Existem várias modalidades de monitorização da terapêutica anticoagulante oral, nomeadamente: monitorização a nível hospitalar efectuada por médico especialista, monitorização a nível de cuidados de saúde primários efectuada por médico de medicina geral e familiar, monitorização a nível de laboratórios de análises privados, monitorização efectuada pelo próprio doente em aparelhos de point-of-care. Em Portugal, a modalidade mais frequente continua a ser a monitorização a nível hospitalar/clínicas de anticoagulação, embora a monitorização a nível de cuidados de saúde primários/cuidados médicos de rotina, tenha começado a ser implementada em algumas zonas do país desde há cerca de 5 anos. As clínicas de anticoagulação constituem ainda na actualidade uma das organizações que melhor optimizam o seguimento clínico e laboratorial dos doentes anticoagulados com varfarina. A avaliação da qualidade do controlo anticoagulante foi avaliada, em 2011, através da determinação da proporção de RNIs dentro do intervalo terapêutico. Nesta avaliação procedeu-se à análise de doentes em regime de ambulatório, durante 2 meses, o que correspondeu a 1.067 controlos de 687 doentes (média de idades dos doentes: 69±13 anos, 54%, n=576 do sexo feminino). 71% (n=756) dos controlos estavam dentro do intervalo terapêutico. Fora do intervalo terapêutico encontraram-se 27% (n=287) controlos, após exclusão dos doentes com cirurgia ou procedimentos invasivos programados. Abaixo do intervalo terapêutico encontravam-se 13,8% (n=148), sendo que 8,6% (n=92) apresentavam RNI ≤ 1,5. Acima do intervalo terapêutico encontravam-se 13,2% (n=139) e destes 4,4% (n=46) apresentavam RNI entre 5 e 8 e 0,3% (n=4) RNI ≥ 8. O ACES do Baixo Tâmega procedeu, igualmente em 2011, à avaliação da qualidade do controlo anticoagulante através da determinação da proporção de RNIs dentro do intervalo terapêutico. Os resultados dessa avaliação são semelhantes aos encontrados na clínica de anticoagulação do Hospital de Santo António - CHP, o que mostra que a monitorização a nível de cuidados de saúde de rotina pode ter igual qualidade à da das clínicas de anticoagulação. O aparecimento de novos anticoagulantes orais, dispensando a monitorização laboratorial constitui um desafio, não havendo ainda em Portugal experiência para responder à questão se as clínicas de anticoagulação serão fundamentais para o registo dos doentes, avaliação de risco hemorrágico, seguimento clínico ou avaliação da adesão à terapêutica.
There are several modalities to monitor oral anticoagulant therapy, namely: monitoring by a secondary care specialist in the hospital setting; monitoring by the general practitioner/ family doctor in the primary care setting; monitoring by private laboratories of clinical analysis; self-monitoring with point-of-care devices. In Portugal, the most frequent modality is still the hospital monitoring/anticoagulation clinics, although monitoring in the primary care/routine medical care setting has began to be implemented in some areas of the country since five years ago. Anticoagulation clinics are still actually the organizations that optimize better the clinical and laboratorial follow up of the patients anticoagulated with warfarin. In 2011, anticoagulation control quality was evaluated, in the setting of an anticoagulation clinic (Santo António Hospital, Porto Hospital Center) by determining the proportion of INRs within the therapeutic range. The evaluation focused ambulatory patients, during a period of two months, corresponding to 1067 controls from 687 patients (mean age: 69±13 years; 54%, n=567, female gender). 71% of controls (n=756) were within the therapeutic range. 27% of controls were outside the therapeutic range, after exclusion of patients with programmed surgery or invasive proceedings. 13.8% of controls were below the therapeutic range and 8.6% (n=92) of the latter had INR ≤ 1.5. Above therapeutic range were 13.2% (n=139), from which 4.4% (n=46) had an INR between 5–8 and 0.3% (n=4) an INR ≥ 8. The group of primary care Health Centers (Portuguese acronym ACES) of the Baixo Tâmega region conducted, also in 2011, an evaluation of the anticoagulant control quality, by determining the proportion of INRs within the therapeutic range. The results were similar to those found in the anticoagulation clinic of the Hospital de Santo António which shows that the quality of monitoring in the primary care setting can have the same quality of the anticoagulation clinics monitoring. The introduction of the new oral anticoagulants, that don’t require laboratorial monitoring constitutes a challenge. In Portugal, there is no experience yet to respond to the question if, in this new context, the anticoagulation clinics will be fundamental for the registration of patients, the evaluation of the hemorrhagic risk, the clinical follow up or the evaluation of the adherence to therapy.