Introdução e objetivos: A endarterectomia pulmonar deve ser considerada em todos os doentes com hipertensão pulmonar tromboembólica crónica. No entanto, 25% dos doentes mantêm hipertensão pulmonar após a endarterectomia pulmonar, com implicações terapêuticas e prognósticas. O nosso objetivo foi avaliar parâmetros ecocardiográficos no diagnóstico como preditores do desenvolvimento de hipertensão pulmonar residual.
Métodos: Estudo retrospetivo, observacional e unicêntrico de doentes com diagnóstico confirmado de hipertensão pulmonar tromboembólica crónica submetidos a endarterectomia pulmonar entre janeiro de 2010 e outubro de 2024. Todos os doentes realizaram ecocardiograma transtorácico no momento do diagnóstico. Após a endarterectomia pulmonar, os doentes foram submetidos a cateterismo direito para exclusão de hipertensão pulmonar residual (pressão média da artéria pulmonar ≥ 30 mmHg). Os parâmetros ecocardiográficos do coração direito foram analisados e comparados.
Resultados: Trinta e nove doentes com hipertensão pulmonar tromboembólica crónica foram submetidos a endarterectomia pulmonar durante o período de seguimento. A idade média ao diagnóstico foi de 57,3 anos. Dezoito doentes apresentaram hipertensão pulmonar residual documentada. A excursão sistólica do plano anular tricúspide (p=0,010), área tele-diastólica do ventrículo direito (p < 0,001), área tele-sistólica do ventrículo direito (p < 0,001), variação fracional da área (p=0,006), a razão TAPSE/pressão sistólica da artéria pulmonar (p=0,002), e índices de excentricidade diastólico (p=0,002) e sistólico (p=0,036) foram significativamente diferentes entre os dois grupos. A área tele-sistólica e a área tele-diastólica do ventrículo direito estavam independentemente associadas à hipertensão pulmonar residual (p=0,023 e p=0,013, respetivamente), sendo que os doentes com área tele-diastólica do ventrículo direito superior a 27,13 cm² (AUC 0,88, sensibilidade 89%, especificidade 85%, razão de probabilidades 44) e área tele-sistólica do ventrículo direito superior a 19,54 cm² (AUC 0,875, sensibilidade 88%, especificidade 85%, razão de probabilidades 38,5) apresentaram maior probabilidade de desenvolver hipertensão pulmonar residual após a endarterectomia pulmonar.
Conclusão: Este estudo demonstra que determinados parâmetros ecocardiográficos podem ser preditores do desenvolvimento de hipertensão pulmonar residual após endarterectomia pulmonar, contudo é essencial a validação em coortes de maior dimensão.
Introduction and objectives: Pulmonary endarterectomy should be considered in all patients with chronic thromboembolic pulmonary hypertension. 25% of patients maintain pulmonary hypertension after pulmonary endarterectomy, with therapeutic and prognostic implications. We aimed to evaluate echocardiographic parameters at diagnosis as predictors for development of residual pulmonary hypertension.
Methods: Retrospective, observational, unicentric study of patients with confirmed chronic thromboembolic pulmonary hypertension who underwent pulmonary endarterectomy between January 2010 and October 2024. All patients underwent transthoracic echocardiogram at diagnosis. After pulmonary endarterectomy, patients had a right heart catheterization to exclude residual pulmonary hypertension (mean pulmonary artery pressure ≥30mmHg). Right heart echocardiographic parameters were assessed and compared.
Results: 39 patients had chronic thromboembolic pulmonary hypertension and underwent pulmonary endarterectomy during the follow-up period. Mean age at diagnosis was 57.3 years-old. 18 patients had documented residual pulmonary hypertension. Tricuspid annular plane systolic excursion (p=0.010), end-diastolic right ventricular area (p<0.001), end-systolic right ventricular area (p<0.001), fractional area change (p=0.006), tricuspid annular plane systolic excursion/pulmonary artery systolic pressure ratio (p=0.002), diastolic (p=0.002) and systolic eccentric ratio (p=0.036) were significantly different between the two groups. End-systolic right ventricular area and end-diastolic right ventricular area were independently associated with residual pulmonary hypertension (p=0.023 and p=0.013), and those with end-diastolic right ventricular area above 27.13cm2 (area under the curve [AUC] 0.88, sensitivity 89%, specificity 85%, odds ratio 44) and end-systolic right ventricular area >19.54cm2 (AUC 0.875, sensitivity 88%, specificity 85%, odds ratio 38.5) had higher probability of developing residual pulmonary hypertension after pulmonary endarterectomy.
Conclusion: This study shows that certain echocardiographic parameters could be predictors of development of residual pulmonary hypertension after pulmonary endarterectomy; however, validation in larger cohorts is mandatory.