Introdução e Objetivos: A intervenção coronária percutânea (ICP) de lesões severamente calcificadas está associada a maior risco de complicações procedimentais, expansão subótima de stent e reestenose intra-stent (RIS). A preparação com aterectomia orbital (AO) em lesões severamente calcificadas tem demonstrado aumentar o sucesso procedimental e diminuir as taxas de re-intervenção. Neste estudo, procuramos relatar a segurança e a eficácia procedimental da experiência inicial com AO num centro não cirúrgico em Portugal.
Métodos: Doentes com lesões coronárias severamente calcificadas tratadas com AO e ICP guiada por ultrassonografia intravascular (IVUS) foram incluídos num registo prospetivo unicêntrico. Foram avaliados vários desfechos, incluindo: sucesso de preparação da lesão, definido como gravidade de estenose residual <50% após AO; sucesso procedimental, definido com implantação de stent de acordo com os critérios de ICP Otimal-IVUS; necessidade de utilização de técnicas adicionais de modificação de cálcio; e complicações procedimentais, incluído fenómeno de no-reflow coronário, disseção, perfuração ou oclusão de ramo lateral. Os doentes foram acompanhados durante 30 dias com intenção de avaliar morte cardiovascular precoce ou relacionada com o procedimento, enfarte agudo do miocárdio, lesão miocárdica e re-intervenção.
Resultados: Entre janeiro de 2023 e setembro de 2023, 37 doentes e 53 artérias coronárias foram tratados com AO. A imagiologia intra-coronária com IVUS foi utilizada em todos os casos. O sucesso de preparação da lesão e procedimental foram alcançados em 90,5% e 97,3% dos casos, respetivamente. Em 26 (49,1%) lesões, foram necessárias técnicas adicionais de modificação de cálcio. Complicações procedimentais ocorreram em três casos e um doente morreu durante o internamento.
Conclusões: A nossa experiência inicial com AO para lesões coronárias severamente calcificadas demonstrou alto risco de sucesso procedimental e segurança clínica.
Introduction and Objectives: Percutaneous coronary intervention (PCI) of severely calcified lesions is associated with a higher risk of procedural complications, suboptimal stent expansion, and in-stent restenosis. Lesion preparation with orbital atherectomy (OA) in severely calcified lesions has been shown to increase procedural success and decrease reintervention rates. In this study, we sought to report the procedural safety and efficacy of our initial experience with OA in a non-surgical center in Portugal.
Methods: Patients with severely calcified coronary lesions who were treated with intended intravascular ultrasound (IVUS) guided OA were included in a prospective single-center registry. We evaluated several endpoints, including: debulking success, defined <50% residual stenosis severity after OA; procedural success, defined as stent implantation according to Optimal-IVUS PCI criteria; use of additional calcium debulking strategies; and procedural complications, including coronary no-reflow, dissection, perforation or side branch occlusion. Patients were followed up for 30 days to assess early cardiovascular or procedure-related death, myocardial infarction, myocardial injury and reintervention.
Results: Between January 2023 and September 2023, 37 patients and 53 coronary arteries underwent OA. IVUS imaging was used in all cases. Debulking and procedural success were achieved in 90.5% and 97.3% of cases, respectively. In 26 (49.1%) lesions, additional calcium debulking techniques were needed. Procedural complications occurred in three cases and one patient died during hospitalization.
Conclusion: Our initial experience with OA for heavily calcified coronary lesions demonstrated high procedural success and overall favorable clinical outcomes.