Informação da revista
Vol. 30. Núm. 10.
Páginas 771-779 (outubro 2011)
Partilhar
Partilhar
Baixar PDF
English PDF
Mais opções do artigo
Vol. 30. Núm. 10.
Páginas 771-779 (outubro 2011)
Artigo original
Open Access
Implicações prognósticas da pressão telediastólica do ventrículo esquerdo nas síndromes coronárias agudas com fracção de ejecção maior ou igual a 40%
Prognostic implications of left ventricular end-diastolic pressure in acute coronary syndromes with left ventricular ejection fraction of 40% or over
Visitas
11260
Rogério Teixeira
Autor para correspondência
rogeriopteixeira@gmail.com

Autor para correspondência.
, Carolina Lourenço, Rui Baptista, Elisabete Jorge, Paulo Mendes, Fátima Saraiva, Sílvia Monteiro, Francisco Gonçalves, Pedro Monteiro, Maria João Ferreira, Mário Freitas, Luís Providência
Serviço de Cardiologia, Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Resume
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Resumo
Introdução

Permanecem dúvidas sobre o impacto prognóstico a longo prazo da pressão telediastólica do ventrículo esquerdo (PTDVE) no contexto de uma síndrome coronária aguda (SCA).

Objectivo

Caracterizar a PTDVE e o seu impacto prognóstico numa população de doentes com SCA e fracção de ejecção ventricular esquerda (FEVE) ≥ a 40%.

População e métodos

Estudo prospectivo, longitudinal e contínuo de 1329 doentes admitidos (n=489) numa unidade de cuidados intensivos coronários entre 2004 e 2006. Foram seleccionados os doentes submetidos a uma estratégia invasiva, no qual foi determinada a PTDVE, com FEVE ≥ 40%. A população foi divida em três grupos: A — PTDVE ≤ 19mmHg (n=186); grupo B — PTDVE > 19 ≤ 27mmHg (n=172) e; grupo C — PTDVE > 27mmHg (n=131). O resultado primário desta análise foi a readmissão por insuficiência cardíaca congestiva (ICC) no ano seguinte à SCA.

Resultados

A PTDVE média da população foi de 22,8mmHg±7,8 mmHg. Os grupos eram homogéneos entre si no que disse respeito ao género, idade, factores de risco cardiovascular, história cardiovascular e medicação prévia à admissão. Quanto maior a PTDVE maior a probabilidade de uma admissão por enfarte agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (35,4 versus 45,9 versus 56,7%, p<0,01), maior a libertação de marcadores de necrose miocárdica, e menor a FEVE (56,5±7,0 versus 55,3±7,6 versus 53,0±7,5%, p<0,01). Não foram detectadas diferenças entre os grupos relativamente à anatomia coronária, revascularização, terapêutica médica intra-hospitalar e à data de alta, e mortalidade intra-hospitalar. Quanto ao resultado primário desta análise, a sobrevida livre de readmissão por ICC foi superior para os doentes com menor PTDVE — 99,4 versus 97,6 versus 94,4%, log rank p=0,02. A PTDVE (sob a forma de um incremento de 5 em 5mmHg), foi um preditor independente para a readmissão por ICC, quando ajustada para as seguintes variáveis: idade (incremento de 10 em 10 anos), FEVE (incremento de 5 em 5%), pico de troponina I (incremento de 5 em 5U/L) insuficiência renal (taxa de filtração glomerular menor a 60ml/min), fibrilhação auricular, prescrição de diuréticos às 24 horas, e de beta-bloqueante à data de alta. Por cada 5mmHg de aumento da PTDVE o risco de uma readmissão por ICC um ano após a SCA aumentou 1,97 vezes (RR 1,97, IC 95% 1,10–3,54, p=0,02).

Conclusão

Na população referida a PTDVE teve um impacto prognóstico importante a longo prazo relativamente à readmissão, hospitalar por ICC.

Palavras-chave:
Síndromes coronárias agudas
Pressão telediastólica do ventrículo esquerdo
Prognóstico
Abstract
Introduction

There is still debate concerning the impact of left ventricular end-diastolic pressure (LVEDP) on long-term prognosis after an acute coronary syndrome (ACS).

Objective

To assess LVEDP and its prognostic implications in ACS patients with left ventricular ejection fraction (LVEF) ≥40%.

Methods

We performed a prospective, longitudinal study of 1329 ACS patients from a single center between 2004 and 2006. LVEDP was assessed at the beginning of the coronary angiogram. Patients with LVEF >40% were excluded (n=489). The population was divided into three groups: A — LVEDP ≤19mmHg (n=186); B — LVEDP >19 and ≤27mmHg (n=172); and C — LVEDP >27mmHg (n=131). The primary endpoint of the analysis was readmission for congestive heart failure in the year following the index admission.

Results

Mean LVEDP was 22.8±7.8mmHg. The groups were similar age, gender, cardiovascular risk factors, cardiovascular history, and medication prior to admission. There was an association between higher LVEDP and: admission for ST-elevation acute myocardial infarction (35.4 vs. 45.9 vs. 56.7%, p<0.01), higher peak levels of cardiac biomarkers, and lower LVEF (56.5±7.0 vs. 55.3±7.6 vs. 53.0±7.5%, p<0.01). There were no significant differences between the groups in terms of coronary anatomy, medical therapy during hospital stay and at discharge, or in-hospital mortality. With regard to the primary endpoint, cumulative freedom from congestive heart failure was higher in group A patients (99.4 vs. 97.6 vs. 94.4%, log rank p=0.02). In a multivariate Cox regression model, a 5-mmHg increase in LVEDP (HR 1.97, 95% CI 1.10–3.54, p=0.02) remained an independent predictor of the primary endpoint when adjusted for age, systolic function, atrial fibrillation, peak troponin I, renal function, and prescription of diuretics and beta-blockers.

Conclusion

In selected population LVEDP was a significant prognostic marker of future admission for congestive heart failure.

Keywords:
Acute coronary syndromes
Left ventricular end-diastolic pressure
Prognosis
O texto completo está disponível em PDF
Bibliografia
[1.]
W. Little.
Assessment of normal and abnormal cardiac function.
Braunwald's Heart Disease, 6ª ed., WB Saunders Company, (2001),
[2.]
D. Brutsaert, S. Sys, T. Gillebert.
Diastolic failure: pathophysiology and therapeutic implications.
J Am Coll Cardiol, 22 (1993), pp. 318-325
[3.]
S. Poulsen, S. Jensen, K. Egstrup.
Longitudinal changes and prognostic implications of left ventricular diastolic function in first myocardial infarction.
Am Heart J, 137 (1999), pp. 910-918
[4.]
J. Forrester, G. Diamond, H. Swan.
Correlative classification of clinical and hemodynamic function after acute myocardial infarction.
Am J Cardiol, 39 (1977), pp. 137-145
[5.]
E. Siniorakis, S. Arvanitakis, G. Voyatzopoulos, et al.
Hemodynamic classification in acute myocardial infarction.
Chest, 117 (2000), pp. 1286-1290
[6.]
A.J. Kirtane, A. Bui, S.A. Murphy, em nome do TIMI Study Group, et al.
Association of epicardial and tissue-level reperfusion with left ventricular end-diastolic pressure in ST-elevation myocardial infarction.
J Thromb Thrombolysis, 17 (2004), pp. 177-184
[7.]
L. Mielniczuk, G. Lamas, G. Flaker, et al.
Left ventricular end-diastolic pressure and risk of subsequent heart failure in patients following an acute myocardial infarction.
Congest Heart Fail, 13 (2007), pp. 209-214
[8.]
K. Thygesen, J. Alpert, H. White, on nome do Joint ESC/ACCF/AHA/WHF Task Force for the Redefinition of Myocardial Infarction.
Universal definition of myocardial infarction.
Eur Heart J, 28 (2007), pp. 2525-2538
[9.]
R. Teixeira, C. Lourenço, R. Baptista, et al.
Invasive versus conservative strategy in non-ST elevation acute coronary syndromes: data from a single Portuguese center.
Rev Port Cardiol, 28 (2009), pp. 355-373
[10.]
J. Bronzwaer, B. Bruyne, C. Ascoop, et al.
Comparative effects of pacing-induced and balloon coronary occlusion ischemia on left ventricular diastolic function in man.
Circulation, 84 (1991), pp. 211-222
[11.]
K. Disckstein, A. Cohen-Solal, G. Filippatos, en nome do Authors/Task Force members; ESC Committee for Practice Guidelines, et al.
ESC Guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure 2008: The Task Force for the Diagnosis and Treatment of Acute and Chronic Heart Failure 2008 of the European Society of Cardiology. Developed in collaboration with the Heart Failure Association of the ESC (HFA) and endorsed by the European Society of Intensive Care Medicine (ESICM).
Eur Heart J, 29 (2008), pp. 2388-2442
[12.]
P. Hamosh, J. Conh.
Left ventricular function in acute myocardial infarctions.
J Clin Invest, 50 (1971), pp. 523-530
[13.]
H. Paulus, H. Heerebeek, N. Boontje, et al.
Distinct myocardial effects of beta-blocker therapy in heart failure with normal and reduced left ventricular ejection fraction.
Eur Heart J, 30 (2009), pp. 1863-1872
[14.]
A. Bergstrom, B. Anderson, M. Edner, et al.
Effect of carvedilol on diastolic function in patients with diastolic heart failure and preserved systolic function. Results of the Swedish Doppler-echocardiographic study (SWEDIC).
Eur J Heart Fail, 6 (2004), pp. 453-461
[15.]
W. Paulus, C. Tscope, J. Sanderson, et al.
How to diagnose diastolic heart failure: a consensus statement on the diagnosis of heart failure with normal left ventricular ejection fraction by the Heart Failure and Echocardiography Associations of the European Society of Cardiology.
Eur Heart J, 28 (2007), pp. 2539-2550
[16.]
European Study Group on Diastolic Heart Failure.
How to diagnose diastolic heart failure.
Eur Heart J, 19 (1998), pp. 990-1003
[17.]
J. Lindenfeld, N. Albert, J. Boehmer, et al.
HFSA 2010 Comprehensive Heart Failure Practice Guideline.
J Card Fail, 16 (2010), pp. e1-e194
[18.]
J. Moller, G. Hillis, J. Oh, et al.
Left atrial volume: a powerful predictor of survival after acute myocardial infarction.
Circulation, 145 (2003), pp. 2207-2212
[19.]
Y. Doi, T. Masuyama, K. Yamamoto.
Coronary back flow pressure is elevated in association with increased left ventricular end-diastolic pressure in humans.
Angiology, 47 (1996), pp. 1047-1051
Copyright © 2011. Sociedade Portuguesa de Cardiologia
Baixar PDF
Idiomas
Revista Portuguesa de Cardiologia
Opções de artigo
Ferramentas
en pt

Are you a health professional able to prescribe or dispense drugs?

Você é um profissional de saúde habilitado a prescrever ou dispensar medicamentos

Ao assinalar que é «Profissional de Saúde», declara conhecer e aceitar que a responsável pelo tratamento dos dados pessoais dos utilizadores da página de internet da Revista Portuguesa de Cardiologia (RPC), é esta entidade, com sede no Campo Grande, n.º 28, 13.º, 1700-093 Lisboa, com os telefones 217 970 685 e 217 817 630, fax 217 931 095 e com o endereço de correio eletrónico revista@spc.pt. Declaro para todos os fins, que assumo inteira responsabilidade pela veracidade e exatidão da afirmação aqui fornecida.