Informação da revista
Vol. 33. Núm. 12.
Páginas 753-760 (Dezembro 2014)
Visitas
5849
Vol. 33. Núm. 12.
Páginas 753-760 (Dezembro 2014)
Artigo Original
Open Access
A trombectomia aspirativa na reperfusão do enfarte agudo de miocárdio: preditores e impacto clínico da sua ineficácia
Thrombus aspiration for reperfusion in myocardial infarction: Predictors and clinical impact of ineffectiveness
Visitas
5849
André Luz
Autor para correspondência
andrecoimbraluz@hotmail.com

Autor para correspondência.
, Patrícia Rodrigues, Maria João Sousa, Inês Silveira, Diana Anjo, Bruno Brochado, Mário Santos, João Silveira, Henrique Cyrne Carvalho, Severo Torres
Serviço de Cardiologia, Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Porto, Portugal
Conteúdo relacionado
Ricardo Seabra Gomes
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Resume
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Figuras (1)
Tabelas (3)
Tabela 1. Variáveis demográficas e scores de risco
Tabela 2. Variáveis relacionadas com o procedimento
Tabela 3. Resultados hospitalares
Mostrar maisMostrar menos
Resumo
Introdução e objetivos

O benefício da trombectomia aspirativa manual (TbA) na reperfusão do enfarte de miocárdio com elevação de ST (EAMST) tem sido muito debatida. Na maioria das séries, a ineficácia da TbA tem sido pouco evidenciada. Os nossos objetivos visaram conhecer a taxa, os preditores e o impacto na mortalidade cumulativa da TbA ineficaz (TbANE) numa série de doentes submetidos a intervenção coronária percutânea primária (ICPP).

Métodos

Estudo retrospetivo, unicêntrico, consecutivo, de doentes com EAMST submetidos a ICPP com TbA. Considerou‐se TbANE se após a TbA e antes de prosseguir a angioplastia se se obtivesse fluxo coronário TIMI<2. Identificaram‐se preditores independentes de TbANE por regressão logística multivariada. Os preditores de mortalidade cumulativa foram identificados por modelo de Cox.

Resultados

Dentre 574 doentes, utilizou‐se a TbA em 417 (72,6%), que foi eficaz em 365 (87,5%), ineficaz em 52 (12,5%). Na análise multivariada, o score SYNTAX (OR=1,049, 95% CI: 1,015‐1,084, p=0,005) e o tempo isquémico total (OR=1,001, 95% CI: 1,000‐1,003, p=0,02) foram os preditores independentes de TbANE. A disfunção ventricular esquerda moderada/severa (HR=6,256, 95% CI: 1,896‐20,644, p=0,003), o score APPROACH (HR=1,094, 95% CI: 1,016‐1,177, p=0,017), a classe 3‐4 de Killip (HR=2,953, 95% CI: 1,122‐7,770, p=0,028) e a clearance da creatinina na admissão (HR=0,973, 95% CI: 0,953‐0,994, p=0,011), relacionaram‐se de forma independente com a mortalidade cumulativa (24±0,82 meses).

Conclusões

O tempo de sintomas e o score SYNTAX foram preditores independentes de TbANE. Contudo, a TbANE não teve impacto independente com a mortalidade cumulativa a médio prazo.

Palavras‐chave:
Trombectomia
Enfarte agudo de miocárdio
Reperfusão
Aspiração de trombo
Abstract
Introduction and Objectives

The benefit of manual thrombus aspiration (TA) in the reperfusion of patients with ST‐elevation myocardial infarction (STEMI) has been hotly debated. In most series, failure of TA has been largely unreported. Our objectives were to assess the rate, predictors, and impact on cumulative mortality of failed TA during primary percutaneous coronary intervention (PPCI).

Methods

This was a single‐center, retrospective study of consecutive STEMI patients undergoing PPCI with TA. TA was considered ineffective if, before angioplasty, coronary flow was TIMI <2. Independent predictors of TA failure were assessed by logistic regression, and predictors of cumulative mortality were assessed by Cox regression analysis.

Results

Of 574 patients, TA was used in 417 (72.6%), and was effective in 365 (87.5%) and ineffective in 52 (12.5%). On multivariate analysis, SYNTAX score (OR=1.049, 95% CI: 1.015–1.084, p=0.005) and total ischemic time (OR=1.001, 95% CI: 1.000–1.003, p=0.02) were independent predictors of TA failure. Moderate or severe left ventricular dysfunction (HR=6.256, 95% CI: 1.896–20.644, p=0.003), APPROACH score (HR=1.094, 95% CI: 1.016–1.177, p=0.017), Killip class III/IV (HR=2.953, 95% CI: 1.122–7.770, p=0.028) and creatinine clearance on admission (HR=0.973, 95% CI: 0.953–0.994, p=0.011) were independently related to cumulative mortality at 24±0.82 months.

Conclusions

Total ischemic time and SYNTAX score were independent predictors of TA failure. However, in medium‐term follow‐up, ineffective manual TA was not independently related to cumulative mortality.

Keywords:
Thrombus aspiration
ST‐elevation myocardial infarction
Reperfusion
Thrombectomy
Abreviaturas e acrónimos
TbA

Trombectomia aspirativa

EAMST

Enfarte agudo de miocárdico com elevação de ST

ICPP

Intervenção coronária percutânea primária

TIMI

Thrombolysis in Myocardial Infarction

TbAE

Trombectomia aspirativa eficaz

TbANE

Trombectomia aspirativa não eficaz

RMC

Ressonância Magnética Cardíaca

ClCreat

Clearance da creatinina

GRACE

Global Registry of Acute Coronary Events

SYNTAX

Synergy between PCI with TAXUS drug‐eluting stent and Cardiac Surgery

APPROACH

Alberta Provincial Project for Outcome Assessment in Coronary Heart Disease

TIT

Tempo isquémico total

FEVE

Fracção de ejecção do ventrículo esquerdo

Texto Completo
Introdução e objetivos

O benefício da trombectomia aspirativa (TbA) manual como técnica adjuvante na reperfusão de doentes com enfarte agudo de miocárdio com elevação de ST (EAMST) tem sido alvo de intenso debate. A vantagem da TbA durante a intervenção coronária percutânea primária (ICPP) reside na aspiração do trombo coronário por forma a reduzir a embolização distal de material trombótico durante a angioplastia. Com isto pretende‐se melhorar a microperfusão coronária e, consequentemente, reduzir a área total de enfarte1–6. Comparativamente aos dispositivos de aspiração mecânica, a TbA manual é mais simples de utilizar e de igual ou superior eficácia7–9.

A introdução da TbA manual revestiu‐se de grande entusiasmo e popularidade na área da cardiologia de intervenção, tendo‐lhe sido atribuída classe IIa/B nas recomendações europeias para o tratamento do EAMST10. Contudo, assiste‐se a grande variabilidade na utilização desta técnica como adjuvante na reperfusão11. Num registo recente, a TbA manual não atingiu 20% das ICPP nos Estados Unidos da América (EUA)12. Apesar de alguns estudos aleatorizados demonstrarem benefícios clínicos ao reduzir eventos cardiovasculares major13–15, que foram posteriormente reafirmados em meta‐análises8,16–18, algumas séries (onde se inclui uma de grande dimensão) não têm confirmada a mesma eficácia clínica19–22. No entanto, nalguns casos, a TbA pode ser difícil de utilizar (10% dos doentes alocados para TbA no estudo TAPAS13). Assim, o efeito que a ineficácia da aspiração do trombo possa ter em doentes onde a TbA fora considerada, a priori, necessária, tem sido pouco explorado.

O objetivo principal deste trabalho foi conhecer os preditores da ineficácia da TbA durante a ICPP numa série consecutiva de doentes com EAM orientados para ICPP, onde a TbA tenha sido sistematicamente utilizada e como primeira intenção (excluem‐se situações de bail out). Como objetivo secundário, conhecer os preditores de mortalidade cumulativa (cardíaca e não cardíaca) no médio prazo pós‐EAMST.

MétodosPopulação estudada e definições

Série retrospetiva de um centro, consecutiva, de doentes com EAMST admitidos para ICPP entre janeiro de 2008 e dezembro de 2013. Excluíram‐se doentes com bypass aorto‐coronário. As variáveis clínicas, laboratoriais e relacionadas com o procedimento desde a admissão até à alta hospitalar foram compiladas através da consulta da base eletrónica de dados hospitalar. O estado vital do doente em seguimento foi avaliado pela consulta do processo clínico eletrónico, através do contacto com o médico assistente, do doente ou familiares. O diagnóstico de EAMST baseou‐se em critérios clínicos, suportados pelas seguintes alterações no eletrocardiograma: elevação de segmento ST ≥0,15mV em V2‐V3 ou ≥0,1mV nas outras em pelo menos duas das outras derivações, depressão de ST em V2‐V3 ≥0,15mm com onda T positiva (enfarte posterior) ou bloqueio completo de ramo esquerdo de novo. Para este estudo, foram apenas considerados os doentes com artéria coronária epicárdica com imagem de trombo e fluxo Thrombolysis in Myocardial Infarction (TIMI) 0 ou 1, onde foi utilizada a TbA manual.

O fenómeno de no‐reflow foi considerado se após a angioplastia não se obtivesse fluxo coronário distal TIMI2 ou fluxo TIMI 2‐3, mas com impossibilidade de o contraste perfundir território capilar miocárdico (grau de perfusão miocárdica=0), ou se após a perfusão houvesse estagnação de contraste (grau de perfusão miocárdica=1), na ausência de espasmo, dissecção, ou de trombo coronário epicárdico, que persistissem após administração intracoronária de nitroglicerina e adenosina. Depois da utilização do dispositivo de aspiração manual e antes de prosseguir com a angioplastia (balão e/ou stent), a TbA foi considerada ineficaz (TbANE) se se obtivesse fluxo coronário TIMI<2 e eficaz (TbAE) se fluxo TIMI 2‐3.

O tempo isquémico total (TIT) foi o tempo decorrido desde o início das queixas do doente (altura em que as queixas se tornaram intensas e persistentes) até à passagem do fio guia durante a ICPP. A clearance da creatinina (ClCreat) foi calculada através da fórmula de Cockroft‐Gault.

A estratificação do risco através dos scores Global Registry of Acute Coronary Events (GRACE)23 (pontuação para mortalidade hospitalar/seis meses) e TIMI (para EAMST)24 foi determinada para todos os doentes. A classificação anatómica através do score Synergy between PCI with TAXUS drug‐eluting stent and cardiac surgery (SYNTAX)25 v 2.11 foi realizada com ajuda do sítio web, considerando‐se todas as lesões com estenoses>50% em vasos de calibre>1,5mm. A oclusão da artéria responsável pelo enfarte foi classificada como oclusão com menos de três meses. A área miocárdica em risco foi calculada através do score Alberta Provincial Project for Outcome Assessment in Coronary Heart Disease (APPROACH) modificado26. Resumidamente, este score angiográfico permite estimar a percentagem de miocárdio que é nutrida por um segmento coronário, tendo em atenção a dominância e o calibre dos vasos que dele provêm. É uma classificação simples de implementar e com boa correlação com a área em risco avaliada por ressonância magnética cardíaca (RMC)27,28. Tomando como exemplo a artéria descendente anterior proximal, a área em risco estimada é de 47,75% na presença de importante vaso diagonal a jusante da oclusão e de 41,25% se a diagonal for pequena ou inexistente. Toda a análise angiográfica foi realizada por dois cardiologistas seniores de intervenção. Em caso de dúvida, os scores foram atribuídos por consenso ou pela média das observações individuais.

A fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) foi calculada por ecocardiografia 2‐D (Phillips iE33, Eindhoven, Holanda) pelo método de Simpson. A FEVE foi considerada como preservada se valores ≥55%, depressão ligeira entre valores ≥45% e<55%, depressão moderada entre ≥30% e<45%, depressão severa se<30%. Para efeitos de análise estatística, dicotomizou‐se a FEVE em dois grupos: FVE preservada/disfunção ligeira e disfunção moderada/severa.

Consideramos a mortalidade cumulativa global (cardíaca e não cardíaca, hospitalar e no seguimento) como evento cardiovascular major. Nesta análise, apenas foram considerados doentes com tempo mínimo de seguimento superior ou igual a 12 meses após o EAMST.

Procedimento e medicação

Todos os doentes foram medicados com aspirina 300mg e clopidogrel 600mg antes da ICPP, a não ser que já se encontrassem sob essa medicação. O calibre do introdutor arterial foi seis ou sete French. Durante o procedimento, foi administrada heparina não fracionada (70UI/kg). A utilização de inibidores da glicoproteína 2b/3a, tipo de stent, e outros dispositivos adjuvantes na angioplastia foram deixados ao critério do operador. A TbA manual foi exclusivamente efetuada pelo cateter de aspiração de trombos Export 6F (Medtronic, Minneapolis, MN, EUA). Após a ICPP, os doentes foram admitidos em unidades de cuidados coronários. Procedeu‐se à colheita de marcadores de necrose miocárdica (troponina T [TnT], creatina kinase (CK) e CK‐massa) às seis, 12, 24 e 48h após reperfusão. No momento da alta hospitalar, aspirina 100mg/dia e clopidogrel 75mg/dia foram prescritos a todos os doentes, além da medicação considerada apropriada segundo as recomendações.

Análise estatística

Utilizou‐se o teste de Kolmogorov‐Smirnov para testar a distribuição da normalidade das variáveis contínuas, que foram expressas em média±desvio padrão (SD) ou intervalo interquartil (IQR), respetivamente, para variáveis de distribuição normal ou não normal. Variáveis contínuas de distribuição normal foram comparadas pelo teste t‐Student para amostras independentes, variáveis contínuas de distribuição não normal foram comparadas pelo teste Mann‐Whitney. As variáveis categóricas foram expressas em número e percentagens e comparadas pelo teste do qui‐quadrado ou pelo teste exato de Fisher. Os picos de TnT, de CK e CK‐massa foram transformados em logaritmo para permitir testes paramétricos. Para identificar preditores de TbANE utilizou‐se um modelo de regressão logística com a TbANE como variável dependente. As variáveis com p<0,1 na análise univariada, foram incluídas na análise multivariada a fim de identificar os preditores independentes. A mortalidade não ajustada associada à eficácia da TbA foi calculada através do método de Kaplan‐Meyer, sendo a diferença obtida através do teste Log‐Rank. A mortalidade cumulativa ajustada para variáveis confundidoras foi avaliada por um modelo de Cox. Variáveis com valor de p<0,1 na análise univariada foram incluídas na análise multivariada. Para evitar sobreajustamento, os scores GRACE e TIMI não foram incluídos nas regressões. Todos os testes foram considerados significativos se valor de p<0,05 para duas caudas. A análise estatística foi efetuada em SPSS v.20 (SPSS, Chicago, IL, EUA).

Resultados

Dentre 614 doentes com EAMST, excluíram‐se 40 por informação insuficiente. Dos 574 doentes estudados, a TbA foi utilizada em 417 doentes (72,6%), considerando‐se eficaz em 365 (87,5%) e ineficaz em 52 (12,5%). No grupo TbANE, em quatro casos (4/52=7,7%) a TbA foi ineficaz por impossibilidade de ultrapassar a lesão. O operador procedeu à dilatação da lesão com balão e apenas num caso a TbA foi novamente utilizada, igualmente sem sucesso. As Tabelas 1 e 2 resumem as características clínicas e as relacionadas com o procedimento, consoante a eficácia da TbA. Em geral, a TbANE esteve significativamente associada a não fumadores, scores GRACE, SYNTAX e classe Killip na admissão mais elevados, e TIT mais longo. Relativamente ao procedimento, encontraram‐se diferenças da artéria responsável pelo enfarte (a circunflexa menos prevalente no grupo TbANE) e colocação mais frequente de balão intra‐aórtico (BIA) no grupo TbANE. Encontrou‐se uma tendência para maior taxa de pré‐medicação com nitratos e bloqueadores da entrada do cálcio no grupo TbANE, e menor concentração de hemoglobina na admissão. Relativamente aos resultados na fase hospitalar (Tabela 3), a taxa de fenómeno de no‐reflow foi mais elevada no grupo TbANE. Não se encontraram diferenças significativas nos picos enzimáticos nem nas diferenças de FEVE antes da alta hospitalar, ressalvando‐se que em 21 (3,7%) doentes não foi possível obter pico enzimático nas primeiras 24h, em que a principal causa foi o falecimento precoce após o procedimento (n=19 [90,5%]). Nos 21 doentes, utilizou‐se a TbA em 12 (57,1%), que foi eficaz em 7 (58,3%) e ineficaz em 5 (41,7%). A duração do internamento no grupo TbANE foi mais longa. A taxa de mortalidade foi nominalmente mais elevada (13,5 versus 6%, p=0,073) no grupo TbANE, mas sem atingir significado estatístico.

Tabela 1.

Variáveis demográficas e scores de risco

Características  TbAE  TbANE  Valor de p 
Demografia e fatores de risco
Idade (anos)±SD  61,69±13,18  64,65±12,77  0,129 
Masculino (%)  274 (75,1)  39 (75,0)  0,991 
Feminino (%)  91 (24,9)  13 (25,0)  0,991 
Diabetes (%)  86 (23,6)  16 (31,4)  0,229 
Hipercolesterolemia (%)  204 (56,0)  25 (49,0)  0,345 
Hipertensão (%)  210 (57,7)  26 (52,0)  0,446 
Fumador (%)  211 (58,0)  20 (40)  0,016 
Índice de massa corporal, kg/m2±SD  26,48±3,63  26,69±3,62  0,692 
Antecedentes de enfarte (%)  22 (6,1)  3 (5,9)  1,000 
Angina pré‐enfarte  129 (35,6)  18 (35,3)  0,962 
Clearance creatinina (ml/min)±SD  88,44±35,25  82,43±40,52  0,264 
Hemoglobina (mg/dl) (IQR)  14,4 (2,4)  13,9 (2,9)  0,083 
Medicação em curso
Bloqueador beta (%)  44 (12,2)  5 (10,0)  0,659 
Estatina (%)  79 (21,8)  9 (18)  0,542 
IECAv(%)  61 (16,9)  6 (12,0)  0,384 
ARAII (%)  63 (17,4)  9 (18,0)  0,917 
Antagonistas do cálcio (%)  26 (7,2)  8 (16,0)  0,050 
Aspirina (%)  45 (12,4)  7 (14,0)  0,754 
Clopidogrel (%)  14 (3,9)  1 (2,0)  0,707 
Insulina (%)  14 (3,9)  2(4,0)  1,000 
Antidiabéticos orais (%)  56 (15,5)  8(16,0)  0,929 
Nitratos (%)  15 (4,2)  5 (10,0)  0,082 
Anticoagulantes orais (%)  37 (10,1)  5 (9,6)  0,631 
Scores de risco
GRACE (IQR)  213,0 (45,0)  221,0 (54,0)  0,022 
TIMI (IQR)  3,0 (3,0)  4,0 (4,0)  0,090 
Killip 3‐4 (%)  40 (11,0)  11 (21,6)  0,031 

ARA: antagonista dos recetores da angiotensina II; IECA: inibidor da enzima conversora da angiotensina; TbAE: trombectomia aspirativa eficaz; TbANE: trombectomia aspirativa não eficaz.

Tabela 2.

Variáveis relacionadas com o procedimento

Características  TbAE  TbANE  Valor de p 
Tempos até reperfusão (minutos)
Tempo isquémico total (IQR)  210,0 (248,0)  332,5 (393,0)  0,002 
Porta‐balão (IQR)  70,0 (70,0)  90,0 (75,0)  0,095 
Pressão arterial sistólica (mmHg)±SD  120±25,81  115±30,74  0,209 
Vaso alvo      0,006 
DA (%)  156 (42,7)  25 (48,1)   
CX (%)  44 (12,1)  3 (5,8)   
CD (%)  165 (45,2)  22 (42,3)   
Tronco comum (%)  0 (0,0)  2 (3,8)   
Acesso radial (%)  182 (50,0)  28 (56,0)  0,426 
Inib. 2b/3a (%)  122 (33,5)  19 (38,0)  0,530 
Colocação de BIA (%)  7 (1,9)  6 (11,8)  0,002 
Tipo de stent      0,026 
Drugeluting stent (%)  202 (55,3)  25 (48,1)   
Baremetal stent (%)  151 (41,4)  21 (40,4)   
Balão (apenas) (%)  12 (3,3)  6 (11,5)   
Scores angiográficos
SYNTAX (IQR)  17,5 (10,25)  21 (14,0)  <0,001 
APPROACH modificado (IQR)  27,5 (11,5)  27,5 (15,45)  0,963 
ICP noutros vasos (%)*  73 (20,0)  7 (14,0)  0,313 

BIA: balão intra‐aórtico; CD: artéria coronária direita; CX: artéria circunflexa; DA: artéria descendente anterior; ICP: intervenção coronária percutânea; Inib: inibidores da glicoproteína 2b/3a.

*

Refere‐se a intervenção coronária percutânea de outros vasos que não o responsável pelo enfarte, na mesma estadia hospitalar.

Tabela 3.

Resultados hospitalares

Características  TbAE  TbANE  Valor p 
Pico de CK (U/L) (IQR)  2.160,0 (2622.0)  2.143,0 (3.138,0)  0,633* 
Pico de CK‐massa (U/L) (IQR)  218,5 (201,0)  200,0 (219,7)  0,091* 
Pico de TnT (IQR)  5,12 (6,1)  4,64 (5,82)  0,500* 
No‐reflow (%)  5 (1,4)  18 (35,3)  <0,001 
FEVE (n=395)      0,164 
Preservada/disfunção ligeira (%)  217 (62,5)  25 (52,1)   
Disfunção moderada/severa (%)  130 (37,5)  23 (47,5)   
Killip 3‐4 (durante hospitalização) (%)  40 (11,0)  11 (21,6)  0,031 
Mortalidade hospitalar (%)  22 (6,0)  7 (13,5)  0,073 
Dias internamento (mediana) (IQR)  6,0 (3,0)  7 (7,0)  0,005 
Medicação à data de alta (n=388)
Bloqueador beta (%)  322 (93,8)  40 (88,9)  0,222 
IECA/ARA II (%)  255 (74,3)  35 (77,8)  0,590 
Estatina (%)  336 (97,9)  42 (93,3)  0,121 
Aspirina (%)  343 (100)  45 (100)  1,000 
Clopidogrel (%)  343 (100)  45 (100)  1,000 

ARA: antagonista dos recetores da angiotensina; CK: creatina kinase; CK‐mass: fração massa da CK; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; IECA: inibidor da enzima conversora da angiotensina; TbAE: trombectomia aspirativa eficaz; TbANE: trombectomia aspirativa não eficaz; TnT: troponina T.

*

Valor de p calculado por teste‐t para amostras independentes após transformação logarítmica das variáveis CK, CK‐massa e TnT.

Na análise univariada, a idade, o score SYNTAX, o tabagismo ativo, a concentração de hemoglobina na admissão, a medicação prévia com nitratos ou bloqueadores da entrada de cálcio, o TIT e a classe 3 ou 4 de Killip na admissão correlacionaram‐se com a TbANE. Na análise multivariada, apenas o score SYNTAX (OR=1,049, 95% CI: 1,015‐1,084, p=0,005) e o TIT (OR=1,001, 95% CI: 1,000‐1,003, p=0,02) se mantiveram como preditores independentes.

Identificamos 331 doentes com pelo menos 12 meses de seguimento desde o EAMST. Em dois (0,6%) doentes não foi possível obter o estado vital. Foi então possível estudar 329 doentes incluídos na análise de mortalidade a médio prazo (média=24±0,82 meses, taxa de mortalidade cumulativa=13,9%). A mortalidade cumulativa não ajustada foi mais elevada nos doentes onde a trombectomia foi não eficaz (Figura 1). Após ajustamento para covariáveis com p<0,1 na análise univariada (género, idade, eficácia da trombectomia, scores APPROACH e SYNTAX, fumo ativo, TIT, ClCreat, vaso alvo, colocação de BIA, hemoglobinemia, tensão arterial sistólica e classe Killip 3‐4 na admissão e FEVE no momento da alta), a FEVE com disfunção moderada/severa (HR=6,256, 95% CI: 1,896‐20,644, p=0,003), o score APPROACH (HR=1,094, 95% CI: 1,016‐1,177, p=0,017), e a classe 3‐4 de Killip (HR=2,953, 95% CI: 1,122‐7,770, p=0,028) correlacionaram‐se de forma positiva com a mortalidade, enquanto valores crescentes da ClCreat tiveram efeito protetor (HR=0,973, 95% CI: 0.953‐0,994, p=0,011).

Discussão

Nesta série, a TbA foi utilizada como primeira intenção na maioria (72,6%) dos doentes, tendo sido eficaz na grande maioria dos casos (87,5%). Parece‐nos razoável que quanto mais organizado se encontrar o trombo, menor será a eficácia da TbA, não surpreendendo que quanto maior for o atraso desde o início dos sintomas até à reperfusão, menor será a eficácia da TbA. Neste particular, a relação entre o TIT e a organização do trombo como preditores de eventos adversos fora já anteriormente descrita29–32. Desconhecíamos, contudo, a relação entre o score SYNTAX e a TbANE. Supõe‐se que em condições anatómicas mais desfavoráveis a técnica de aspiração fique comprometida, por exemplo, devido a tortuosidades ou calcificação, ou mesmo devido à maior quantidade de placa com risco de embolização distal e consequente microperfusão inadequada. Nalgumas séries de doentes submetidos a ICPP já se demonstrou a relação entre o score SYNTAX e o risco de no‐reflow33.

Tendo excluído da análise os doentes em que a TbA não fora utilizada, porventura em vasos de menor calibre ou com menor quantidade de trombo em que se previa menor vantagem da TbA, a utilização desta técnica de forma sistemática perspetivaria menor área de enfarte se fosse eficaz. Esse pressuposto não se confirmou nesta série de doentes. Sendo certo que o pico enzimático pode apenas estimar a extensão do enfarte, sabe‐se que a correlação entre os picos enzimáticos e a área de enfarte avaliada por RMC tem sido muito razoável34,35. Nalgumas séries onde a RMC foi utilizada para avaliar a área de necrose, os doentes submetidos a TbA não tiverem menor extensão do enfarte22,36, mesmo nos casos onde se demonstrou ser menor a obstrução microvascular20.

Em termos de mortalidade, não seria de esperar grande diferença face à dimensão reduzida da amostra para avaliar endpoints clínicos. Contudo, a tendência verificada na mortalidade hospitalar poderá tornar‐se mais evidente em séries de dimensão mais robusta. No subgrupo avaliado para a mortalidade cumulativa, e sem surpresa, a FEVE moderada/severa e a classe Killip 3‐4 foram fortes preditores independentes para a mortalidade a médio prazo. Estas duas características37–39, a par da área miocárdica em risco40, têm sido referenciadas como marcadores de prognóstico adverso. Facto interessante é que o impacto da TbA pode ser significativo apenas em doentes com maior área em risco41, mas faltam estudos prospetivos dirigidos para confirmar esta hipótese. A insuficiência renal tem sido várias vezes apontada como causa independente de mortalidade no doente com EAMST42,43. É pois de esperar que valores mais elevados de ClCreat se associem a efeito protetor.

A discussão em torno da TbA na reperfusão está longe de chegar a consenso44. A divergência encontrada nas publicações até à data poderá dever‐se a séries de dimensão modesta para avaliação de endpoints clínicos e a metodologias distintas para avaliar a microperfusão coronária. Por outro lado, parece que nem todos os doentes beneficiam da mesma forma da TbA, o que espelha bem a heterogeneidade dos doentes com EAMST. Relativamente aos endpoints clínicos mais importantes, apenas em séries de grande dimensão ou em meta‐análises se poderão encontrar respostas sólidas, pelo que os nossos resultados referentes à mortalidade devem ser interpretados com cautela. É sabido que doentes com fenómeno de no‐reflow têm taxas acrescidas de mortalidade a longo prazo45. A relação significativa encontrada entre o no‐reflow e a TbANE poderá traduzir‐se em mortalidade cumulativa acrescida em séries de maior dimensão, que permitam estudar esta relação com maior detalhe. Na globalidade, os resultados deste estudo observacional aproximam‐se das últimas séries em que a TbA é comparada com a ICPP convencional. Com exceção da menor taxa de no‐reflow, a TbAE não se traduziu num benefício inequívoco face à TbANE.

Limitações

Algumas limitações devem ser consideradas: trata‐se de estudo unicêntrico e retrospetivo, com número modesto de doentes para avaliar impacto na mortalidade a médio prazo. A taxa de ineficácia da TbA foi muito baixa (<15%), o que pode ter implicações nos resultados.

Conclusões

Na nossa série, a TbANE em 12,5% dos casos, em que o tempo de sintomas até à reperfusão e o score SYNTAX foram os preditores independentes. Na análise mutlivariada, a ineficácia da TbA não se relacionou com maior área de enfarte ou com aumento de mortalidade a médio prazo.

Responsabilidades éticasProteção de pessoas e animais

Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram ter seguido os protocolos do seu centro de trabalho acerca da publicação dos dados de pacientes.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Bibliografia
[1]
G. Heusch, P. Kleinbongard, D. Bose, et al.
Coronary microembolization: from bedside to bench and back to bedside.
Circulation., 120 (2009), pp. 1822-1836
[2]
M. Srinivasan, C. Rihal, D.R. Holmes, et al.
Adjunctive thrombectomy and distal protection in primary percutaneous coronary intervention: impact on microvascular perfusion and outcomes.
Circulation., 119 (2009), pp. 1311-1319
[3]
R. Chopard, P. Plastaras, J. Jehl, et al.
Effect of macroscopic‐positive thrombus retrieval during primary percutaneous coronary intervention with thrombus aspiration on myocardial infarct size and microvascular obstruction.
Am J Cardiol., 111 (2013), pp. 159-165
[4]
G. Sardella, M. Mancone, B.L. Nguyen, et al.
The effect of thrombectomy on myocardial blush in primary angioplasty: the Randomized Evaluation of Thrombus Aspiration by two thrombectomy devices in acute Myocardial Infarction (RETAMI) trial.
Catheter Cardiovasc Interv., 71 (2008), pp. 84-91
[5]
G. Sardella, M. Mancone, C. Bucciarelli-Ducci, et al.
Thrombus aspiration during primary percutaneous coronary intervention improves myocardial reperfusion and reduces infarct size: the EXPIRA (thrombectomy with export catheter in infarct‐related artery during primary percutaneous coronary intervention) prospective, randomized trial.
J Am Coll Cardiol., 53 (2009), pp. 309-315
[6]
S.I. Woo, S.D. Park, D.H. Kim, et al.
Thrombus aspiration during primary percutaneous coronary intervention for preserving the index of microcirculatory resistance: a randomised study.
EuroIntervention., 9 (2014), pp. 1057-1062
[7]
M.A. Vink, M.S. Patterson, J. van Etten, et al.
A randomized comparison of manual versus mechanical thrombus removal in primary percutaneous coronary intervention in the treatment of ST‐segment elevation myocardial infarction (TREAT‐MI).
Catheter Cardiovasc Interv., 78 (2011), pp. 14-19
[8]
D.J. Kumbhani, A.A. Bavry, M.Y. Desai, et al.
Role of aspiration and mechanical thrombectomy in patients with acute myocardial infarction undergoing primary angioplasty: an updated meta‐analysis of randomized trials.
J Am Coll Cardiol., 62 (2013), pp. 1409-1418
[9]
U.U. Tamhane, S. Chetcuti, I. Hameed, et al.
Safety and efficacy of thrombectomy in patients undergoing primary percutaneous coronary intervention for acute ST elevation MI: a meta‐analysis of randomized controlled trials.
BMC Cardiovasc Disord., 10 (2010), pp. 10
[10]
P.G. Steg, S.K. James, D. Atar, et al.
ESC Guidelines for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST‐segment elevation.
Eur Heart J., 33 (2012), pp. 2569-2619
[11]
J.J. Russo, V. Dzavik, J.A. Cairns, et al.
An international survey of clinical practice during primary percutaneous coronary intervention for ST‐elevation myocardial infarction with a focus on aspiration thrombectomy.
EuroIntervention., 8 (2013), pp. 1143-1148
[12]
A. Chiang, H. Gada, S.K. Kodali, et al.
Procedural variation in the performance of primary percutaneous coronary intervention for ST‐elevation myocardial infarction: A SCAI‐based survey study of US interventional cardiologists.
Catheter Cardiovasc Interv., (2013),
[13]
T. Svilaas, P.J. Vlaar, I.C. van der Horst, et al.
Thrombus aspiration during primary percutaneous coronary intervention.
N Engl J Med., 358 (2008), pp. 557-567
[14]
P.J. Vlaar, T. Svilaas, I.C. van der Horst, et al.
Cardiac death and reinfarction after 1 year in the Thrombus Aspiration during Percutaneous coronary intervention in Acute myocardial infarction Study (TAPAS): a 1‐year follow‐up study.
Lancet., 371 (2008), pp. 1915-1920
[15]
W.J. Kikkert, B.E. Claessen, N. van Geloven, et al.
Adjunctive thrombus aspiration versus conventional percutaneous coronary intervention in ST‐elevation myocardial infarction.
Catheter Cardiovasc Interv., 81 (2013), pp. 922-929
[16]
G. De Luca, D. Dudek, G. Sardella, et al.
Adjunctive manual thrombectomy improves myocardial perfusion and mortality in patients undergoing primary percutaneous coronary intervention for ST‐elevation myocardial infarction: a meta‐analysis of randomized trials.
Eur Heart J., 29 (2008), pp. 3002-3010
[17]
F. Burzotta, M. de Vita, Y.L. Gu, et al.
Clinical impact of thrombectomy in acute ST‐elevation myocardial infarction: an individual patient‐data pooled analysis of 11 trials.
Eur Heart J., 30 (2009), pp. 2193-2203
[18]
C. Costopoulos, D.A. Gorog, C. di Mario, et al.
Use of thrombectomy devices in primary percutaneous coronary intervention: a systematic review and meta‐analysis.
Int J Cardiol., 163 (2013), pp. 229-241
[19]
D.W. Nilsen, R. Mehran, R.S. Wu, et al.
Coronary reperfusion and clinical outcomes after thrombus aspiration during primary percutaneous coronary intervention: findings from the HORIZONS‐AMI trial.
Catheter Cardiovasc Interv., 82 (2013), pp. 594-601
[20]
M. De Carlo, G.D. Aquaro, C. Palmieri, et al.
A prospective randomized trial of thrombectomy versus no thrombectomy in patients with ST‐segment elevation myocardial infarction and thrombus‐rich lesions: MUSTELA (MUltidevice Thrombectomy in Acute ST‐Segment ELevation Acute Myocardial Infarction) trial.
JACC Cardiovasc Interv., 5 (2012), pp. 1223-1230
[21]
O. Frobert, B. Lagerqvist, G.K. Olivecrona, et al.
Thrombus aspiration during ST‐segment elevation myocardial infarction.
N Engl J Med., 369 (2013), pp. 1587-1597
[22]
G.W. Stone, A. Maehara, B. Witzenbichler, et al.
Intracoronary abciximab and aspiration thrombectomy in patients with large anterior myocardial infarction: the INFUSE‐AMI randomized trial.
JAMA., 307 (2012), pp. 1817-1826
[23]
Rationale and design of the GRACE (Global Registry of Acute Coronary Events) Project: a multinational registry of patients hospitalized with acute coronary syndromes.
Am Heart J., 141 (2001), pp. 190-199
[24]
D.A. Morrow, E.M. Antman, A. Charlesworth, et al.
TIMI risk score for ST‐elevation myocardial infarction: A convenient, bedside, clinical score for risk assessment at presentation. An intravenous nPA for treatment of infarcting myocardium early II trial substudy.
Circulation., 102 (2000), pp. 2031-2037
[25]
G. Sianos, M.A. Morel, A.P. Kappetein, et al.
The SYNTAX Score: an angiographic tool grading the complexity of coronary artery disease.
EuroIntervention., 1 (2005), pp. 219-227
[26]
J.T. Ortiz-Perez, S.N. Meyers, D.C. Lee, et al.
Angiographic estimates of myocardium at risk during acute myocardial infarction: validation study using cardiac magnetic resonance imaging.
Eur Heart J., 28 (2007), pp. 1750-1758
[27]
S. Moral, J.F. Rodríguez-Palomares, M. Descalzo, et al.
Quantification of myocardial area at risk: validation of coronary angiographic scores with cardiovascular magnetic resonance methods.
Rev Esp Cardiol (Engl Ed)., 65 (2012), pp. 1010-1017
[28]
G. Fuernau, I. Eitel, V. Franke, et al.
Myocardium at risk in ST‐segment elevation myocardial infarction. Comparison of T2‐weighted edema imaging with the MR‐assessed endocardial surface area and validation against angiographic scoring.
JACC Cardiovasc Imaging., 4 (2011), pp. 967-976
[29]
M.L. Fokkema, W.G. Wieringa, I.C. van der Horst, et al.
Quantitative analysis of the impact of total ischemic time on myocardial perfusion and clinical outcome in patients with ST‐elevation myocardial infarction.
Am J Cardiol., 108 (2011), pp. 1536-1541
[30]
A.S. Quadros, E. Cambruzzi, J. Sebben, et al.
Red versus white thrombi in patients with ST‐elevation myocardial infarction undergoing primary percutaneous coronary intervention: clinical and angiographic outcomes.
Am Heart J., 164 (2012), pp. 553-560
[31]
M.C. Kramer, A.C. van der Wal, K.T. Koch, et al.
Presence of older thrombus is an independent predictor of long‐term mortality in patients with ST‐elevation myocardial infarction treated with thrombus aspiration during primary percutaneous coronary intervention.
Circulation., 118 (2008), pp. 1810-1816
[32]
N.J. Verouden, M.C. Kramer, X. Li, et al.
Histopathology of aspirated thrombus and its association with ST‐segment recovery in patients undergoing primary percutaneous coronary intervention with routine thrombus aspiration.
Catheter Cardiovasc Interv., 77 (2011), pp. 35-42
[33]
M. Magro, S.T. Nauta, C. Simsek, et al.
Usefulness of the SYNTAX score to predict “no reflow” in patients treated with primary percutaneous coronary intervention for ST‐segment elevation myocardial infarction.
Am J Cardiol., 109 (2012), pp. 601-606
[34]
E. Giannitsis, H. Steen, K. Kurz, et al.
Cardiac magnetic resonance imaging study for quantification of infarct size comparing directly serial versus single time‐point measurements of cardiac troponin T.
J Am Coll Cardiol., 51 (2008), pp. 307-314
[35]
A. Mayr, J. Mair, G. Klug, et al.
Cardiac troponin T and creatine kinase predict mid‐term infarct size and left ventricular function after acute myocardial infarction: a cardiac MR study.
J Magn Reson Imaging., 33 (2011), pp. 847-854
[36]
O.F. Bertrand, E. Larose, O. Costerousse, et al.
Effects of aspiration thrombectomy on necrosis size and ejection fraction after transradial percutaneous coronary intervention in acute ST‐elevation myocardial infarction.
Catheter Cardiovasc Interv., 77 (2011), pp. 475-482
[37]
R.A. Weir, J.J. McMurray, E.J. Velazquez.
Epidemiology of heart failure and left ventricular systolic dysfunction after acute myocardial infarction: prevalence, clinical characteristics, and prognostic importance.
Am J Cardiol., 97 (2006), pp. 13F-25F
[38]
M.L. Antoni, G.E. Hoogslag, H. Boden, et al.
Cardiovascular mortality and heart failure risk score for patients after ST‐segment elevation acute myocardial infarction treated with primary percutaneous coronary intervention (Data from the Leiden MISSION! Infarct Registry).
Am J Cardiol., 109 (2012), pp. 187-194
[39]
L. Fiocca, G. Guagliumi, R. Rossini, et al.
Characteristics and outcomes of patients with ST‐segment elevation myocardial infarction excluded from the Harmonizing Outcomes with Revascularization and Stents in Acute Myocardial Infarction (HORIZONS‐AMI) trial.
Am J Cardiol., 111 (2013), pp. 196-201
[40]
M. Perazzolo Marra, J.A. Lima, S. Iliceto.
MRI in acute myocardial infarction.
Eur Heart J., 32 (2011), pp. 284-293
[41]
S. Minha, R. Kornowski, H. Vaknin-Assa, et al.
The impact of intracoronary thrombus aspiration on STEMI outcomes.
Cardiovasc Revasc Med., 13 (2012), pp. 167-171
[42]
T.H. Tsai, K.H. Yeh, C.K. Sun, et al.
Estimated glomerular filtration rate as a useful predictor of mortality in patients with acute myocardial infarction undergoing primary percutaneous coronary intervention.
Am J Med Sci., 345 (2013), pp. 104-111
[43]
A.J. Saltzman, G.W. Stone, B.E. Claessen, et al.
Long‐term impact of chronic kidney disease in patients with ST‐segment elevation myocardial infarction treated with primary percutaneous coronary intervention: the HORIZONS‐AMI (Harmonizing Outcomes With Revascularization and Stents in Acute Myocardial Infarction) trial.
JACC Cardiovasc Interv., 4 (2011), pp. 1011-1019
[44]
R. Waksman.
The conundrum of thrombus aspiration: The TAPAS TASTE sour.
Cardiovasc Revasc Med., 14 (2013), pp. 305-306
[45]
G. Ndrepepa, K. Tiroch, M. Fusaro, et al.
5‐year prognostic value of no‐reflow phenomenon after percutaneous coronary intervention in patients with acute myocardial infarction.
J Am Coll Cardiol., 55 (2010), pp. 2383-2389
Copyright © 2014. Sociedade Portuguesa de Cardiologia
Idiomas
Revista Portuguesa de Cardiologia
Opções de artigo
Ferramentas
en pt

Are you a health professional able to prescribe or dispense drugs?

Você é um profissional de saúde habilitado a prescrever ou dispensar medicamentos

Ao assinalar que é «Profissional de Saúde», declara conhecer e aceitar que a responsável pelo tratamento dos dados pessoais dos utilizadores da página de internet da Revista Portuguesa de Cardiologia (RPC), é esta entidade, com sede no Campo Grande, n.º 28, 13.º, 1700-093 Lisboa, com os telefones 217 970 685 e 217 817 630, fax 217 931 095 e com o endereço de correio eletrónico revista@spc.pt. Declaro para todos os fins, que assumo inteira responsabilidade pela veracidade e exatidão da afirmação aqui fornecida.