O rastreio de doença coronária (DC) no diabético assintomático encerra algumas controvérsias sobre os indivíduos que precisam de ser rastreados e os métodos que devemos utilizar de forma mais racional para o fazer.
Os critérios e parâmetros que podem ajudar a refinar o risco global de uma população, já em si mesma de risco elevado, mudaram com um conhecimento progressivo do impacto relativo de cada um dos marcadores de risco e da aplicação de tabelas e estudos epidemiológicos ao mundo real, sendo provável que o risco calculado nos tradicionais factores de risco tenha vindo a ser sobrestimado durante anos.
O artigo pretende realçar o valor de novos marcadores de risco na avaliação global das pessoas com diabetes e identificar os melhores testes diagnósticos para conseguir seleccionar aqueles que podem vir a beneficiar de estratégias de revascularização ou objectivos terapêuticos mais agressivos, mesmo quando ainda não apresentam sintomas.
Nesse sentido, salientamos a presença de doença renal e neuropatia autonómica cardiovascular ou a existência de doença aterosclerótica noutros territórios, como fatores que podem aumentar exponencialmente o risco de eventos nos diabéticos.
Para racionalizar os métodos de diagnóstico propomos também uma abordagem sequencial que combine informação anatómica e funcional e a potencialidade do uso do score de cálcio coronário como «filtro» para recorrermos a testes mais caros, de menor acessibilidade, com o objectivo de optimizarmos o custo-benefício do rastreio.
Screening for coronary artery disease (CAD) in the asymptomatic diabetic patient is controversial with respect to both patient selection and rational choice of screening methods.
Epidemiological studies in the real world and improved knowledge on risk markers have changed the criteria that help refine global risk stratification in a patient population that is per se high risk. Over the past years, it is likely that we have been overestimating the risk when using the classical risk factors.
This review highlights the role of novel risk markers in the global assessment of diabetic patients, and identifies the best diagnostic approaches to select those patients who might benefit most from revascularization procedures or more aggressive treatment goals, despite the absence of symptoms.
Factors such as the presence of kidney disease, cardiovascular autonomic neuropathy or atherosclerotic disease in other arterial territories, may exponentially increase the risk of poor outcomes in diabetic patients.
With the aim of rationalizing the use of diagnostic procedures, we propose a sequential approach that combines anatomic and functional data with the coronary calcium score. This approach may serve as a filter to select patients for further assessment with more expensive and less available tests so as to optimize the cost-benefit ratio of screening.