Completados mais de 40 anos de atividade com o objetivo de informar e formar os cardiologistas portugueses e de alargar horizontes além‐fronteiras, a Revista Portuguesa de Cardiologia (RPC) é um exemplo muito válido do que representa uma publicação científica numa sociedade médica, abrindo caminho para que muitos venham divulgando a atividade científica para os seus pares, envolvendo todas as áreas que foram surgindo com a grande evolução da Cardiologia.
Assumir a responsabilidade do Editor Principal da RPC constitui um enorme desafio, cuja dimensão alberga objetivos que, a nosso ver, representam um valoroso papel no âmbito da informação e formação na medicina cardiovascular.
Como órgão científico oficial da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, a RPC alcançou um patamar de representatividade maior, que, num esforço de todos os colaboradores dum vasto Corpo Redatorial, conseguiu expandir‐se, atingindo um justo aumento consistente do fator de impacto (1,8 em 2022), bem como um CiteScore (número médio de citações por artigo) que cresceu seis vezes entre 2015 e 2022. A sua valorização como veículo de transmissão da produção científica nacional e internacional, com dezenas de milhares de especialistas a consultarem regularmente o conteúdo da RPC, é motivo de regozijo para todos nós, trazendo associadas obrigações no sentido de procurar manter a excelência dos conteúdos, assegurando publicações de elevada qualidade e interesse para a comunidade cardiovascular.
Em articulação com a Direção da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, e seguindo o percurso relevante percorrido pelos editores principais que me antecederam, é desejável que o trabalho de toda a equipa redatorial, e da fundamental colaboração dos revisores, contribua para o alargamento e aproximação com outras revistas que representam sociedade científicas europeias e do Brasil, por forma a aumentar a colaboração internacional, ampliando o nosso alcance na comunidade científica global.
Procuraremos dinamizar a participação dum maior número de especialistas através da dinâmica das tertúlias RPC (implementadas pelo Professor Nuno Cardim), podcasts, comentário‐entrevista, artigo recomendado do mês, mas também no necessário reforço da aposta em jovens revisores com diferenciação em áreas especificas, participação ativa de «Portugueses no Mundo», com melhoria dos tempos submissão‐decisão e decisão‐publicação e reforço na qualidade dos artigos originais, revisões de temas atuais de relevo e relato de casos com implicações na prática clínica, mantendo o princípio de divulgação da medicina cardiovascular portuguesa.
A RPC é um caminho de futuro.
Como componente indispensável da SPC, espelha a medicina cardiovascular em Portugal, e deverá ser uma aposta de todos, mantendo total independência. O seu crescimento traduz também o que de melhor se faz na ciência como contributo para a formação e inovação.
A atividade da Cardiologia Portuguesa merece lugar de destaque.