Este é o último editorial que escrevo como Editor Principal da Revista Portuguesa de Cardiologia, cargo que tive a honra de ocupar durante 16 anos. Tenho três objetivos principais com este texto: 1. fazer um curto resumo do que foram estes 16 anos; 2. despedir‐me dos leitores; 3. dar as boas vindas ao novo Editor Principal da revista.
Ao longo de 16 anos muito se passou no mundo da cardiologia, em particular da portuguesa, e no mundo editorial. Contudo, gostaria de realçar como os principais objetivos atingidos os seguintes: edição bilingue, com todos os artigos traduzidos para inglês e nalguns casos publicados apenas em inglês, por um tradutor profissional nativo; indexação da revista em todos os indexadores oficiais internacionais, culminado com a obtenção dum Fator de Impacto em 2012; publicação por um publisher internacional de reconhecido mérito. Claro que muitos outros aspetos foram desenvolvidos durante este período, mas os três que realço permitiram atingir alguns objetivos essenciais para tornar a nossa revista uma referência da cardiologia internacional, sendo uma plataforma que permitiu aumentar exponencialmente a visibilidade da cardiologia portuguesa.
Um outro elemento importante foi a nossa integração, desde a sua fundação em 2009, do Editor's network, uma iniciativa da Sociedade Europeia de Cardiologia envolvendo os editores das revistas nacionais dos vários países membros. Este fator contribui adicionalmente para a internacionalização da nossa revista.
A RPC é hoje uma revista moderna, de elevado prestígio científico a nível nacional e internacional, constituindo um veículo único da divulgação do que se pratica e produz na área cardiovascular em Portugal. Mas a evolução que a RPC teve nos últimos anos permitiu transcender este objetivo primário. Ou seja, sobretudo após a obtenção dum Fator de Impacto, a RPC entrou no «mercado» internacional das publicações na área cardiovascular, com um crescimento exponencial no número de submissões provenientes no estrangeiro. Obviamente que a implicação imediata deste facto foi um aumento significativo da taxa de rejeição que se situa atualmente em cerca de 60%.
Foram várias as apostas feitas ao longo destes anos que apenas se puderam concretizar devido ao apoio sempre presente das várias Direções com que tive o privilégio de trabalhar e a quem quero deixar um agradecimento público. Foram várias as pessoas que contribuíram para o sucesso da nossa revista e a quem quero expressar o meu agradecimento pelo apoio constante. Em primeiro lugar, o conjunto de Editores Associados (Dr. João de Sousa, Prof. José Carlos Silva Cardoso, Dr. Manuel Almeida, Prof. Manuel Antunes, Prof. Nuno Cardim, Prof. Pedro Monteiro) que foram inexcedíveis na sua disponibilidade e envolvimento; o Corpo Redatorial, que envolveu vários colegas que tiveram uma colaboração exemplar sempre que solicitada; o tradutor, Mr. Paul Covill, seguramente o melhor e mais rigoroso tradutor com quem alguma vez trabalhei. Finalmente uma palavra muito especial para as duas pessoas que mais me ajudaram ao longo de estes anos e a quem a revista e a sociedade devem muito. A Dra. Isabel Ribeiro e a Dra. Sílvia Silva foram de um profissionalismo e dedicação exemplares, como é raro ver hoje em dia. Fica pois o meu muito obrigado pelo que fizeram (e me aturaram). A revista não seria o que é hoje se não fosse o vosso contributo e dedicação.
Em relação ao futuro, não poderia ficar mais descansado sabendo que à frente da revista irá ficar uma personalidade do calibre do Prof. Lino Gonçalves, uma referência da cardiologia portuguesa, dentro e fora de portas. O seu curriculum aliado à sua reconhecida experiência são o garante para um futuro brilhante da nossa revista.
Termino expressando o quão me senti privilegiado e honrado por ter conduzido a nossa revista durante 16 anos, contribuindo para tornar a nossa cardiologia mais visível e forte. Agora o futuro está já aí e estou seguro que será brilhante.