Informação da revista
Vol. 34. Núm. 12.
Páginas 781-783 (dezembro 2015)
Vol. 34. Núm. 12.
Páginas 781-783 (dezembro 2015)
Imagem em Cardiologia
Open Access
Complicações de enfarte do miocárdio: ecocardiograma para diagnóstico diferencial de sopro cardíaco
Complications of myocardial infarction: Echocardiography for differential diagnosis of heart murmur
Visitas
9759
Inês Cruz
Autor para correspondência
inesmariarosariocruz@gmail.com

Autor para correspondência.
, Daniel Caldeira, Bruno Stuart, Carlos Cotrim, Isabel João, Hélder Pereira
Serviço de Cardiologia, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Texto Completo
Baixar PDF
Estatísticas
Figuras (4)
Mostrar maisMostrar menos
Texto Completo

Mulher de 74 anos, diabética tipo 2, admitida por sensação de mal‐estar e dispneia desde há uma semana. Na observação inicial colaborante salientavam‐se fervores subcrepitantes em ambos os campos pulmonares. O eletrocardiograma mostrava ondas Q e supradesnivelamento do segmento ST nas derivações precordiais, DII e DIII (Figura 1). Admitiu‐se o diagnóstico de enfarte anterior em fase subaguda em classe Killip III, motivo pelo qual realizou angiografia coronária e angioplastia da descendente anterior média com implante de stent. Para estabilização hemodinâmica foi colocado balão intra‐aórtico e iniciou perfusão de dobutamina (7ug/kg/min).

Figura 1.

Eletrocardiograma de 12 derivações: ritmo sinusal, ondas Q e supradesnivelamento do segmento ST nas derivações precordiais, DII e DIII.

(0.75MB).

Durante a observação na unidade coronária mantinha sensação de mal‐estar e de lipotimia, apresentava‐se mais hipotensa e oligúrica. Na auscultação cardíaca constatou--se sopro holosistólico grau III/VI no bordo esquerdo do esterno. O ecocardiograma mostrou acinesia dos segmentos apicais e hipercontratilidade compensatória dos basais, com função sistólica global do ventrículo esquerdo (VE) conservada; diagnosticou‐se comunicação interventricular apical não restritiva (Figura 2) e ainda a presença de fluxo turbulento na câmara de saída do VE, com velocidade superior a 4m/s e movimento sistólico anterior do folheto anterior da válvula mitral (SAM) (Figura 3). Perante esta obstrução na câmara de saída do VE associada a hipotensão, decidiu‐se suspender a perfusão de dobutamina e administrar propranolol endovenoso. Verificou‐se melhoria sintomática e subida dos valores tensionais; no ecocardiograma observou‐se fluxo menos turbulento e de menor velocidade, e melhoria do SAM (Figura 4). Foi possível assim estabilizar a doente e transferi‐la para centro cirúrgico. Infelizmente, a doente faleceu devido a complicações na segunda semana do período pós‐operatório.

Figura 2.

Ecocardiograma transtorácico a evidenciar fluxo turbulento apical (seta) devido à presença de rotura do septo interventricular (velocidades máximas registadas pelo Doppler contínuo inferiores a 3m/s).

AD: aurícula direita; AE: aurícula esquerda; VE: ventrículo esquerdo; VD: ventrículo direito.

(0.18MB).
Figura 3.

Ecocardiograma transtorácico a mostrar SAM da válvula mitral (A, seta) a contribuir, juntamente com a hipercontratilidade dos segmentos basais, para a obstrução dinâmica da câmara de saída do VE, que é evidenciada pela presença de fluxo turbulento na mesma (B, seta).

(0.31MB).
Figura 4.

Quantificação do gradiente dinâmico na câmara de saída do VE, antes (A) e após (B) a suspensão de dobutamina e administração de propranolol endovenoso (1+1mg): em A, observa‐se gradiente máximo superior a 64mmHg, com pressão arterial de 90/60mmHg; em B, o gradiente máximo diminuiu para 16mmHg, com subida concomitante da pressão arterial para 110/70mmHg.

(0.35MB).

Pretendemos salientar a importância da correta avaliação de possíveis complicações de enfarte do miocárdio, com recurso ao ecocardiograma, para assim definir a melhor atitude terapêutica: neste caso, evitar o uso de inotrópicos positivos e ponderar o uso de β‐bloqueantes endovenosos para diminuir a obstrução intraventricular.

Responsabilidades éticasProteção de pessoas e animais

Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Copyright © 2015. Sociedade Portuguesa de Cardiologia
Baixar PDF
Idiomas
Revista Portuguesa de Cardiologia
Opções de artigo
Ferramentas
en pt

Are you a health professional able to prescribe or dispense drugs?

Você é um profissional de saúde habilitado a prescrever ou dispensar medicamentos

Ao assinalar que é «Profissional de Saúde», declara conhecer e aceitar que a responsável pelo tratamento dos dados pessoais dos utilizadores da página de internet da Revista Portuguesa de Cardiologia (RPC), é esta entidade, com sede no Campo Grande, n.º 28, 13.º, 1700-093 Lisboa, com os telefones 217 970 685 e 217 817 630, fax 217 931 095 e com o endereço de correio eletrónico revista@spc.pt. Declaro para todos os fins, que assumo inteira responsabilidade pela veracidade e exatidão da afirmação aqui fornecida.