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Vol. 30. Issue 7 - 8.
Pages 689-690 (July - August 2011)
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Pages 689-690 (July - August 2011)
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Comment on «Duration of treatment with nonsteroidal anti-inflammatory drugs and impact on risk of death and recurrent myocardial infarction in patients with prior myocardial infarction. A Nationwide Cohort Study»
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Jorge Mimoso
Membro do Corpo Redactorial da Revista Portuguesa de Cardiologia
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Background

Despite the fact that nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) are contraindicated among patients with established cardiovascular disease, many receive NSAID treatment for a short period of time. However, little is known about the association between NSAID treatment duration and risk of cardiovascular disease. We therefore studied the duration of NSAID treatment and cardiovascular risk in a nationwide cohort of patients with prior myocardial infarction (MI).

Methods and results

Patients ≥30 years of age who were admitted with first-time MI during 1997 to 2006 and their subsequent NSAID use were identified by individual-level linkage of nationwide registries of hospitalization and drug dispensing from pharmacies in Denmark. Risk of death and recurrent MI according to duration of NSAID treatment was analyzed by multivariable time-stratified Cox proportional-hazard models and by incidence rates per 1000 person-years. Of the 83 677 patients included, 42.3% received NSAIDs during follow-up. There were 35 257 deaths/recurrent MIs. Overall, NSAID treatment was significantly associated with an increased risk of death/recurrent MI (hazard ratio, 1.45; 95% confidence interval, 1.29 to 1.62) at the beginning of the treatment, and the risk persisted throughout the treatment course (hazard ratio, 1.55; 95% confidence interval, 1.46 to 1.64 after 90 days). Analyses of individual NSAIDs showed that the traditional NSAID diclofenac was associated with the highest risk (hazard ratio, 3.26; 95% confidence interval, 2.57 to 3.86 for death/MI at day 1 to 7 of treatment).

Conclusions

Even short-term treatment with most NSAIDs was associated with increased risk of death and recurrent MI in patients with prior MI. Neither short- nor long-term treatment with NSAIDs is advised in this population, and any NSAID use should be limited from a cardiovascular safety point of view.

Keywords:
Antiinflammatory agents, nonsteroidal
Cyclooxygenase 2 inhibitors
Mortality
Myocardial infarction
Prognosis
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Comentário

Os anti-inflamatórios nao esteróides (AINE), tem sido largamente utilizados no tratamento da dor e das doencas reumáticas. Considerando que assistimos ao envelhecimento da população, há um aumento da prevalencia desse tipo de patologias, com o consequente aumento da utilização destes fármacos.

A inibição nao selectiva da Ciclooxigenase (COX), com agentes como o Ácido acetilsalicílico, Ibuprofeno, Indometacina e Naproxeno que levam a uma inibição simultanea das enzima COX-1 e COX-2, tem um efeito anti-inflamatório, mas aumentam o risco de gastrite erosiva e hemorragia gastrointestinal. O desenvolvimento de inibidores selectivos da COX-2 foi realizada com o intuito de redução dos efeitos gastrointestinais, dada a baixa expressão das COX-2 no tracto gastrointestinal.

A utilização de inibidores selectivos da COX-2, foi associada ao aumento do risco de enfarte do miocárdio, desde a publicação no ano 2000, do VIGOR Study 1, aumentando o alerta sobre o risco cardiovascular relacionado com a toma destes fármacos, culminando com retirada do Rofecoxib do mercado após conhecimento dos resultados do APPROVe trial 2, no qual, a sua utilização prolongada, foi associada a um aumento significativo de enfarte miocárdio nao fatal, acidente vascular cerebral (AVC) não fatal e morte de causa cardiovascular.

De facto no sistema cardiovascular, os produtos da COX regulam a interacção entre as plaquetas e a parede do vaso. Assim a inibição nao selectiva da COX com o ácido acetilsalicílico, tem efeito antiagregante plaquetar, enquanto que a inibição selectiva da COX-2 poderá levar a redução da prostaciclina endotelial com a redução da capacidade vasodilatadora a e um aumento da agregação plaquetar 3.

Esta problemática, levou à publicação em 2007 de um Scientific Statment da American Heart Associacion4, no qual se recomenda que a utilização de AINE, deve estar reservada para os pacientes em que as outras medidas de alivio da dor nao resultaram, e em última análise, deverão ser usados na dose mínima necessária e no mais curto espaco de tempo. Devem ser usados excepcionalmente em doentes com doenca renal, hipertensão arterial ou insuficiencia cardíaca. Em doentes com história recente de cirurgia de bypass aorto-coronário, enfarte miocárdio ou AVC isquémico, a utilização de inibidores selectivos da COX-2, aumenta significativamente o risco de eventos cardiovasculares.

Apesar desta contra-indicação, muitos doentes sao submetidos a terapéutica com AINE, sabendo-se pouco sobre a duração do tratamento e o risco de eventos cardiovasculares.

O artigo recomendado, estuda a relação entre a duração do tratamento com AINE e o risco de eventos cardiovasculares. Trata-se de uma população de 83 677 doentes com Enfarte miocárdio prévio, incluidos no Registo Dinamarqués de Admissoes Hospitalares de 1997 a 2006, que foram avaliados de uma forma cruzada, no Registo Dinamarqués de Prescrições Terapéuticas, se foram submetidos a terapéutica com AINE e se esse facto aumentou o risco de recorréncia de enfarte miocárdio ou mortalidade cardiovascular.

Durante o seguimento, 42,3 % dos participantes foram medicados com AINE e houve 35 257 (42,1 %) eventos cardiovasculares major (morte ou recorréncia de enfarte). Os AINE mais usados foram o Ibuprofeno (23,2 %) e o diclofenac (13,4 %).

Globalmente, o tratamento com AINE foi associado a um aumento estatisticamente significativo de morte ou recorréncia de enfarte miocárdio, desde o inicio do tratamento (hazard ratio, 1,45; 95 % do intervalo de confianca, 1,29 a 1,62), e o risco mantém-se ao longo do tratamento (hazard ratio, 1,55; 95 % do intervalo de confiança, 1,46 a 1,64 após 90 dias).

Quando se analisa cada AINE isoladamente, verificou-se que o rofecoxib aumenta o risco de morte e reenfarte após uma duração de tratamento de 7 a 14 dias, e o celecoxib após 14 a 30 dias. O diclofenac está associado a um aumento de risco desde o inicio do tratamento e o Ibuprofeno quando é usado mais de uma semana. O naproxeno nao foi associado a aumento do risco de morte ou reenfarte ao longo do tratamento.

Estes resultados, alteram a noção actual, de que uma terapéutica com AINE durante um curto período (uma semana), em doentes com patologia cardiovascular, nao aumenta o risco de eventos cardiovasculares. Assim as recomendacoes deverao ser alteradas, visto que, em caso de necessidade de utilização AINE, a escolha do fármaco deverá ser individualizada, porque podemos aumentar o risco de morte cardiovascular com o diclofenac, logo desde o inicio do tratamento, e no outro extremo o naproxeno nao foi associado a esse risco em todo o período de tratamento, podendo ser considerado o AINE com menor risco cardiovascular.

Este artigo realca a necessidade de informar a comunidade médica, que em doentes com alto risco cardiovascular, nomeadamente aqueles que já tiveram um enfarte miocárdio, a utilização de AINE deve ser muito restrita, só devendo ser utilizada quando outras medidas terapéuticas falham no alívio sintomático, devendo-se seleccionar o agente AINE, pois a sua escolha poderá condicionar um aumento do risco de morte ou reenfarte logo desde o inicio do tratamento.

Bibliografia
[1.]
C. Bombardier, L. Laine, A. Reicin, VIGOR Study Group, et al.
Comparison of upper gastrointestinal toxicity of rofecoxib and naproxen in patients with rheumatoid arthritis.
N Engl J Med, 343 (2000), pp. 1520-1528
[2.]
J.A. Baron, R.S. Sandler, R.S. Bresalier, et al.
Cardiovascular events associated with rofecoxib: final analysis of the APPROVe trial.
Lancet, 372 (2008), pp. 1756-1764
[3.]
T. Grosser, S. Fries, G.A. Fitzgerald.
Biological basis for the cardiovascular consequences of COX-2 inhibition: therapeutic challenges and opportunities.
J Clin Invest, 116 (2006), pp. 4-15
[4.]
E.M. Antman, J.S. Bennett, A. Daugherty, Taubert, et al.
Use of nonsteroidal antiinflammatory drugs: an update for clinicians: a scientific statement from the American Heart Association.
Circulation, 115 (2007), pp. 1634-1642
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