Introdução e objetivos: A adequada prescrição da intensidade do exercício aeróbico nos programas de reabilitação para doentes com insuficiência cardíaca (IC) é essencial para garantir a sua eficácia e segurança. O objetivo deste trabalho foi comparar alguns dos parâmetros frequentemente utilizados para a prescrição de exercício físico, baseados em intervalos de variáveis fisiológicas, com uma abordagem baseada nos limiares ventilatórios.
Métodos: Analisamos retrospetivamente os dados de 163 doentes com IC, incluindo todo o espectro da fração de ejeção (FE), submetidos a uma prova de esforço cardiopulmonar (PECP). As percentagens do consumo máximo de oxigénio (VO2), frequência cardíaca (FC) máxima e frequência cardíaca de reserva (FCR) foram obtidas no primeiro limiar ventilatório (VT1). Para cada parâmetro, comparamos a classificação nos diferentes graus de intensidade de exercício físico definidos pelas recomendações atuais.
Resultados: O VT1 foi observado a 82±10% da FC máxima, a 54±25% da FCR e a 54±17% do VO2 máximo, correspondendo a exercício de alta intensidade para %FC máxima, e moderada intensidade para %FCR e %VO2 máximo. Utilizando %VO2 máximo, 65% dos doentes seriam classificados no grau correto de intensidade (moderada) no VT1, mas este valor cai para 46% quando utilizada a %FCR e para 25% utilizando %FC máxima. Os doentes com FE reduzida e com melhor capacidade física, demonstraram classificações mais concordantes com a classificação baseada no limiar ventilatório.
Conclusão: Os nossos dados demonstram que a intensidade do exercício será inadequadamente classificada num terço dos doentes quando baseada nos intervalos das variáveis fisiológicas recomendadas. Estes resultados salientam a relevância de uma abordagem baseada nos limiares ventilatórios e na PECP para uma adequada prescrição de exercício nos doentes com IC.
Introduction and objective: Aerobic exercise intensity prescription is critical for the efficacy and safety of heart failure (HF) patients’ rehabilitation programs. This study aime compare some of the commonly used parameters for range-based exercise intensity prescription, with a ventilatory threshold-based approach.
Methods: We retrospectively analyzed data from 163 HF patients across a left ventricle ejection fraction (LVEF) spectrum who underwent maximal cardiopulmonary exercise testing (CPET). We measured percentages of peak oxygen uptake (VO2), peak heart rate (HR) and heart rate reserve (HRR) at the first ventilatory threshold (VT1). We compared the classification within the different exercise intensity (EI) domains defined by the current guidelines.
Results: VT1 was observed at 82±10% of peak HR, 54±25% of HRR and 54±17% of Peak VO2, corresponding to the high intensity for %peak HR, and moderate intensity domain for %HRR and %Peak VO2. Using %Peak VO2, 65% of the patients were accurately classified within the correct EI domain (moderate intensity) at VT1; however, this percentage dropped to 46% when employing %HRR and to 25% when using %Peak HR. The classification accuracy at VT1 was superior in patients with reduced LVEF and in those with higher exercise capacity.
Conclusion: Our data show that EI will be misclassified in one out of three patients if guided by current guideline-recommended range-based parameters, which emphasizes the relevance of a ventilatory threshold-based approach to adequate exercise prescription in HF patients.