TY - JOUR T1 - Prevalência da fibrilhação auricular paroxística numa população avaliada por monitorização contínua de 24 horas JO - Revista Portuguesa de Cardiologia T2 - AU - Primo,João AU - Gonçalves,Helena AU - Macedo,Ana AU - Russo,Paula AU - Monteiro,Telma AU - Guimarães,João AU - Costa,Ovídio SN - 08702551 M3 - 10.1016/j.repc.2016.11.005 DO - 10.1016/j.repc.2016.11.005 UR - https://revportcardiol.org/pt-prevalencia-da-fibrilhacao-auricular-paroxistica-articulo-S0870255117301270 AB - IntroduçãoA fibrilhação auricular (FA) é a arritmia sustentada mais frequente na prática clínica, constituindo uma importante causa de morbilidade pelo risco associado de acidente vascular cerebral (AVC). Devido ao seu caráter muitas vezes paroxístico encontra‐se, contudo, subdiagnosticada e subtratada. ObjetivosEstudo prospetivo que tem como objetivo principal o cálculo da prevalência da FA paroxística em doentes com 40 ou mais anos de idade, numa população submetida a monitorização eletrocardiográfica contínua de 24 horas. Como objetivos secundários: o cálculo da prevalência total de FA e flutter auricular (FLA), independentemente do tipo, e a comparação entre as populações com FA versus população total e FA paroxística versus FA persistente nas 24 horas. ResultadosEste estudo analisou um total de 4843 doentes consecutivos, 58% dos quais do sexo feminino. Vinte seis vírgula dois por cento dos doentes encontrava‐se na faixa etária dos 70‐79 anos (n=1269), 25,9% (n‐1252) entre os 60‐69 anos e 19,0% (n‐923) entre os 50‐59 anos; os restantes doentes ou tinham idades superiores a 80 anos (n=712, 14,7%), ou inferiores a 50 (n=686, 14,2%). Entre os doentes referenciados e analisados, registaram‐se 123 com registo de pelo menos um período de FA paroxística, o que equivale a uma prevalência de 2,5% (IC a 95%, 2,1‐3,0). A prevalência de doentes com FA durante todo o registo foi de 9,4% (IC a 95%, 8,6‐10,2) (n=454). Registaram‐se ainda 39 casos de doentes com flutter típico, mas em 23 quer mantido quer paroxístico aparecia isolado, o que corresponde a uma prevalência de 0,8% (IC a 95%, 0,6 a 1,1). Tal indica que a prevalência de doentes com FA/FL total é de 12,4%. A presença de alguma forma de FA/FLA correlacionou‐se significativamente com sexo masculino (p<0,001) e idade (sobretudo nas classes etárias dos 70‐79 anos e>80 anos) (p<0,001), com hipertensão arterial (p<0,001). Este grupo tem uma prevalência significativamente maior de antecedentes de AVC (p=0,001), 56 pacientes (9,3%), bem como de enfarte agudo do miocárdio, 5,3% (p<0,001). Ao comparar a população de doentes com FA paroxística e FLA paroxístico (FA/FLp) versus FA persistente, verificaram‐se diferenças significativas (p<0,05) entre ambos nos seguintes parâmetros: prevalência significativamente maior de FA/FLp nos indivíduos situados nas classes etárias mais jovens (entre os 40‐49, 50‐59 e 60‐69 anos), e significativamente menor nos indivíduos situados nas classes etárias dos 70‐79 anos e>80 anos (p<0,001); prevalência significativamente maior de antecedentes de AVC (p=0,024) e significativamente menor de hipertensão arterial (p<0,001). Apenas 12,8% dos que apresentavam FA paroxística estavam hipocoagulados. ConclusõesA prevalência da FA paroxística encontrada numa população submetida por motivos não selecionados a monitorização eletrocardiográfica de 24 horas é de 2,5% e a prevalência total de FA/FLA é de 12,4%. A FA paroxística afeta doentes mais jovens, sendo menos dependente de fatores de risco, como hipertensão arterial. Correlaciona‐se com percentagens significativamente superiores de AVC. A deteção sistemática destes doentes é um importante problema de saúde pública sendo diagnóstico precoce essencial na definição de candidatos para hipocoagulação oral e tratamento por ablação por cateter, a qual apresenta uma elevada taxa de sucesso curativa quando aplicada nesta fase. ER -