Foi de facto um enorme privilégio e uma honra servir mais uma vez a nossa Sociedade Portuguesa de Cardiologia, no quadriénio de 2016 a 2019, desta feita na qualidade de Editor Principal da Revista Portuguesa de Cardiologia. Foi uma pesada responsabilidade em muito aliviada pelo extraordinário contributo do grupo de colegas e amigos que me acompanharam de uma forma dedicada e empenhada neste desígnio. Esta grande equipa, a quem agradeço profundamente o seu trabalho e apoio incondicional, foi constituída por Editores Delegados, Editores Associados, Editores de Suplementos, de Estatística, de Ética e de Multimédia, Consultora Editorial e Bibliográfica, bem como de todo o Corpo Redatorial e de revisores da Revista Portuguesa de Cardiologia. Uma palavra especial de agradecimento é também devida, sem qualquer tipo de dúvidas, ao secretariado da Revista, que foi inexcedível na sua dedicação e profissionalismo.
Esta caminhada foi uma fantástica experiência de aprendizagem pessoal, muito estimulante do ponto de vista intelectual, em muito devido à interação que me foi proporcionada ao longo destes anos com inúmeras personalidades nacionais e internacionais. A nossa equipa editorial nunca ficou acomodada e fez um esforço contínuo de inovação e de melhoria. De facto, na Revista Portuguesa de Cardiologia, nestes últimos quatro anos, para além do trabalho editorial de rotina, foram desenvolvidas uma série de novas iniciativas. A saber:
- 1.
Foram atualizadas as normas de publicação na RPC com a prestimosa ajuda da nossa Consultora Editorial e Bibliográfica, Dra. Helena Donato.
- 2.
Foi criada uma ficha de apoio ao trabalho dos revisores de forma a harmonizar esse trabalho assegurando ao mesmo tempo que os aspetos mais importantes eram devidamente cobertos.
- 3.
Foi criado pela primeira vez, em 2016, um editorial dedicado aos 10 melhores artigos publicados na Revista Portuguesa de Cardiologia, sob a responsabilidade do nosso saudoso Editor Delegado Prof. Seabra Gomes. Esta iniciativa evoluiu posteriormente para um artigo conjunto da Revista Portuguesa de Cardiologia e dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia no qual é apresentado o que de melhor é publicado no ano anterior dos dois lados do Atlântico.
- 4.
Publicaram‐se 12 números da Revista por ano com o objetivo de dar escoamento ao número crescente de artigos de elevada qualidade que foram aceites para publicação.
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Desenvolveram‐se os sumários eletrónicos da Revista, os quais foram divulgados por mais de 7000 profissionais de saúde em Portugal, bem como por todos os sócios da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
- 6.
Foi criada uma App da Revista para consulta rápida e fácil dos artigos nela publicados.
- 7.
A Revista tornou‐se presença habitual no Twitter à semelhança da generalidade dos jornais científicos atuais. A entrada da Revista no Facebook e no Linkedin será com certeza uma realidade em 2020.
- 8.
O artigo recomendado do mês deixou de ser publicado sob a forma escrita para passar a ser uma entrevista dinâmica e interativa em vídeo, com assinalável êxito aliás, traduzido pelas várias centenas de visualizações que teve mensalmente.
- 9.
Foi disponibilizado aos autores a ferramenta da Plum X Analytics, a qual permite seguir o número de visualizações e de citações dos artigos publicados na Revista. Esta funcionalidade pode ser encontrada no novo website que, entretanto, foi criado.
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A Dra. Adriana Belo disponibilizou‐se para efetuar a revisão estatística de todos os artigos originais com potencial para serem aceites para publicação na nossa Revista.
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A Revista ganhou, em 2017, o prestigiado Prémio Internacional Magda Heras relativo ao melhor artigo publicado em revistas de Cardiologia latino‐americanas.
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Finalmente, o nível de exigência da revisão da Revista aumentou progressivamente ao longo dos últimos quatro anos situando‐se a taxa de rejeição de trabalhos, em 2019, acima dos 85%.
Nos últimos cinco anos verificou‐se uma evolução positiva do fator de impacto da Revista Portuguesa de Cardiologia, tendo‐se atingido um máximo histórico em 20161 e depois estabilizado à volta do 0,8 (Figure 1).
Existe claramente potencial para que o fator de impacto suba um pouco mais, uma vez que existem sinais claros de que a qualidade dos artigos científicos publicados na Revista despertam o interesse dos leitores a nível mundial. A provar esta afirmação está a evolução do índice de imediaticidade (immediacy índex), o qual é uma medida da rapidez com que um determinado artigo da Revista Portuguesa de Cardiologia é citado após a sua publicação. Como se pode observar na Figure 2, este índice tem vindo a aumentar ao longo dos anos, tendo quase duplicado em 2016 (0,489). Este índice não parou de crescer até à última data em que temos dados disponíveis (2017), o que nos confere um lugar de destaque no ranking mundial das revistas científicas, imediatamente atrás do Clinical Cardiology, do American Heart Journal e do Circulation Journal.
Mas a questão é: se existe tanto interesse nos artigos por nós publicados, porque é que o nosso fator de impacto não aumenta? A resposta será seguramente multifactorial, mas o principal problema é o excessivo tempo que atualmente temos desde a aceitação do artigo até à sua publicação. Este atraso é essencialmente determinado pelo elevado tempo de tradução e verificação da qualidade da escrita em língua inglesa. Ao longo dos últimos quatro anos foram efetuadas duas tentativas para se aumentar o apoio ao nosso tradutor oficial, o primeiro com uma empresa espanhola e posteriormente com uma empresa portuguesa. Infelizmente os resultados não foram satisfatórios, em ambos os casos, pois a qualidade do trabalho realizado não cumpriu os standards da nossa Revista. Em dezembro de 2019, foi identificada uma tradutora nativa inglesa que está a trabalhar numa Universidade portuguesa a qual poderá constituir uma solução para este problema. O tempo o dirá.
Muitos dos objetivos a que nos propusémos inicialmente2 já foram concretizados ou estão em fase final de concretização. Persistem, no entanto, ainda alguns importantes desafios para o futuro da nossa Revista. Estou certo de esses desafios serão apropriadamente ganhos pelo novo Editor Principal da Revista Portuguesa de Cardiologia, Prof. Nuno Cardim, em conjunto com a sua experiente Equipa Editorial. Estou pois certo de que o futuro será brilhante e de que o crescimento da Revista Portuguesa está assegurado.
As minhas últimas palavras são de profundo agradecimento a todos aqueles que acreditaram nesta Equipa Editorial e nos apoiaram ao longo destes quatro anos. Nada do que se conseguiu atingir teria sido possível sem o apoio incondicional das três Direções da Sociedade Portuguesa de Cardiologia com as quais tivemos o privilégio de trabalhar, bem como de todo o trabalho prévio estruturante que foi desenvolvido pelos vários responsáveis da Revista Portuguesa de Cardiologia que nos antecederam. Bem‐haja a todos!
Conflitos de interesseO autor declara não haver conflitos de interesse.