A Revista Portuguesa de Cardiologia (RPC) e o Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) têm colaborado desde há vários anos, através da secção de Cardiologia Baseada na Evidência (CBE).
Nesta secção da RPC têm-se publicado inúmeros artigos de revisão, de metodologia e estudos originais sobre a CBE, com notável sucesso e excelente receção por parte dos leitores. A série sobre os princípios metodológicos – publicada na primeira metade dos anos 2000 – teve assinalável sucesso, dando de resto origem à publicação sob o patrocínio da SPC de um livro incluindo a grande maioria dos artigos publicados. Mas este sucesso não se limitou ao nosso país, como comprova a citação de um dos nossos artigos da RPC no New England Journal of Medicine (Jaber BL, Madias NE, New Engl J Med 2005;353:1859), sendo esta a primeira vez que temos conhecimento de um artigo médico publicado em revista portuguesa ter sido citado nesta prestigiada revista.
O CEMBE da FMUL aceitou recentemente o prestigioso convite feito pela Cochrane Collaboration (CC) para assumir a responsabilidade de criar um Centro Colaborador Português da Rede Cochrane Iberoamericana. Para os nossos leitores menos familiarizados com a CC, esta singular instituição é uma rede internacional com mais de 28 000 colaboradores em mais de 100 países, que tem como objetivo principal colaborar com profissionais de saúde, doentes, gestores/administradores e responsáveis políticos, na tomada de decisões em saúde através da elaboração, atualização e promoção de revisões sistemáticas da literatura (as chamadas Cochrane Reviews). A CC é reconhecida a nível mundial como sendo uma referência absoluta para informação de alta qualidade sobre a efetividade das intervenções em saúde.
A criação do Centro Cochrane dentro do CEMBE motivou uma natural evolução da colaboração entre as nossas duas instituições (CEMBE e RPC), com a proposta de publicação trimestral na RPC de um artigo que designámos como Cochrane Corner, que mais não é do que a seleção de uma recente Cochrane Review, entendida pelos responsáveis do Centro Cochrane (eu próprio e o colega João Costa, seu coordenador científico) como sendo particularmente relevante, incluindo um pequeno comentário sobre a importância desta nova informação e sua potencial aplicação na prática clínica cardiológica.
Esperamos – eu e o editor da RPC (o colega Fausto Pinto) – que os leitores da nossa revista julguem esta nova secção útil, pedindo que, como habitualmente, nos enviem os vossos comentários e sugestões.
Termino agradecendo ao Prof. Fausto Pinto todo o apoio que sempre demonstrou nesta colaboração CEMBE-RPC, a que agora se junta o Centro Cochrane.
Conflito de interessesOs autores declaram não haver conflito de interesses.