Informação da revista
Vol. 30. Núm. 7 - 8.
Páginas 655-663 (julho - agosto 2011)
Partilhar
Partilhar
Baixar PDF
English PDF
Mais opções do artigo
Vol. 30. Núm. 7 - 8.
Páginas 655-663 (julho - agosto 2011)
Artigo Original
Open Access
Predição do risco de evento cerebrovascular após um enfarte agudo do miocárdio
Prediction of cerebrovascular event risk following myocardial infarction
Visitas
9022
Sérgio Barra
Autor para correspondência
sergioncbarra@gmail.com

Autor para correspondência.
, Rui Providência, Pedro Lourenço Gomes, Joana Silva, Luís Seca, José Nascimento, A.M. Leitão-Marques
Serviço de Cardiologia, Centro Hospitalar de Coimbra, Coimbra, Portugal
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Resume
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Resumo
Introdução

Doentes com doença coronária (DC) têm risco aumentado de acidente vascular cerebral (AVC). O objectivo deste estudo foi analisar o poder prognóstico de determinadas variáveis clínicas e analíticas na predição do risco de evento cerebrovascular (CBV) após enfarte agudo do miocárdio (EAM).

Métodos

404 doentes consecutivos (idade média 68,1 ± 13,7, 63,5% do sexo masculino, 37,4% com diabetes mellitus [DM]) sem antecedentes de AVC admitidos com o diagnóstico de EAM e que sobreviveram ao internamento. Dados recolhidos: factores de risco cardiovascular (CV), glicemia na admissão (GlicAd), HbA1c, creatinina, níveis máximos de troponina I (MaxTrop), taxa de filtração glomerular (TFG) calculada pelas fórmulas MDRD e Cockcroft-Gault, GRACE score para mortalidade intra-hospitalar e aos 6 meses (MIH e M6M, respectivamente), Killip Class máximo (KCm) e extensão da coronariopatia. Os doentes tiveram alta em ritmo sinusal, foram seguidos por dois anos e cada variável avaliada como possível preditor de AVC ou acidente isquémico transitório (AIT).

Resultados

Durante o follow-up, 27 doentes foram admitidos por evento cerebrovascular. A presença de DM, hipertensão, dislipidemia e DC prévia, o tipo de EAM (STEMI versus NSTEMI) e a extensão da coronariopatia não ajudaram a prever o risco de AVC/AIT. As seguintes variáveis associaram-se a maior risco de AVC/AIT: TFG < 60ml/min/m2 (p=0,029, OR 2,65, IC95% 1,07-6,55); KCm > 1 (p = 0,025, OR 2,71, CI95% 1,10-6,69); GRACE MIH > 180 (p=0,001, OR 4,09, CI95% 1,64-10,22); GRACE M6M > 150 (p=0,001, OR 4,50, CI95% 1,80-6,27); GlicAd > 140mg/dL (p=0,001, OR 5,74, CI95% 1,87-17,58); MaxTrop > 42 ng/mL (p=0,032, OR 2,64, CI95% 1,06-6,59). Regressão Logística obteve um modelo com os preditores GRACE M6M > 150 (OR 3,26, p=0,014) e GlicAd > 7,7 mmol/L (OR 4,09, p=0,017) que se ajustou bem aos dados (Hosmer-Lemeshow: p=0,969).

Discussão/conclusões

Em doentes com EAM, varáveis habitualmente úteis na predição do risco de MIH, como GlicAd e função renal, insuficiência cardíaca aguda e o score de GRACE mostraram valor como preditores de AVC/AIT durante um follow-up de 2 anos. Enquanto um valor do Score de GRACE M6M > 150 e GlicAd > 7,7 mmol/L se assumiram como preditores independentes de AVC/AIT, os factores de risco CV, a presença de CAD prévia e a extensão da coronariopatia não acrescentaram valor preditivo. Este estudo reforça a necessidade de uma prevenção secundária ainda mais agressiva em doentes com GRACE e GlicAD na admissão mais altos e com maior grau de disfunção renal.

Palavras-chave:
Acidente vascular cerebral
Enfarte agudo do miocárdio
Predição de risco
Eventos vasculares
Abstract
Introduction

Patients with coronary artery disease (CAD) are at increased risk of stroke. The aim of this study was to analyze the prognostic accuracy of selected clinical and laboratory variables in stroke risk prediction following discharge after myocardial infarction (MI).

Methods

We analyzed 404 consecutive patients (aged 68.1±13.7 years; 63.4% male; 37.4% with diabetes) without previous stroke who were discharged in sinus rhythm after being admitted for MI. The following data were collected: cardiovascular risk factors, admission blood glucose (BG), HbA1c, creatinine, peak troponin levels; glomerular filtration rate (GFR) by the MDRD formula; maximum Killip class; GRACE score for in-hospital and 6-month mortality; and extent of CAD. Patients were followed for two years and each variable was tested as a possible predictor of cerebrovascular events (stroke or transient ischemic attack [TIA]).

Results

During follow-up, 27 patients were admitted for stroke or TIA. The presence of diabetes, hypertension, dyslipidemia and previously known CAD, type of MI (STEMI vs NSTEMI) and extent of CAD did not predict cerebrovascular risk. The following variables were associated with higher stroke risk: GFR <60ml/min/m2 (p=0.029, OR 2.65, 95% CI 1.07-6.55); maximum Killip class >1 (p=0.025, OR 2.71, 95% CI 1.10-6.69); GRACE in-hospital mortality >180 (p=0.001, OR 4.09, 95% CI 1.64-10.22); admission BG >140 mg/dl (p=0.001, OR 5.74, 95% CI 1.87-17.58); GRACE 6-month mortality >150 (p=0.001, OR 4.50, 95% CI 1.80-6.27); and peak troponin >42ng/ml (p=0.032, OR 2.64, 95% CI 1.06-6.59). Logistic regression analysis produced a model with the predictors GRACE 6-month mortality >150 (OR 3.26; p=0.014) and admission BG >7.7mmol/l (OR 4.09; p=0.017) that fi tted the data well (Hosmer-Lemeshow: p=0.916).

Discussion/conclusions

In patients with MI, variables known to be predictors of in-hospital mortality, including admission BG, renal function, acute heart failure and GRACE score, were found to be useful predictors of stroke during 2-year follow-up. While both GRACE score for 6-month mortality >150 and admission BG >7.7 mmol/l were independent predictors of stroke, CV risk factors, previously known CAD, and extent of CAD assessed by coronary angiography did not improve stroke risk prediction. This study highlights the need for even more aggressive secondary prevention in patients most at risk.

Keywords:
Cerebrovascular disorders
Acute myocardial infarction
Risk prediction
Vascular events
O texto completo está disponível em PDF
Bibliografia
[1.]
American Heart Association. Atrial Fibrillation [consultado a 20 de Jul de 2010]. Disponível em: http://www.americanheart. org/presenter.jhtml?identifier=4451.
[2.]
M Paciaroni, G Agnelli, W Ageno, et al.
Risk factors for cerebral ischemic events in patients with atrial fibrillation on warfarin for stroke prevention.
Atherosclerosis, 210 (2010), pp. 1484-1879
[3.]
Grace ACS Risk Model [consultado a 20 de Jul de 2010]. Disponível em: http://www.outcomes-umassmed.org/externalwindow. cfm?url=http://www.outcomes.org/grace/acs_risk/acs_risk.html&link=http://www.outcomes-umassmed.org/grace/&deptname=center %20for %20outcomes %20research.\
[4.]
D Tanne, U Goldbourt, M Zion, et al.
Frequency and prognosis or stroke/TIA among 4808 survivors of acute myocardial infarction. The SPRINT Study Group.
Stroke, 10 (1993), pp. 1490-1495
[5.]
E Loh, M Sutton, C Wun, et al.
Ventricular dysfunction and the risk of stroke after myocardial infarction.
[6.]
U Sampson, M Pfeffer, J McMurray, et al.
Predictors of stroke in high-risk patients after acute myocardial infarction: insights from the VALIANT trial.
Eur Heart J, 28 (2007), pp. 685-691
[7.]
B Witt, R Brown, S Jacobsen, et al.
A community-based study of stroke incidence after myocardial infarction.
Annals of Internal Medicine, 143 (2005), pp. 785-792
[8.]
J Lichtman, H Krumholz, Y Wang, et al.
Risk and predictors of stroke after myocardial infarction among the elderly.
Circulation, 105 (2002), pp. 1082
[9.]
E Petrea, A Beiser, S Seshadri, et al.
Gender differences in stroke incidence and poststroke disability in the Framingham Heart Study.
Stroke, 40 (2009), pp. 1032-1037
[10.]
P Thompson, J Robinson.
Stroke after acute myocardial infarction: relation to infarct size.
Br Med J, 2 (1978), pp. 457-459
[11.]
T Mooe, P Eriksson, B Stegmayr.
Ischemic stroke after acute myocardial infarction.
Stroke, 28 (1997), pp. 762-767
[12.]
G Ramsay, M Podogrodzka, C McClure, et al.
Risk prediction in patients presenting with suspected cardiac pain: the GRACE and TIMI risk scores versus clinical evaluation.
QJM, 100 (2007), pp. 11-18
[13.]
P Appelros, I Nydevik, A Seiger, et al.
Predictors of severe stroke: influence of preexisting dementia and cardiac disorders.
Stroke, 33 (2002), pp. 2357-2362
[14.]
J Witt, J Brown, J Jacobsen, et al.
Ischemic stroke after heart failure: a community-based study.
A Heart J, 152 (2006), pp. 102-109
[15.]
M Hyvärinen, Q Qiao, J Tuomilehto, et al.
Hyperglycemia and stroke mortality: comparison between fasting and 2-h glucose criteria.
Diabetes Care, 32 (2009), pp. 348-354
[16.]
X Yang, GT Ko, Y So, et al.
Additive interaction of hyperglycemia and albuminuria on risk of ischemic stroke in type 2 diabetes: Hong Kong Diabetes Registry.
Diabetes Care, 31 (2008), pp. 2294-2300
[17.]
ED Poggio, PC Nef, X Wang, et al.
Performance of the Cockcroft-Gault and Modification of Diet in Renal Disease equations in estimating GFR in ill hospitalized patients.
Am J Kidney Dis, 46 (2005), pp. 242-252
[18.]
S Kaptoge, E Di Angelantonio, Emerging Risk Factors Collaboration Coordinating Centre, et al.
C-reactive protein concentration and risk of coronary heart disease, stroke, and mortality: an individual participant meta-analysis.
[19.]
V Huikuri, V Mahaux, P Bloch-Thomsen.
Cardiac arrhythmias and risk stratification after myocardial infarction: results of the CARISMA pilot study.
Pacing Clin Electrophysiol, 26 (2003), pp. 416-419
Copyright © 2011. Sociedade Portuguesa de Cardiologia
Baixar PDF
Idiomas
Revista Portuguesa de Cardiologia
Opções de artigo
Ferramentas
en pt

Are you a health professional able to prescribe or dispense drugs?

Você é um profissional de saúde habilitado a prescrever ou dispensar medicamentos

Ao assinalar que é «Profissional de Saúde», declara conhecer e aceitar que a responsável pelo tratamento dos dados pessoais dos utilizadores da página de internet da Revista Portuguesa de Cardiologia (RPC), é esta entidade, com sede no Campo Grande, n.º 28, 13.º, 1700-093 Lisboa, com os telefones 217 970 685 e 217 817 630, fax 217 931 095 e com o endereço de correio eletrónico revista@spc.pt. Declaro para todos os fins, que assumo inteira responsabilidade pela veracidade e exatidão da afirmação aqui fornecida.