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Vol. 33. Issue 5.
Pages 315-316 (May 2014)
Imagem em cardiologia
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Um caso assintomático de uma aurícula esquerda gigante
An asymptomatic case of a giant left atrium
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Filipa Valente
Corresponding author
filipaxaviervalente@gmail.com

Autor para correspondência.
, David Durão, José Loureiro, Isabel Monteiro
Serviço de Cardiologia, Hospital de Santarém, Santarém, Portugal
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Uma mulher de 59 anos, trabalhadora rural, recorreu ao serviço de urgência (SU) por febre e odinofagia. Apresentava pulso irregular, na auscultação cardíaca um sopro sisto‐diastólico predominante no ápex, diminuição do murmúrio vesicular bilateral na auscultação pulmonar, macicez à percussão torácica dorsal e ligeiro edema periférico. O ECG revelou fibrilhação auricular a 93/min.

A radiografia torácica mostrou cardiomegalia acentuada (índice cardiotorácico 0,92), alargamento do ângulo da carina e elevação dos brônquios principais (Figura 1).

Figura 1.

Radiografia de tórax, projeção póstero‐anterior mostrando cardiomegalia acentuada (índice cardiotorácico 0,92) e alargamento do ângulo da carina (setas).

O ecocardiograma revelou uma aurícula esquerda gigante (AEG), com diâmetro ântero‐posterior de 10,5cm e volume indexado à superfície corporal de 1.054mL/m2 (Figura 2, vídeo 1); válvula mitral com abertura em cúpula sugestiva de etiologia reumática (vídeo 2) com regurgitação e estenose graves; regurgitação tricúspide grave e pressão sistólica na artéria pulmonar de 74mmHg.

Figura 2.

Ecocardiograma transtorácico, plano apical quatro câmaras revelando uma auricular esquerda gigante (AEG) que distorce a geometria das restantes cavidades. AD: aurícula direita; VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo.

A doente recusou intervenções adicionais ou seguimento clínico. Um ano depois, recorreu ao SU por traumatismo da mão – retomara o trabalho e continuava a recusar tratamento.

A AEG define‐se por um diâmetro ântero‐posterior ≥8cm num ecocardiograma ou se numa radiografia de tórax atingir a parede lateral direita da caixa torácica. Associa‐se à doença mitral reumática, em particular à insuficiência mitral grave pelo que raramente é assintomática. Os sintomas devem‐se à valvulopatia de base podendo ainda resultar de compressão esofágica ou das vias respiratórias e de eventos tromboembólicos. A sua aparência radiográfica pode confundir‐se com derrame pleural/pericárdico ou com uma neoplasia havendo casos descritos de «toracocentese» e «biópsia» da AEG. O seu diagnóstico torna‐se, portanto, essencial para a prevenção de eventuais complicações iatrogénicas.

Responsabilidades éticasProteção de pessoas e animais

Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Appendix A
Material suplementário

Vídeo 1. Ecocardiograma transtorácico, plano apical quatro câmaras. É evidente a aurícula esquerda gigante que comprime e altera a geometria das restantes cavidades.

(0.27MB)

Vídeo 2. Ecocardiograma transtorácico. Plano paraesternal longo eixo incidindo sobre a válvula mitral que apresenta folhetos espessados, redução da abertura diastólica e movimento «em cúpula» sugestivo de doença valvular reumática.

(0.24MB)

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