. 1213-1222
[20]
K.M. McIntyre, A.A. Sasahara.
The hemodynamic response to pulmonary embolism in patients without prior cardiopulmonary disease.
Am J Cardiol, 28 (1971), pp. 288-294
Copyright © 2012. Sociedade Portuguesa de Cardiologia
Baixar PDF
Idiomas
Revista Portuguesa de Cardiologia
Opções de artigo
Ferramentas
en pt

Are you a health professional able to prescribe or dispense drugs?

Você é um profissional de saúde habilitado a prescrever ou dispensar medicamentos

Ao assinalar que é «Profissional de Saúde», declara conhecer e aceitar que a responsável pelo tratamento dos dados pessoais dos utilizadores da página de internet da Revista Portuguesa de Cardiologia (RPC), é esta entidade, com sede no Campo Grande, n.º 28, 13.º, 1700-093 Lisboa, com os telefones 217 970 685 e 217 817 630, fax 217 931 095 e com o endereço de correio eletrónico revista@spc.pt. Declaro para todos os fins, que assumo inteira responsabilidade pela veracidade e exatidão da afirmação aqui fornecida.